Eles tinham uma paixão, um sonho e muita vontade. Esses eram
todos os ingredientes dos quatro idealizadores de um projeto grandioso: fazer
um supercarro na Paraíba. Eles nunca trabalharam efetivamente com a construção
de carros, mas tiveram vontade e conseguiram fazer uma picape de luxo, a XK
Mirage.
Essa turma é da cidade de Mamanguape, na Zona da Mata
paraibana. Os participantes do projeto tinham em comum o gosto pelas quatro
rodas, então se reuniram e decidiram montar o veículo. O idealizador é Virgílio
Ribeiro. Foi ele que provocou os demais a encararem o desafio. A história mesmo
começou com a confecção inicial do modelo em 2004, que somente ficaria pronto
no fim de 2012.
É de se observar que uma marca automobilística leva em média
cinco anos na construção de um carro e gasta muita grana para isso, mas eles
conseguiram em pouco mais de sete anos realizar a proposta bem ousada e
gastando bem menos. O custo real eles não têm dimensão já que saíram rateando
tudo entre os componentes da equipe e comprando produto por produto de pouco em
pouco, mas o orçamento passa facilmente dos R$ 500 mil.
“Este automóvel foi feito com recursos limitados, com apenas
uma pessoa confeccionando as peças, outra guiando todo o projeto e dois
consultores”, destacou Virgílio. Além dele, os outros integrantes são o
engenheiro e construtor do carro Paulo Barbosa, o co-designer e responsável pelo
marketing Darwin Ribeiro, e o co-designer Lamark Ribeiro.
Os caras pegaram uma picape Ford F1000 XK Deserter e
começaram por aí toda a história. Do carro, ficaram somente o chassi e as fotos
para fazer o antes e depois: tudo foi inteiramente arrancado. Também foi
herdado do carro antigo o nome. XK, que faz parte do novo nome, é uma
referência do carro da Ford.
“No meio do trabalho pensávamos o tempo inteiro se valeria a
pena. Teve um momento no qual olhamos para o que estava feito e pensamos que
não teria mais volta. O antigo carro antes da transformação era um bom carro,
bem conservado, e vê-lo sendo cortado por inteiro dava um certo dó. O projeto
não tinha cara formada. Começou e recomeçou inúmeras vezes, mas agora depois do
sufoco, vemos que valeu todo o esforço e empenho”, explicou Darwin.
Até a motorização, e claro não podia ser diferente, foi
totalmente modificada. Foi usado um motor da MWM, que depois de modificado
ficou com 180 cavalos de potência. A lataria é de chapa metálica e não de fibra
de vidro, tudo feito em tornearia e funilaria na própria cidade de Mamanguape
sem luxo, apesar de o resultado ser luxuoso. A proposta era fazer um carro
esportivo e confortável, por isso, as linhas foram totalmente refeitas, os
vidros reduzidos e as portas aumentadas para dar um ar de agressividade. As
saídas laterais de ar e os frisos do teto são de inox, material inusitado para
o segmento dos esportivos. O teto, aliás, teve mantidos os vincos paralelos da
XK.
“O intuito sempre foi fazer um carro agressivo que
continuasse sendo picape, mas com visual de carro esportivo”, esclareceu o
engenheiro do projeto, Paulo. O veículo ficou 30 centímetros maior que o carro
original e entrou para a hall dos de grande porte. A roda de 20 polegadas super
esportiva parece pequena neste gigante. Uma coisa interessante é a frente, que
abre em conjunto como um caminhão. O falso vinco entre o capô e o para-choque
engana, faz parecer que os itens são desintegrados.
Os faróis dianteiros se assemelham aos do Palio e a grande
da frente é robusta. Dentro da máquina o conforto é garantido e bem diferente
do carro original. A ideia de console central foi mantida, mas ganhou os
comandos de vidro elétrico e um câmbio sequencial. Os bancos em couro, o
volante de carro de corrida, o painel moderno e os tapetes em ferro deixam o
carrão ainda mais esportivo.
Nos bancos traseiros cabem três pessoas com bastante folga e
como a estrutura é alta por causa do carro antigo, os passageiros ficam
sentados com as pernas no ângulo de 90°, pois a altura entre banco e piso é
grande. Há saídas de ar-condicionado para trás, tela de LCD de 12 polegadas no
teto, encosto de cabeça nos três bancos, cinto de três pontos para todos os
passageiros e outros acessórios.
Uma página especial em uma rede social do projeto tem mais
de três milhões de acesso e muitos elogios aos paraibanos que mostraram que
brasileiro também sabe fazer carro, algo antes somente proposto por Gurgel nos
anos 60. Tudo foi feito no quintal de casa, da nossa casa Paraíba. O carro só
tem uma unidade fabricada, mas vamos torcer para que mais projetos loucos como
este se tornem realidade.
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