A desconfiança diante das
instituições públicas do País faz com que 81% dos brasileiros concordem com a
afirmação de que é "fácil" desobedecer às leis. O mesmo porcentual de
pessoas também tem a percepção de que, sempre que possível, os brasileiros
escolhem "dar um jeitinho" no lugar de seguir as leis.
Os dados são de uma pesquisa
feita pela Fundação Getúlio Vargas para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública
e revelam ainda que 32% da população confia no Poder Judiciário. Já a confiança
na polícia fica um ponto porcentual acima, com 33%. Apesar de baixos, esses
índices já foram menores - 29% e 31% respectivamente - em pesquisa anterior.
O levantamento mostra ainda que a
ruptura entre os cidadãos e as instituições públicas ligadas à Justiça leva 57%
da população a acreditar que "há poucos motivos para seguir as leis do
Brasil", segundo o levantamento. "Isso está relacionado à
desconfiança que as pessoas têm no comprimento das leis", explica a
pesquisadora da FGV Luciana Ramos.
O Índice de Confiança na Justiça
Brasileira (ICJBrasil) está em sua 8ª edição e será apresentado, na
íntegra,nesta terça-feira (11). Ele faz parte do Anuário Brasileiro de
Segurança Pública. A pesquisa ouviu 7,1 mil pessoas em oito Estados, de abril
de 2013 a março de 2014. Elas foram convidadas a assinalar desde "discordo
muito" a "concordo muito" nas afirmações propostas.
Os moradores do Distrito Federal
foram os que mais disseram acreditar na saída do "jeitinho" como
regra nas relações. No total, 84% dos brasilienses disseram concordar ou
concordar muito com a afirmação. Quem menos acredita no desrespeito às regras
são os baianos, mas ainda assim, a porcentagem é alta: 71% deles responderam
que concordavam com a percepção de que todos dão "um jeitinho",
sempre.
A pesquisa também fez um corte
por renda. Quanto maior o rendimento da pessoa, mais alta é a sensação de que
as leis não são cumpridas. De acordo com o estudo, 69% dos entrevistados que
ganham até um salário mínimo concordaram que o "jeitinho" é a regra,
porcentual que cresce para 86% na população que ganha mais de oito salários
mínimos.
Já sobre a polícia, a renda não
influencia a má avaliação. Entre as pessoas que ganham até um salário mínimo,
52% concordam que "a maioria dos policiais é honesta". Para quem
ganha oito salários ou mais, o porcentual é de 50%.
Luciana, no entanto, lembra que
nem Justiça nem polícia são bem avaliadas. "Se a polícia faz algo muito
errado, isso reflete rapidamente na população, na confiança que se tem da
polícia. No Judiciário, como as coisas são muito mais demoradas, esse erro
demora mais, não tem reflexo imediato na confiança. Na minha opinião, acho que
isso é o que conta."
Impunidade
Para o aposentado Carlos Afonso
Santos, de 87 anos, a impunidade faz com que as pessoas também passem a
desafiar as leis. "Se não tem punição para dar exemplo e fiscalização, a
sensação para quem faz algo errado é de que nada vai acontecer", afirmou
Santos.
Estadão Conteúdo
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