O Ministério da Saúde está
financiando um estudo que tem como finalidade indicar as áreas e os públicos
prioritários a serem imunizados contra a dengue. O estudo integra as medidas
preparatórias para a introdução da vacina contra a doença no Brasil e conta com
recursos de R$ 5,3 milhões.
Um grupo de trabalho, formado por
técnicos do Ministério da Saúde, Anvisa e especialistas de diversas
universidades - como Escola Paulista de Medicina e Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP) - irá elaborar um plano para subsidiar o Ministério da Saúde na
definição das áreas e grupos etários para receber a vacina.
O estudo é dividido em três
partes, um inquérito soroepidemiológico, um de morbi-mortalidade e outro de
imunidade celular. O inquérito soroepidemiológico será realizado em 63 cidades
representativas das cinco regiões do país. O objetivo do inquérito é determinar
o grau de imunidade da população à infecção pelo vírus da dengue. Serão
coletadas cerca de mil amostras de sangue por cidade, na faixa etária de 1 a 20
anos. As amostras das outras faixas etárias serão obtidas na Pesquisa Nacional
de Saúde (PNS).
O trabalho de morbi-mortalidade
consiste em uma ampla revisão dos artigos e informações científicas sobre
dengue no Brasil publicadas em periódicos nacionais e internacionais. A meta é
coletar informações epidemiológicas para caracterizar a ocorrência, o perfil da
transmissão de dengue no país, reunindo informações adicionais sobre grupos
etários vulneráveis, taxas de letalidade e sorotipos circulantes.
Já a pesquisa de imunidade
celular será realizada em pessoas infectadas pelos sorotipos DENV 1, 2, 3 e 4.
O objetivo é avaliar a resposta imunológica desses pacientes e o
desenvolvimento dos casos graves da doença. Os trabalhos subsidiarão a
elaboração de modelos matemáticos que servirão como ferramenta para apoiar o
Ministério da Saúde na definição do público que receberá a vacina contra a
dengue. Todo o estudo deve estar concluído em dois anos.
TESTES - A vacina brasileira
contra a dengue, que já está em fase de testes em humanos, é desenvolvida pelo
Instituto Butantan, com o apoio do Ministério da Saúde. A expectativa é que o
imunobiológico seja administrado em uma única dose e combata os quatro
sorotipos da doença (1, 2, 3 e 4) já identificados no mundo. A técnica utiliza
o chamado vírus atenuado, isto é, o próprio vírus da dengue modificado, de
maneira que produz anticorpos na população, mas não desenvolve a doença. A
pesquisa pelo Instituto Butantan iniciou em 2006.
No mundo estão sendo testadas
sete vacinas. No Brasil, além do Butantan, o Instituto de Tecnologia em
Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também está
pesquisando uma nova vacina contra a dengue com apoio do Ministério da Saúde.
Os estudos são realizados desde 2009, em parceria com o laboratório privado
GSK. A previsão é que a vacina seja concluída no prazo de cinco anos.
INVESTIMENTOS - O Ministério da
Saúde tem investido fortemente em políticas para o controle da dengue. Com o
objetivo de intensificar as ações de vigilância e prevenção à doença, o
Ministério está dobrando o volume de recursos adicionais. Ao todo, serão
repassados a estados e municípios R$ 363,4 milhões.
O recurso extra representa um
acréscimo 110% em relação ao que foi transferido em 2012. No ano passado, foram
repassados R$ 173,3 milhões. Em contrapartida, os municípios precisam cumprir
metas como assegurar a quantidade adequada de agentes de controle de endemias,
garantir a cobertura das visitas domiciliares pelos agentes e realizar o LIRAa.
Além desse valor adicional, os
estados e municípios recebem anualmente recurso do Piso Fixo de Vigilância em
Saúde, destinado a ações de prevenção não apenas à dengue como também a outras
doenças, como malária, hanseníase, entre outras. Em 2013, o montante total do
piso foi de R$ 1,2 bilhão.
CUIDADOS - Aos primeiros sintomas
da dengue (febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos),
a recomendação do Ministério da Saúde é procurar o serviço de saúde mais
próximo e não se automedicar. Quem usa remédio por conta própria pode mascarar
sintomas e, com isso, dificultar o diagnóstico.
Para diminuir a proliferação do
mosquito, é importante que a população verifique o adequado armazenamento de
água, o acondicionamento do lixo e a eliminação de todos os recipientes sem
uso que possam acumular água e virar
criadouros do mosquito. Além disso, é essencial cobrar o mesmo cuidado do
gestor local com os ambientes públicos, como o recolhimento regular de lixo nas
vias, a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e borracharias.
Da Agência Saúde
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