Do O Globo
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BRASÍLIA — Turbinada pela arrecadação
de impostos federais, a carga tributária deve bater novo recorde em 2011,
chegando a 36,2% do Produto Interno Bruto (PIB), com crescimento de dois pontos
percentuais em relação a 2010.
A previsão está em estudo dos economistas José
Roberto Afonso, Kleber Castro e Marcia Matos, que criou o Termômetro
Tributário, um acompanhamento mensal da evolução das principais receitas no
Brasil — 85% do total — a partir de informações oficiais.
O resultado de 2011,
que precisa ser consolidado pelas três esferas de governo, supera a marca de
2008, quando a carga tributária atingiu o recorde de 35,6% do PIB. Em 2010,
pela metodologia utilizada de Afonso, a carga chegou a 34,2% do PIB. "Na série histórica da carga bruta
global, a variação de dois pontos do PIB em 2011 foi o salto mais expressivo
desde 2000", destacou.
Outra constatação do estudo é que a expansão
da carga em 2011 não foi generalizada, mas concentrada nos tributos federais.
No ano passado, 85% do aumento vieram de impostos recolhidos pela Receita
Federal. A arrecadação federal cresceu 1,98
ponto percentual do PIB na comparação com 2010, enquanto a soma dos principais
impostos estaduais (ICMS e IPVA) teve um incremento de apenas 0,02 ponto
percentual do PIB. Com essa performance, a carga de tributos estaduais ficou
abaixo do montante registrado em 2008. Alcançou 7,79% do PIB em 2011 contra 7,93
% naquele ano.
Carga global frente a 2000 é 17% superior
O economista comparou a carga global
projetada para 2011 com a de 2000, concluindo que é 17% superior. Nessa
comparação também fica evidente o crescimento mais intenso do bloco de tributos
federais, que cresceu 18%, enquanto o conjunto de tributos estaduais, apenas
5%. Entre 2000 e 2011, o aumento da arrecadação do ICMS cresceu apenas 3%,
contra 17% da receita federal administrada e 21% da receita previdenciária.
O estudo mostra que dez setores responderam
por 67% do incremento total da receita. O financeiro é responsável por 19% do
ganho total. Em segundo, aparece o de extração mineral. Esse desempenho tão
diferente da arrecadação federal refletiria uma economia dual, na visão do
economista. Enquanto alguns setores crescem em ritmo chinês, os demais seguem
padrões latinos.
Pelos cálculos do economista Amir
Khair, outro especialista em tributos, a carga tributária deve crescer 1,7
ponto percentual do PIB em 2011, na comparação com 2010, pelo aumento do Imposto
de Renda. Ele também destacou o papel da Previdência no aumento da arrecadação,
por causa da formalização crescente de mão de obra e de ganhos reais nos
salários. Para 2012, Khair prevê que a carga tributária vai depender da
política fiscal do governo.
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