A Polícia Federal investiga junto
ao FBI a atuação da Gangue do Boleto, que teria fraudado cerca de 496 mil
boletos entre fevereiro e maio deste ano no Brasil. De acordo com a PF, a maior
parte das faturas tem valor de R$ 1.500, e 192 mil computadores foram
infectados no período investigado, dando um prejuízo de R$ 8,6 bilhões.
A suspeita é que a Gangue do
Boleto opera pela internet a partir dos EUA com ramificações no Brasil e se
conecta aos computadores por um vírus batizado de bolware. O vírus é enviado
por e-mail e tem como assuntos prediletos supostas cobranças, intimações da
polícia, atualizações de bancos ou mensagem do tipo “veja nossas fotos”, da
direção do Enem dizendo que a inscrição está errada, do plano de saúde com
pagamento atrasado ou não, da Receita Federal sobre pendência do imposto de
renda e, com as eleições se aproximando, da Justiça Eleitoral.
Uma vez infectados, os
computadores são monitorados à distância. Ao clicar nos arquivos anexos, o
usuário permite a instalação do vírus. Toda vez que um código de boleto é
digitado ou identificado, a quadrilha intercepta o pagamento e o desvia para
suas contas. O vírus não invade a conta-corrente nem o sistema de geração de
boletos das lojas. A fraude se dá na transmissão de dados no computador
infectado.
No último mês de agosto, cerca de
nove alunos da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) foram vítimas do
golpe. Eles realizaram o pagamento de mensalidades ou matrículas e foram
surpreendidos pela ausência de seus nomes nas atas de presença das aulas. A mãe
de um desses alunos afirmou à época à reportagem da Folha de Pernambuco que a
instituição de ensino demorou alguns dias para localizar a falta de registro do
depósito realizado via Itaú, que é o banco oficial da universidade.
A Polícia Federal aconselha a
atualização frequente de “um bom antivírus” e que não seja aberto nenhum anexo
com mensagens dos tipos citados na matéria. Para escapar do golpe na primeira
situação é mais difícil se proteger porque o código é escondido e alterado só
aparecendo na tela depois da confirmação do pagamento, caso tenha dúvida a
respeito de sua máquina está infectada ou não é melhor procurar um técnico em
informática para limpar a máquina e optar pelo caixa eletrônico.
Já na segunda situação o
internauta deverá ligar para loja e conferir o código de barras antes de pagá-lo
ou conferir se o código do banco foi alterado juntamente com alinha digitável e
atentar se o código de barras possui espaços em branco. Transações feitas por
Débito Direto Autorizado (DDA) é uma boa opção, porque as informações são
checadas em tempo real pelo próprio sistema do banco.
Os boletos representam atualmente
4,5% do volume de pagamentos e 3% do total de fraudes em 2013, segundo a
associação dos bancos, Febraban. O boletos são a segunda forma de pagamento
mais usada no Brasil - atrás apenas dos cartões de crédito. Uma pesquisa feita
por uma das maiores empresas de tecnologia do mundo mostra que os golpes pela
internet provocam um prejuízo de US$ 5 bilhões por ano no mundo. No Brasil, 14%
dos brasileiros afirmam que já caíram em uma fraude dessas. O crime cibernético
já é o terceiro que mais causa prejuízo no mundo (445 bilhões de dólares
somente em 2013), ficando atrás do narcotráfico e da falsificação de marcas e
propriedade intelectual.
Folha PE
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