quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Dez desejos que não acalento em 2012

Por: * Luciano Siqueira
Folheio revistas antigas misturadas a jornais e livros amontoados num canto da sala. Deparo-me com uma página de amenidades onde se faz uma enquete com alguns personagens conhecidos chamados a apresentar dez desejos ou promessas que alimentam para o novo ano. Tem de tudo: mudança de temperamento, viagem à Índia, geração de um primeiro filho, realização profissional, aprender mandarim e que tais. Ninguém me entrevistou a respeito, jamais.
Certamente pouco hão de interessar aos leitores desse tipo de publicação as minhas aspirações mais caras. No que têm toda razão. Pois faço o contrário: compartilho com meus provavelmente poucos leitores o que não prometo nem desejo em 2012:
1)      Não prometo mudar minhas convicções sobre o mundo, a vida, o amor e a necessidade de transformar a sociedade, pois assim caminho há cinco décadas e de nada me arrependo do que tenho p ensado nem feito ou deixado de fazer por opção consciente. Nem abrir mão da minha confiança no sonho dos poetas e na força do povo.
2)      Nenhuma condescendência me comprometo a ter com quem pratica a maledicência com o prazer mórbido dos que traem, nem com os que disputam um lugar à mesa como quem guerreia pelo poder rea l, nem com os que anseiam pela autoafirmação como ideal de vida. De individualismo assim tão exacerbado quero distância, pois aprendi desde garoto a repudiar esse vírus que corrói as relações humanas.

3)      Ah, também é bom que deixe claro de uma vez por todas: não me disponho a retornar aos estádios aos domingos nem em qualquer outro dia para apreciar o que se chamava antigamente de espor te bretão: nem para apoiar o meu Náutico, nem para torcer pelo Sport ou Santa cruz (quando enfrentando times de fora), nem mesmo para ver a seleção canarinho, a não ser na Copa de Mundo, se vier jogar na arena de São Lourenço da Mata. Aprendi que o futebol é um grande negócio nem sempre lícito e que o torcedor é o último a saber – se é que sabe realmente o que acontece fora das quatro linhas.
4)      Longe de mim prometer superar o vício da leitura diária de livros, revistas, jornais e páginas na internet. Vício por vício prefiro este, já que não me disponho a aderir ao tabagismo nem ao atraente e permissivo alcoolismo.
5)      Não admito também passar à responsabilidade de ninguém, de nenhum dos meus assessores, o manejo do Twitter e do Facebook, nem do meu blog pessoal, nem da minha correspondência via e-mail, pois tenho certeza de que amig@s logo perceberiam a artificialidade do diálogo. Prefiro a imperfeição do contato direto à assepsia da comunicação burocrática. (Sem deixar de anotar que o site do meu mandato é feito por profissionais competentes e dedicados, por isso mesmo é uma página de sucesso).
6)      Também não me disponho a juntar dinheiro: desde cedo descobri que ficar rico não é minha sina, nem para tanto tenho talento. Se sobra algum, que o queime em livros e viagens de lazer, nada mais que isso.
7)      Não desejo aprender os passos do tango, por mais que admire a dança portenha e me deslumbre a sua coreografia apaixonante e bela. Não dou para a coisa e é melhor ficar quieto, eu que se quer aprendi a valsa vienense nem o nosso bom e popular forró.
 8)     Nem pretendo gostar de salpicão, porque adocicado; nem de jenipapo, por puro preconceito com a fruta; nem de uísque com água de coco, porque o prefiro com pouco gelo; nem de cachaça com limão, porque a prefiro pura.
9)      Parar de escrever artigos e crônicas semanais, nem pensar – por mais que tenha consciência das limitações do escriba. Sempre haverá uma boa alma disposta a me premiar com a leitura gen erosa e compreensiva.
10)  Aprender a cozinhar, tem jeito não. Compenso, entretanto, com reconhecida habilidade para lavar pratos que, modéstia à parte, faço com prazer e esmero.

Que 2012 seja para todos de muito trabalho, amores, dores, esperanças, conquistas e paz. *
*Luciano Siqueira é deputado estadual pelo PCdoB.
Blog de Inaldo Sampaio

2 comentários:

Anônimo disse...

Há um ditado que diz que em político, sapato velho e bunda de bebê não se deve confiar por nos confundirem. Estes desejos que não o acalantam para 2012 me pareceram sinceros, exceto o 6º. Quem não quer juntar dinheiro e viver confortavelmente bem? E em se tratando de políticos, então... A questão é, será mesmo? Cris

Pedro Cesar disse...

no mais qual a importância dele para pernambuco?