sábado, 20 de agosto de 2011

Fábrica da Fiat repetirá estaleiro de Suape e exigirá importação de mão de obra, diz estudo

O alerta foi feito pelos economistas Tania Bacelar, Jorge Jatobá, Tarcísio Patrício, Valdeci Monteiro, Aldemir do Vale e Leonardo Guimarães, sócios diretores da Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento.
Os grandes investimentos que chegam ao Nordeste e, particularmente, a Pernambuco, enfrentam o enorme desafio de encontrar mão de obra qualificada ou com um nível escolar que lhe dê condições de ser treinada.
Para o início da indústria naval na região, o Governo de Pernambuco e o Estaleiro Atlântico Sul, instalado no Complexo Industrial e Portuário de Suape, tiveram que oferecer nivelamento escolar a fim de preparar os candidatos para a capacitação técnica. Passados três anos, o Atlântico Sul contratou profissionais especializados em outros Estados e trouxe decasséguis que trabalhavam na indústria naval do Japão, repatriando brasileiros para formar seu quadro de pessoal.
A história tende a se repetir com a confirmação da instalação da fábrica da Fiat no Estado onde dois terços da população acima de 10 anos tem até oito anos de estudo e 15,2% não tem instrução ou possui menos de um ano de estudo. No Nordeste, o percentual é de 16,4%, enquanto no Brasil é de 9,7%.


Os índices são altos mas podem cair com mais investimentos em Educação. De acordo com a VI Análise Ceplan, a Região Metropolitana do Recife, na última década, registrou uma redução importante de analfabetos e analfabetos funcionais que representavam 46,2% da População Economicamente Ativa, em 2000, e passaram a 28,3%, em 2010.
Entre 2003 e 2010, houve um significativo crescimento de empregos em ocupações relacionadas ao novo ciclo de investimentos que Pernambuco vem recebendo. A maior taxa foi na construção civil, com uma média de 15,4% ao ano. A procura por engenheiros cresce 7,8% anualmente e, segundo o economista da Ceplan Consultoria Aldemir do Vale, Pernambuco vai precisar de um adicional de 1.100 engenheiros, por ano, nos próximos quatro anos.
A demanda das empresas de vagas para técnicos de nível médio em ocupações industriais também é impressionante e pode aumentar 188,3% entre 2003 e 2014. Neste período, a procura por trabalhadores na transformação de metais e compósitos, onde se enquadram os soldadores, deverá crescer 302% - índice projetado a partir dos dados da Rais (do Ministério do Trabalho e Emprego), sem considerar os novos empreendimentos anunciados para Pernambuco, e que é mais de três vezes o previsto para o Brasil, de 88,9%. Na construção civil, a elevação é ainda maior, chegando a 461,0%, enquanto a demanda nacional no setor deverá crescer 256,1%, no mesmo intervalo entre 2003 e 2014.
A expansão não vai parar de repente. A VI Análise Ceplan aponta uma tendência de ampla demanda de mão de obra, especialmente na indústria, com uma média de 27.162 novos postos, por ano, na construção civil até 2014.
“As projeções apresentadas mostram o esforço que precisa ser feito para diminuir o déficit de mão de obra qualificada, principalmente no setor da construção, na indústria e nas diversas engenharias”, conclui o economista Valdeci Monteiro.
Blog do Jamildo

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