Foto: Alessandra Costa/ G1) |
Arquiteta
que assina projeto também é figurinista da Paixão de Cristo.
Neta
de Diva e Plínio, ela traça paralelo entre produção inicial e atual.
Cerca
de 5 mil peças fazem parte do acervo que deverá compor o Museu Memorial Sonho
de Pedra, assim que for construído pela família Pacheco em Fazenda Nova,
distrito de Brejo da Madre de Deus, Agreste de Pernambuco. A arquiteta Marina
Pacheco assina o projeto, mas, por enquanto, assim como o nome, a obra é um
sonho, não há previsão para início.
Até
lá, no entanto, as artigos e histórias que estarão no espaço não param de
surgir. Marina Pacheco também está engajada nisso: é figurinista da Paixão de
Cristo de Nova Jerusalém e responsável pela renovação de vestimentas e adereços
do espetáculo do intitulado “maior teatro ao ar livre do mundo”. Com apenas 23
anos de idade, desde os 18 ela assumiu o comando da equipe e, a partir de 2014,
acolheu as funções que exerce atualmente.
Porém,
a jovem afirma contar com um elemento essencial: para ela, um
"presente" deixado pelos avós, Diva e Plínio Pacheco. A tradição e o
talento no comando do figurino perpassam gerações. “A minha escola foi aqui e
acredito que dom a gente nasce com ele. Os primeiros figurinistas foram a minha
avó e o tio Vi [Victor Moreira, 81 anos], depois veio minha tia Xuruca e,
quando assumi, fui em busca de referências, de conhecer detalhes de como tudo
foi feito. Ele [o tio] pôde me responder o que eu gostaria de ter perguntado
aos meus avós”.
Victor
Moreira era “grande referência na década de 1970, cobria semanas de moda em
Paris, atuava na área de moda, teatro e cinema em estados como Ceará e São
Paulo, por exemplo”, ainda segundo Marina. Ele se aposentou, por um tempo até
se afastou, mas decidiu voltar ao teatro. Sobre o encontro de gerações
diferentes, ela diz: “Quando as ideias divergem, a gente tenta chegar a um
consenso”.
Edição
seguinte
O
trabalho de planejamento do espetáculo inicia logo após o término de cada
temporada. No mês de agosto, eles já iniciam a pegar na matéria e, em dezembro,
a cortar e costurar. Como os dois residem no Recife, os encontros são
constantes. “A gente trabalha o ano inteiro, pensando, projetando, vendo
referências. Hoje, se tem um material muito maior à disposição, a tecnologia
nem se fala, e é isso que faz a gente poder evoluir. Na época, eles contavam
apenas com livros e o cinema. Precisavam guardar as imagens e referências na
mente”.
Para
a composição do figurino de cada personagem tudo é pensado. “A barba do Rei
Herodes tem uma coloração degradê, com três tons. Nela, também há tranças,
pingentes e tecidos brocados pendurados”, explica Marina. Os acessórios
adequados e a coloração dos tecidos também são estudados. “Trouxemos joias do
Oriente, além de helmos e capacetes de Roma. No caso dos helmos, há vários
modelos que identificam a época em que o soldado viveu e a patende de cada um
deles. Os que confeccionamos são em fibra, mas tentamos caracterizá-los da
forma mais próxima possível”.
Mudanças
De
2014 para 2015, foram recicladas e substituídos figurinos como os de Jesus,
Maria de Nazaré, Maria Madalena, Herodes e Corte, demônios e soldados romanos.
"Tento inovar, mas também preservar as características deixadas pela minha
avó, que era muito católica e buscava referências de cores e outros elementos
nas imagens usadas nos altares das igrejas, diferente das mostradas em peças
como as de Caravaggio, Leonardo da Vinci e outros pintores renascentistas.
Busco o tecido ideal, técnicas de coloração e envelhecimento, tudo para
auxiliar a atuação, pois quando você coloca o figurino adequado, faz o ator
crescer em cena", exemplifica.
DO
G1/pe
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