Do Estadão
imagem: blog.plazahoteis.com.br |
A
presidente Dilma Rousseff aproveitou a cerimônia de posse da nova ministra da
Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, para enquadrá-la
publicamente e deixar claro o recado de que convicções pessoais devem se
subordinar, agora, às políticas de governo.
Foi uma forma de evitar mais
polêmica e acalmar os ânimos da bancada religiosa no Congresso Nacional, que já
preparou a artilharia contra Eleonora por conta de declarações sobre aborto.
"Tenho
certeza, que meu governo ganha hoje uma lutadora incansável e inquebrantável
pelos direitos das mulheres. Uma feminista que respeitará seus ideais, mas que
vai atuar segundo as diretrizes do governo em todos os temas sobre os quais
terá atribuição", discursou Dilma. A numerosa plateia, que até então era
só aplausos, silenciou-se com a fala de Dilma.
Em
recentes declarações, Eleonora disse que considera o aborto uma questão de
saúde pública, assim como o crack e outras drogas - para ela, esse assunto não
é uma questão ideológica. Antes da posse, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
convocou pelo Twitter que a bancada de evangélicos se unisse "para
combater a abortista que nomearam ministra".
O aborto
volta à agenda do Palácio do Planalto após assombrar a campanha de Dilma pela
presidência da República, em 2010. Pressionada por religiosos, a então
candidata chegou a assinar carta em que dizia ser pessoalmente contra o aborto,
além de defender a manutenção da legislação atual sobre o assunto.
Hoje,
Eleonora aproveitou o discurso de posse para criticar a disseminação de
"padrão sexista" em salas de aula, programas de entretenimento e
serviços públicos de saúde. "Não se pode aceitar que, ainda hoje, quando
temos uma mulher no mais alto cargo do executivo brasileiro, mulheres sejam
vistas como meros objetos sexuais, que morram durante a gravidez, que tenham
seus direitos reprodutivos e sexuais desrespeitados", afirmou.
A
socióloga assume a pasta no lugar de Iriny Lopes, que retorna à Câmara dos
Deputados e deve disputar a Prefeitura de Vitória (ES) em outubro. Antes dela,
o petista Fernando Haddad deixou o Ministério da Educação para tocar a campanha
pela Prefeitura de São Paulo.
"Eu
considero que eu escolhi a Eleonora por vários motivos, mas, sobretudo, pelo
conjunto da obra", disse Dilma. "Tenho absoluta certeza que a
Eleonora é capaz de assegurar, dentro da diversidade que é o nosso país, que
todas as situações sejam consideradas, porque, quando nós assumimos o governo,
nós governamos para todos os brasileiros e brasileiras, sem distinções
políticas, religiosas ou de qualquer outra ordem", prosseguiu a
presidente, em outro aceno para acalmar evangélicos e católicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário