DILMA CHEGA COM A CRISE - Em meio a um cenário de incertezas, de
agravamento da crise nacional, a presidente Dilma cumpre agenda, amanhã, no
Estado, participando da inauguração da Fiat, em Goiana. Desembarca na base
aérea no final da manhã e de lá segue de helicóptero para o complexo industrial
da montadora.
Líderes de movimentos que
organizam as manifestações de rua se organizam para promover um ato contra a
presidente, mas dificilmente terão êxito, porque a solenidade será fechada, com
poucos tendo acesso, como convidados especiais e trabalhadores da empresa, que
devem fazer o palanque para ela falar.
Uma fala sem novidades diante de
um governo que envelheceu antes do tempo. A face mais visível, diante dos
escândalos de corrupção que parecem não ter fim, é a paralisia. Pior: o desemprego
bate na porta dos brasileiros e as projeções de crescimento para 2015 são as
piores possíveis.
O país do “governo novo, ideias
novas”, vendido durante a campanha eleitoral, não conseguiu espantar o fantasma
da inflação. Medidas impopulares foram tomadas diante da necessidade de ajuste
urgente das contas. Com o cinto mais apertado, as ruas, inflamadas pela
oposição, já começaram a mandar o recado. A presidente também enfrenta
dificuldades para convencer até os aliados.
A Central Única dos Trabalhadores
(CUT) criticou os tarifaços de luz, água e combustíveis. No plano político, o
diálogo com a outra metade do Brasil, prometido por Dilma em discurso logo após
a divulgação do resultado da eleição, não aconteceu. A presidente “que não
escuta ninguém” se isolou ainda mais. Diante das crescentes denúncias de
corrupção, mergulhou.
Dilma saiu da toca, mas ainda não
conseguiu colocar em prática o plano de recuperação de sua popularidade.
Cientistas políticos apontam que a presidente falhou ao escolher como principal
interlocutor político alguém controverso como o chefe da Casa Civil, Aloizio
Mercadante. Alegam que falta articulação política para flexibilizar as
importantes relações com o Congresso Nacional.
A falta de habilidade e a inação
do governo levou a presidente a derreter nas avaliações de popularidade. Na
mais recente pesquisa de opinião, ela apareceu com uma avaliação negativa de
64%. A lama de corrupção que desgastou o fim do primeiro mandato de Dilma e
quase custou sua reeleição, após revelações bombásticas do ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, se
avolumou.
A bola de neve dos desvios
bilionários na maior estatal do País, impulsionada por novas informações sobre
doações de campanha provenientes de propina, causou a paralisia completa do
governo e inflamou o desejo oposicionista de tentar o impedimento da
presidente. O slogan “governo novo, ideias novas”, repetido exaustivamente
durante a campanha eleitoral, foi engolido pelo fantasma da corrupção que tem
assombrado o Planalto.
A cada dia, novas revelações
minam a base aliada do governo e o balanço negativo da Petrobras, de R$ 21
bilhões, dos quais R$ 6 bilhões sangrados pelos esquemas de corrupção,
fragilizaram ainda mais a presidente e o seu Governo, enquanto no Congresso a oposição
se divide em relação a encontrar o momento adequado para pedir o impeachment.
RECEIO DE VAIA – Ministros mais próximos e que gozam da intimidade
com a presidente Dilma se dividem em relação ao pronunciamento em rede nacional
de TV no 1º de maio, dia do trabalhador.
Uns avaliam que se não fizer, ou se for vaiada, será um escândalo. Mas
outros não têm medo de vaia, principalmente ministros petistas, que já gravaram
para o programa nacional de televisão no dia 11 de maio.
ARMANDO NO PSD – Ocorrendo de fato a fusão do DEM ao PTB, o
ministro Armando Monteiro trabalha com duas alternativas partidárias: o PDT, já
oferecido pela direção nacional, e o PSD, do ministro Kassab, tocado no Estado
hoje pelo secretário de Cidades, André de Paula. Aos aliados, Armando diz que
trabalhará contra a fusão para permanecer com o controle do PTB.
GERAÇÃO DE EMPREGO – O governador Paulo Câmara comemora o início
das atividades da Fiat no Estado. “Vamos inaugurar a fábrica tão sonhada por
todos os pernambucanos. Uma fábrica moderna, que vai produzir 250 veículos por
ano e também trazer com ela um centro de excelência, um centro de formação,
contratando mais de mil engenheiros”, observa.
OBRAS PARADAS – Na passagem por Pernambuco, Dilma vai ser
pressionada a sinalizar sobre obras e projetos do PAC parados. O problema não
se resume à Mata Norte, com o Arco Metropolitano, que deve anunciar e ao Grande
Recife. Projetos de grande porte, como a Transposição do São Francisco, a
Transnordestina, as Adutoras do Agreste e do Pajeú, seguem travados e com
previsões de conclusão cada vez mais distantes.
FUNDOS DE PENSÃO – O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça
Filho, vai insistir ao longo desta semana na CPI dos Fundos de Pensão.
"Muitos servidores contribuíram durante décadas e agora são surpreendidos
com descontos a título de taxa extra para cobrir rombos bilionários. Essas
histórias nebulosas precisam ser passadas a limpo", avalia. De acordo com
o democrata, só no Petros, da Petrobras, e no Postalis, dos Correios, o déficit
chega a R$ 12 bilhões, valor equivalente ao orçamento anual do Programa de
Financiamento Estudantil (FIES).
CURTAS
AÇÃO – Presidente estadual do PT, a deputada Teresa Leitão entrou
com uma representação no Ministério Público do Estado contra o Governo Paulo
Câmara pela decisão de afastar professores em escolas de referência que
aderiram ao movimento grevista. A greve entra na terceira semana, mas o Governo
diz que a paralisação é parcial e já decretada ilegal.
DISTRITAL– Os partidos médios de esquerda com representação no
Congresso preferem manter o sistema de voto proporcional com coligação. Para
eles, o pior seria o distrital misto. Citam São Paulo. No sistema proporcional,
ou no distritão, disputam 70 vagas; no distrital misto, serão 35.
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