Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem |
Uma pesquisa, divulgada hoje (30)
pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que 73,7% dos policiais
brasileiros são a favor da desvinculação do Exército. Entre os policiais
militares, 76,1% responderam ser favoráveis à desmilitarização e 93,6%
acreditam que é preciso modernizar os regimentos e códigos disciplinares.
Quando questionados sobre a
regulamentação do direito à sindicalização e de greve, 86,7% dos entrevistados
se dizem favoráveis. Para 87,3%, o foco de trabalho da Polícia Militar (PM)
deveria ser reorientado para proteção dos direitos da cidadania. Os dados
indicam ainda que 66,2% dos cerca de 21 mil entrevistados acreditam que as
carreiras policiais não são adequadas da maneira como estão organizadas; 80,9%
acreditam que as polícias deveriam ser organizadas em carreira única, com
ingresso por meio de concurso público, 58,3% acreditam que a hierarquia nas
polícias provoca desrespeito e injustiças profissionais e 86,2% afirmam que a
gestão deve ser mais eficiente.
De acordo com a pesquisa, 65,9%
disseram ter sofrido discriminação por serem policiais e 59,6% afirmaram já ter
sido humilhados ou desrespeitados por superiores. Outro dado mostra que 43,2%
acham que policial que mata um criminoso deve ser premiado e inocentado pela
Justiça e 83,7% afirmaram que um policial que mata suspeito deve ser investigado
e julgado.
Entre as dificuldades no
trabalho, 99% apontam os baixos salários, 98,2% o treinamento e formação
deficientes, 97,3% o contingente policial insuficiente e a falta de verbas para
equipamentos e armas. Foram citadas ainda as leis penais inadequadas (94,9%) e
a corrupção nas polícias (93,6%).
O coordenador do Fórum Brasileiro
de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, explicou que muitas vezes se
confunde a PM com polícia militarizada. “Os policiais disseram que isso é
importante para o trabalho da polícia, que é preciso ter regras, estar
parametrizado sobre o que podem ou não fazer. Eles querem autonomia, mas é
preciso modernizar o regulamento para que eles também tenham seus direitos
preservados”.
O professor de direito
constitucional da Fundação Getulio Vargas, Oscar Vilhena Vieira, lembrou que há
várias definições do que significa desmilitarização. “Não estamos dizendo que
tem que ter uma polícia sem hierarquia. Ela tem que ser hierarquizada,
uniformizada, e tem que ter um código disciplinar adequado e compatível com os
padrões democráticos que hoje existem. A desvinculação é das Forças Armadas e
não do Estado”.
Para a secretária nacional de
Segurança Pública, Regina Miki, nem sempre o que o policial quer dizer sobre o
termo desmilitarização contemplará o que a sociedade espera disso, por isso o
debate tem que ser muito benfeito. “Talvez, tenhamos mudanças internas na
polícia e a sociedade não fique contente. Os policiais de base e a cúpula
certamente enxergam de forma distinta a desmilitarização por diversas razões.
Certamente, até mesmo nas corporações não têm consenso”.
A pesquisa ouviu 21.101 policiais
militares, civis, federais, rodoviários federais, bombeiros e peritos criminais
em todos os estados, de 30 de junho a 18 de julho.
Agência Brasil
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