segunda-feira, 6 de abril de 2015

Paulo Câmara chega a 100 dias de governo em semana turbulenta

Marca pode ser "manchada" por greve dos professores da rede estadual

Paulo completará 100 dias de governo esta semana / Aluisio Moreira/Divulgação Governo do Estado
A gestão Paulo Câmara (PSB) chegará ao centésimo dia na próxima sexta-feira sob fogo cruzado. Na semana em que completará cem dias à frente do Estado, o socialista precisará enfrentar uma paralisação dos professores da rede estadual programada para os dias 8 e 9. No dia 10, os docentes farão uma assembleia para avaliar a possibilidade de greve – que seria a primeira do novo governo.

Esses, no entanto, não são os únicos obstáculos com que Paulo Câmara se deparou desde que tomou posse como governador no dia 1º de janeiro. De lá para cá, a administração socialista vivenciou rebeliões em presídios, com mortes de detentos e de um policial, críticas à Parceria Público-Privada (PPP) da Arena Pernambuco, aumento no número de homicídios e viu os gastos com a folha de pagamento ultrapassarem o limite prudencial recomendado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Diante de tantos fatos negativos, Paulo tentou se movimentar. Foi a Brasília para audiências com ministros na tentativa de liberar recursos e integrou uma comitiva de governadores do Nordeste que se reuniu com a presidente Dilma Rousseff (PT) com o mesmo objetivo. Ele também prosseguiu com as negociações iniciadas por Eduardo Campos para implantar um centro de distribuição da Toyota em Suape e assinou o protocolo de intenções que aproxima a multinacional de Pernambuco.

O governador também mostrou serviço ao autorizar a terceira versão do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM) e o início do Escritório de Projetos, ações que ajudarão as prefeituras com dinheiro e conhecimento para a captação de recursos. O FEM 3 foi anunciado em março durante a abertura do 2° Congresso Pernambucano de Municípios e irá disponibilizar R$ 263 milhões para as prefeituras empregarem em obras.

Nesses cem dias de gestão, Paulo também assinou diversas obras de serviço como forma de cumprir a promessa feita logo após a posse, de que iria priorizar as obras inacabadas das gestões Eduardo Campos e João Lyra (PSB). Apesar disso, o socialista não conseguiu tirar do papel alguns compromissos assumidos este ano. Em janeiro, o governador foi a Goiana, na Mata Norte, e garantiu que a emergência pediátrica do Hospital Belarmino Correia estaria pronta dentro de 60 dias. O prazo já foi alongado pela Secretaria de Saúde para 120 dias. Já a inauguração do túnel da Abolição, no Recife, prevista para março, foi reprogramada por duas vezes e ainda não há uma data certa para ocorrer.

A ordem no governo é não colocar foco nos 100 dias de governo. De acordo com o secretário de Planejamento e Gestão, Danilo Cabral, a preocupação do governador é muito mais em resolver os problemas do Estado nos quatro anos que terá pela frente.

TRABALHO VAI ATÉ A MADRUGADA

Em 1951, quando governou o Brasil pela terceira vez, o então presidente Getúlio Vargas criou um grupo de trabalho paralelo ao ministério que ficou conhecido como “boêmios cívicos”. A denominação se dava pelo fato dos auxiliares do presidente trabalharem até boa parte da madrugada. Algumas décadas depois, Paulo Câmara (PSB) também tem os seus “boêmios cívicos” e ele mesmo pode ser considerado parte do grupo.

Desde 1º de janeiro, a rotina de Paulo tem sido a de chegar cedo ao Palácio do Campo das Princesas e sair tarde. Pessoas próximas ao socialista afirmam que ele deixa a sede do governo no mínimo às 21h. O normal, no entanto, é o horário de trabalho se estender até a madrugada, o que vale também para o “núcleo duro” da gestão: Casa Civil, Administração, Fazenda, Planejamento e Assessoria Especial.

Em um dia considerado normal no Palácio do Campo das Princesas, Paulo costuma conceder audiências até às 21h. Depois desse horário, segundo uma fonte socialista, vem o momento que o governador mais gosta. “Após atender as pessoas, ele fala: agora vou trabalhar, pegar nos números, nas contas”, detalha um governista.

Outra fonte próxima ao governador afirma que as principais características de Paulo no trato com os auxiliares são a objetividade e leveza. O socialista não gosta de perder tempo em conversas e também não costuma levantar a voz por mais que o assunto em discussão seja espinhoso. Essa tranquilidade é apontada como um diferencial em relação ao ex-governador Eduardo Campos, conhecido pelas cobranças veementes aos secretários com direito a murros na mesa e gritos.

Jornal do Commercio 

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