domingo, 5 de abril de 2015

'Museu Memorial Sonho de Pedra' é preparado pela família Pacheco

Foto: Alessandra Costa/ G1)
Arquiteta que assina projeto também é figurinista da Paixão de Cristo.

Neta de Diva e Plínio, ela traça paralelo entre produção inicial e atual.

Cerca de 5 mil peças fazem parte do acervo que deverá compor o Museu Memorial Sonho de Pedra, assim que for construído pela família Pacheco em Fazenda Nova, distrito de Brejo da Madre de Deus, Agreste de Pernambuco. A arquiteta Marina Pacheco assina o projeto, mas, por enquanto, assim como o nome, a obra é um sonho, não há previsão para início.

Até lá, no entanto, as artigos e histórias que estarão no espaço não param de surgir. Marina Pacheco também está engajada nisso: é figurinista da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e responsável pela renovação de vestimentas e adereços do espetáculo do intitulado “maior teatro ao ar livre do mundo”. Com apenas 23 anos de idade, desde os 18 ela assumiu o comando da equipe e, a partir de 2014, acolheu as funções que exerce atualmente.

Porém, a jovem afirma contar com um elemento essencial: para ela, um "presente" deixado pelos avós, Diva e Plínio Pacheco. A tradição e o talento no comando do figurino perpassam gerações. “A minha escola foi aqui e acredito que dom a gente nasce com ele. Os primeiros figurinistas foram a minha avó e o tio Vi [Victor Moreira, 81 anos], depois veio minha tia Xuruca e, quando assumi, fui em busca de referências, de conhecer detalhes de como tudo foi feito. Ele [o tio] pôde me responder o que eu gostaria de ter perguntado aos meus avós”.

Victor Moreira era “grande referência na década de 1970, cobria semanas de moda em Paris, atuava na área de moda, teatro e cinema em estados como Ceará e São Paulo, por exemplo”, ainda segundo Marina. Ele se aposentou, por um tempo até se afastou, mas decidiu voltar ao teatro. Sobre o encontro de gerações diferentes, ela diz: “Quando as ideias divergem, a gente tenta chegar a um consenso”.

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O trabalho de planejamento do espetáculo inicia logo após o término de cada temporada. No mês de agosto, eles já iniciam a pegar na matéria e, em dezembro, a cortar e costurar. Como os dois residem no Recife, os encontros são constantes. “A gente trabalha o ano inteiro, pensando, projetando, vendo referências. Hoje, se tem um material muito maior à disposição, a tecnologia nem se fala, e é isso que faz a gente poder evoluir. Na época, eles contavam apenas com livros e o cinema. Precisavam guardar as imagens e referências na mente”.

Para a composição do figurino de cada personagem tudo é pensado. “A barba do Rei Herodes tem uma coloração degradê, com três tons. Nela, também há tranças, pingentes e tecidos brocados pendurados”, explica Marina. Os acessórios adequados e a coloração dos tecidos também são estudados. “Trouxemos joias do Oriente, além de helmos e capacetes de Roma. No caso dos helmos, há vários modelos que identificam a época em que o soldado viveu e a patende de cada um deles. Os que confeccionamos são em fibra, mas tentamos caracterizá-los da forma mais próxima possível”.

Mudanças

De 2014 para 2015, foram recicladas e substituídos figurinos como os de Jesus, Maria de Nazaré, Maria Madalena, Herodes e Corte, demônios e soldados romanos. "Tento inovar, mas também preservar as características deixadas pela minha avó, que era muito católica e buscava referências de cores e outros elementos nas imagens usadas nos altares das igrejas, diferente das mostradas em peças como as de Caravaggio, Leonardo da Vinci e outros pintores renascentistas. Busco o tecido ideal, técnicas de coloração e envelhecimento, tudo para auxiliar a atuação, pois quando você coloca o figurino adequado, faz o ator crescer em cena", exemplifica.

DO G1/pe

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