A conta nunca foi tão necessária:
se o preço do litro de etanol for equivalente a até 70% do preço do da
gasolina, vale mais a pena optar pelo álcool. O consumidor aprendeu isso desde
a popularização dos carros tipo flex, que aceitam os dois tipos de
combustíveis. Entretanto, com o recente aumento no valor da gasolina, a melhor
escolha pode mudar de um posto para o outro. Ontem, o governo atendeu ao pleito
do setor sucroalcooleiro e autorizou o aumento de 25% para 27% da quantidade de
álcool na gasolina, o que deve provocar ainda mais oscilação nos preços.
“O consumidor vai ter que ficar muito ligado
na conta. O mercado ainda não absorveu os novos preços, é preciso observar
bem”, avalia o o diretor-presidente do SindiCombustíveis Pernambuco, Alfredo
Ramos. Com o aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis que passou a valer desde
o último dia 1º, Ramos acredita que a procura por etanol pode aumentar nos postos.
“Um preço mais competitivo pode fazer com que o consumidor opte pelo mais
econômico no momento”, afirma Ramos. Mas aqui surge um porém: com a procura
intensa pelo álcool, é muito provável que seu preço aumente, chegando perto do
da gasolina. Isso já aconteceu no passado. É mais um motivo para fazer a
continha.
Desde domingo, postos que vinham
trabalhando com um preço médio de R$ 2,79 por litro de gasolina, passaram para
uma média de R$ 3,29, uma diferença de cinquenta centavos – uma das maiores altas
no País – que mexeu com a cabeça e o bolso dos consumidores. “Nem enchi o
tanque. Coloquei apenas R$ 50 pois esse preço é um absurdo. Além do combustível
não ser de qualidade, os carros consomem muito”, afirma o servidor público
Fernando Fonseca.
Procurar o posto com o preço mais
barato é o conselho do coordenador-geral do Procon estadual, José Rangel.
Atualmente, a Região Metropolitana do Recife conta com 450 postos de
combustível e Pernambuco, com 1.300, que recebem combustível de 17
distribuidoras diferentes. “O consumidor deve levar em consideração o quanto
consome e qual tipo de uso que faz do veículo – se roda mais pela cidade ou na
estrada”, afirma o coordenador. O etanol é menos poluente e mais barato, mas
possui um rendimento por quilômetro menor do que a gasolina. “A perspectiva é
de um ano difícil e o cidadão deve avaliar bem o impacto de certos custos nos
seus rendimentos. Se o combustível estiver muito caro, talvez seja melhor
buscar outras opções de transporte.”
A nova elevação dos preços representou
um acréscimo de R$ 0,22 no litro da gasolina e R$ 0,15 no diesel vendidos aos
postos e repassados ao consumidor. A partir de 1º de maio, passará a incidir
sobre o preço da gasolina R$ 0,12 a mais de PIS/Cofins e R$ 0,10 de
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que volta a ser
cobrada. “A expectativa é que com isso, o PIS/Cofins volte para o índice
anterior. Mas é algo que só saberemos quando o tempo chegar”, completa Ramos.
Para o presidente do Sindicato da
Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato
Cunha, 2015 pode ver um aumento no consumo de álcool hidratado para os veículos
flex, que são mais de 90% do mercado. “No ano passado, a relação de preço entre
etanol e gasolina variava entre 80% e 85%, e agora já caiu para uma média entre
65% e 72%. O encarecimento da gasolina possibilitou um maior uso do álcool que
pode se estender pelos próximos meses”, acredita Cunha. Sobre uma possível alta
de preço por causa da demanda, o Sindaçúcar-PE garante que existe estoque para
atender a procura. “O Brasil tem atualmente o suficiente para cerca de três
meses, sendo que uma nova safra vai começar no Centro-Sul do País já em abril.
Essa ‘folga’ traz uma estabilidade para o valor do litro que é benéfica para o
consumidor”, garante.
Jornal do Commercio
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