Foto: Arquivo/ Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
Em 2014, 129 jornalistas
brasileiros sofreram agressões no exercício da profissão no país. O número é
menor que o de 2013, quando houve 181 casos, mas o número de assassinatos
aumentou. Enquanto no ano anterior dois profissionais foram assassinados, no
ano passado o total de vítimas fatais chegou a três.
Os números constam do Relatório
de Violência e Liberdade de Imprensa, produzido pela Fenaj (Federação Nacional
dos Jornalistas). Também foram mortos três radialistas e um blogueiro, mas o
relatório não computa esses casos porque não pertencem à mesma categoria dos
jornalistas.
De acordo com o relatório, a
maior parte das agressões a jornalistas ocorreu durante as manifestações
populares, repetindo o que já havia ocorrido em 2013. "Neste ano, 65
jornalistas foram agredidos durante manifestações de rua, número inferior ao
registrado em 2013, quando 143 jornalistas sofreram agressões, mas ainda assim
é um número alarmante, visto que representa a metade do total (50,39%) de
casos", informou a Fenaj.
Além das agressões durante os
protestos, a federação computou outros 17 casos de agressões físicas, 7 de
agressões verbais, 11 casos de ameaças e/ou intimidações, 2 casos de assédio político,
2 atentados e um 1 explícito de censura interna, além de 3 ocasiões em que
jornalistas foram impedidos de exercer suas atividades e 3 detenções.
Ainda houve, em 2014, 12 casos de
cerceamento à liberdade de expressão por meio de ações judiciais. "Por ser
ano de eleições gerais no país, partidos e candidatos recorreram à Justiça para
tentar impedir a circulação de conteúdos, principalmente na internet. A Abraji
(Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), numa parceria com o
Google, contabilizou cerca de 190 ações judiciais, a maioria delas contra o
próprio Google, tratando de propaganda eleitoral e não da divulgação de
informações jornalísticas."
O relatório aponta que a maior
parte das vítimas foram repórteres fotográficos e cinematográficos facilmente
identificáveis pelos equipamentos de trabalho que carregam.
A Fenaj diz ainda que os policiais
militares foram responsáveis por 62 casos de violência contra a categoria
-48,06% do total-, notadamente durante os protestos.
Os manifestantes aparecem em
segundo lugar junto com políticos (ou seus prepostos e parentes) que
historicamente figuravam no topo da lista, com 16 agressões cada.
LIBERDADE DE IMPRENSA - A Fenaj
afirma, no relatório, que a segurança dos jornalistas é fundamental para a
garantia das liberdades de expressão e de imprensa, e que ameaças e/ou
amedrontamentos limitam a capacidade de informar a sociedade.
"Não há verdadeiramente
liberdade de expressão onde os jornalistas não têm liberdade para produzir e
difundir informações de interesse público."
CASOS - Um dos jornalistas mortos em 2014 é o
repórter cinematográfico da Bandeirantes Santiago Andrade atingido por um rojão
no Rio lançado por um manifestante em 6 de fevereiro. Os responsáveis respondem
a processo criminal. Também foram mortos os jornalistas Pedro Palma, do Rio, e
Geolino Lopes Xavier, conhecido como Geo, da Bahia, ambos vítimas de crime com
características de assassinatos por encomenda, segundo a Fenaj.
"A impunidade nos casos de
crimes contra jornalistas, aliás, é o mais grave problema a ser enfrentado.
Pouco mais da metade das agressões ocorridas em 2014, foram praticadas por
policiais e manifestantes, durante protestos de rua. Com exceção do caso de
Santiago Andrade, todos os demais agressores sequer foram identificados",
diz a entidade.
REGIÕES- Região em que mais
ocorreram protestos em 2014, o Sudeste concentra também a maior parte de casos
de violência contra jornalistas -72, ou 55,81% do total. A região Nordeste foi
a segunda mais violenta, com 24 casos, seguida por Sul (16) Norte (10) e
Centro-Oeste (7).
Da Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário