Do G1, em São Paulo
Os policiais militares em greve na Bahia, que já receberam intimação
da Justiça para retornar ao trabalho, mantêm movimento considerado ilegal,
afirmam especialistas ouvidos pelo G1.
A greve fere o regimento que regulamenta a atividade militar e os envolvidos
podem responder pelos crimes de motim e insubordinação, dentre outros.
Para não sofrerem sanções, os líderes grevistas baianos buscam anistia – garantia de não serem punidos – como já foi concedida para outros estados por uma lei federal.
A professora de Código Penal Militar e doutora em direito Ester Kosovski aponta que greves e paralisações são consideradas ilegais pela esfera militar. “Em uma democracia, a greve é facultada e nem sempre ilegal. Mas funcionários públicos e militares respondem a regimes diferenciados devido às imposições de suas funções. Os militares, assim como bombeiros, respondem ao Código Penal Militar, em que estão passíveis a outros crimes, além dos que o civil comete e que está previsto no Código Penal”, explica ela.
imagem: heronidesmangabeirajr.com |
Para não sofrerem sanções, os líderes grevistas baianos buscam anistia – garantia de não serem punidos – como já foi concedida para outros estados por uma lei federal.
A professora de Código Penal Militar e doutora em direito Ester Kosovski aponta que greves e paralisações são consideradas ilegais pela esfera militar. “Em uma democracia, a greve é facultada e nem sempre ilegal. Mas funcionários públicos e militares respondem a regimes diferenciados devido às imposições de suas funções. Os militares, assim como bombeiros, respondem ao Código Penal Militar, em que estão passíveis a outros crimes, além dos que o civil comete e que está previsto no Código Penal”, explica ela.
É por isso que os
manifestantes exigem a anistia para encerrarem a greve na Bahia. Este
precedente foi aberto pela Lei 12.191, sancionada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em janeiro de 2010 quando policiais e bombeiros de 12 estados e
do Distrito Federal foram anistiados de punições recebidas por participar de
movimentos reivindicatórios entre 1997 e 2010. Em 2011, a presidente Dilma
Rousseff estendeu esta anistia a 439 bombeiros do Rio de Janeiro que
participaram de uma greve através da Lei nº 12.505.
Ao participarem de uma
greve, os PMs podem ser responsabilizados por crimes de motim e insubordinação,
previstos no Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de
1969). O artigo 182, que trata do amotinamento, prevê pena de reclusão até três
anos aos "cabeças" e detenção de até dois anos para quem participar.
Oficiais que se abstiverem de tomar alguma providência também podem ser
punidos. Já a desobediência, prevista no artigo 163, pode levar à detenção de
até dois anos, caso não haja implicações maiores, diz a lei.
A anistia concedida em lei
é apenas para a greve e as punições do Código Penal Militar, diz a professora.
Os grevistas ainda poderão responder pelos crimes do Código Penal, como
incêndio de ônibus e assassinatos, além de processos administrativos internos
da corporação, pelos quais podem até ser expulsos.
“O que está ocorrendo na Bahia é que, além da
greve, há vandalismo e ações criminosas intimidando a população. A anistia não
é em relação aos crimes do Código Penal, mas só em relação à greve em si e para
casos de manifestação pacífica e reivindicatórias de categorias essenciais do
serviço público que não poderiam parar. Ações desordeiras com atos ilegais
devem ser punidos”, explica Ester Kosovski, doutora em direito.
Secretário Nacional de
Segurança Pública no governo de Fernando Henrique Cardoso, José Vicente Filho
acredita que a anistia concedida pela lei federal em 2010 “só faz aumentar a
quantidade de movimentos grevistas deste tipo pelo Brasil. A crença na
impunidade só faz com que o problema continue e a situação se agrave. Anistiar
a greve no meio militar permite que visões sindicalistas persistam estimulando
comportamentos assim, que soam à baderna”, acrescenta ele.
imagem: heronidesmangabeirajr.com
O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse que não concederia anistia aos PMs,
afirmando que isso seria "um salvo-conduto" para atos criminosos.
Paralisações
A greve na Bahia foi precedida de paralisações da categoria em outros estados. Nos últimos anos, grupos busca no Congresso Nacional a aprovação da PEC-300, projeto que estabelece um piso nacional para PMs e bombeiros no país.
A greve na Bahia foi precedida de paralisações da categoria em outros estados. Nos últimos anos, grupos busca no Congresso Nacional a aprovação da PEC-300, projeto que estabelece um piso nacional para PMs e bombeiros no país.
Desde o início do governo Dilma Rousseff, movimentos grevistas de PMs
irromperam no Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba e Rondônia, estados em que os
governadores tiveram de pedir o reforço da Força Nacional. Assim como ocorre
agora na Bahia, nas crises ocorridas em Rondônia e Maranhão, em 2011, e no
Ceará, em janeiro deste ano, o Exército foi designado para assumir a segurança
pública estadual.
Isso só ocorre em casos de
exceção através de uma portaria publicada no Diário Oficial União e só
autorização da presidência. Pelo texto, as Forças Armadas recebem a missão de
Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e as forças estaduais, como as polícias Civil,
Militar, bombeiros e as guardas municipais, ficam subordinadas a um oficial
general militar.
Movimentos reivindicatórios também emergiram no Corpo de Bombeiros (Rio de
Janeiro) e na Polícia Civil (Ceará, Alagoas e Paraíba). Pará e Amazonas
registraram protestos de policiais em 2012, para fevereiro, associação de
soldados cogitam paralisações no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito
Federal buscando a aprovação do piso pela PEC 300.
PEC 300
Em entrevista ao G1, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), afirmou que a greve dos policiais militares na Bahia não servirá de pressão para que a Câmara vote a PEC 300. A proposta de emenda constitucional que estabelece o piso aos PMs está em tramitação na Casa há mais de três anos, mas o governo teme que, caso ela seja aprovada, os estados e municípios não consigam arcar com a despesa extra e a repassem para o Executivo federal.
Em entrevista ao G1, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), afirmou que a greve dos policiais militares na Bahia não servirá de pressão para que a Câmara vote a PEC 300. A proposta de emenda constitucional que estabelece o piso aos PMs está em tramitação na Casa há mais de três anos, mas o governo teme que, caso ela seja aprovada, os estados e municípios não consigam arcar com a despesa extra e a repassem para o Executivo federal.
“Eu acho que uma coisa não
tem nada a ver com a outra [greve e votação da PEC 300]. O tema da remuneração
dos servidores públicos estaduais precisa ser discutido nos estados. Os estados
são o lugar onde devem ser debatidos e discutidos a remuneração dos servidores
públicos estaduais sejam eles públicos, estaduais, municipais. Nós não podemos
trazer de forma nenhuma esse debate ao Congresso Nacional", disse.
A assessoria da presidência
da Câmara informou que não há previsão no orçamento deste ano para reajuste
salarial de nenhuma categoria.
Um comentário:
é mais médico faz greve;
politico rouba;
os maconheiros da USP fazem protesto por direitos;
e ninguem fala em impedir....
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