Do G1, em São Paulo
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Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema
imunológico afeta o organismo do próprio paciente. No Programa Bem Estar da
Rede Globo, a pediatra Ana Escobar e a reumatologista Maria Helena Kiss
explicaram como essas doenças agem no organismo e falaram sobre o lúpus e a
psoríase.
O lúpus e a psoríase são duas doenças autoimunes. É como
se o sistema imunológico interpretasse que o paciente é a bactéria. Um ponto em
comum entre essas doenças é que ambas são inflamatórias, costumam surgir
principalmente na vida adulta e trazem manifestações na pele que podem afetar a
vida social. Estresse emocional pode desencadear os dois problemas e não há
cura para ambos, mas apenas controle. As doenças podem desaparecer, mas podem
voltar. Por outro lado, enquanto o sol ajuda a combater a psoríase, piora o
lúpus.
O sistema imunológico do corpo humano produz proteínas
chamadas anticorpos que servem para combater microorganismos agressores, como
bactérias invasoras. No lúpus e na psoríase, porém, o sistema produz anticorpos
contra células de diferentes tecidos do corpo, causando lesões na pele e, no
caso do lúpus, dependendo da pessoa, lesões no sistema nervoso, coração,
pulmões, rins e articulações.
Os estudos para descobrir porque desenvolvemos anticorpos
contra nós mesmos estão em andamento. Uma das teorias diz que, quando a pessoa
nasce, o corpo passa por um processo de reconhecimento celular. Algumas células não são reconhecidas e ficam escondidas.
Quando há uma queda de imunidade, por exemplo, essas células aparecem no
organismo e o corpo passa a produzir anticorpos contra elas.
Outra teoria diz que alguns vírus (não se sabe quais) têm
a capacidade de modificar nossas células. Quando isso ocorre, o nosso organismo
passa a não mais reconhecê-las e, então, produz anticorpos.
imagem: g1.globo.com |
LÚPUS
O lúpus eritematoso sistêmico (les) pode ter um início
agudo ou mais lento, com manifestações em diferentes órgãos. Essas
manifestações podem ocorrer simultaneamente ou sucessivamente na pele, nas
articulações, nos rins e nas membranas serosas. O diagnóstico da doença é feito
pela presença de, no mínimo, quatro de onze critérios clínicos e o tratamento
começa pela conscientização do paciente.
A doença provoca uma inflamação nos vasos sanguíneos
(vasculite), e como eles estão por toda parte do corpo, pode disseminar para
qualquer lugar do organismo, tendo consequências mais sérias quando atinge os
rins e o sistema neurológico. No caso dos rins, pode comprometer o órgão a
ponto de ter de fazer transplante. No caso do sistema nervoso, pode levar a pessoa
a ter derrames ou desenvolver problemas psiquiátricos ou psicomotores. Porém, o
lúpus grave ou agudo atinge menos de 20% dos portadores da doença.
imagem: melhoramiga.com.br |
Vale lembrar também que mais de 90% dos pacientes que
tratam o lúpus e levam as orientações médicas a sério respondem bem ao
tratamento e quase não sofrem os sintomas da doença. O tempo médio de
tratamento é de cinco anos e há casos de pessoas que, após tratadas, a doença
nunca mais volta a manifestar. Quem tem lúpus pode emagrecer antes de começar o
tratamento, mas depois a tendência é engordar.
É importante investigar a possibilidade de lúpus. Se você
tiver alterações frequentes em exames de urina, como presença de células de
defesa (leucócitos no xixi), lesões na pele, dores articulares, manchas em
forma de borboleta no rosto ou emagrecimento, pode ser sinal da doença e existe
um exame de sangue que pode diagnosticá-la. Alguns anticorpos são específicos
do lúpus, como o anti dna e o anti sm.
imagem: saude.ig.com.br |
PSORÍASE
A psoríase pode ser confundida com outros problemas de
pele, por isso é importante procurar um dermatologista para identificá-la. A
doença se manifesta através de lesões que coçam bastante. Nos casos de psoríase
leve, os tratamentos costumam ser com pomadas, loções, shampoos ou geis. Em
casos mais severos, podem ser indicados medicamentos via oral e fototerapia.
imagem: daybiancostudio.blogspot.com |
Na doença, as células da pele vão se multiplicando em
camadas, umas em cima das outras, formando escamas. Segundo a Dra. Eliandre
Pallermo, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a recomendação
é que a exposição ao sol sem protetor solar seja feita nos horários com menor
incidência de raios UV, ou seja, antes das 10h e após as 16h.
imagem: artedecuidar.webnode.com.br |
Como se trata de uma exposição terapêutica e não com a
finalidade de bronzear, o período de exposição varia de acordo com o tipo de
pele de cada pessoa. Para pessoas com a pele branca, não é recomendado
ultrapassar 20 minutos, desde que a pele não fique vermelha. Pessoas com a pele
morena ou negra podem se expor um pouco mais, de 30 a 40 minutos, desde que não
sintam ardência na pele. Entretanto, o ideal é analisar cada caso
individualmente, por isso é extremamente importante o acompanhamento de um
médico dermatologista.
TRATAMENTO
Há tratamento disponível no SUS com remédios que ajudam a
controlar as doenças. Procure um hospital universitário ou peça encaminhamento
do posto de saúde para uma dessas unidades se não obtiver o controle com a
ajuda dos médicos do posto de saúde.
No caso do lúpus, o uso de corticoides pode levar ao
ganho de peso. Por isso, a alimentação saudável e os exercícios físicos são
indispensáveis. Há também os imunossupressores, que agem nos linfócitos
(células responsáveis pela produção de anticorpos), mas o problema é que acabam
atuando nas células normais, o que pode causar anemias e diminuir a
resistência. O tratamento com agentes biológicos bloqueia determinados
anticorpos responsáveis pelos sintomas do lúpus.
Controlar o estresse emocional e realizar pequenas coisas
que trazem felicidade e bem-estar pode ajudar. A pessoa com lúpus ou psoríase
não deve fugir do contato social e deve explicar que a doença de pele não é
contagiosa. A alimentação rica em vegetais, carnes magras e sem gordura pode
ajudar também no tratamento. A dieta com pouco sal e atividades físicas também
são positivos. Exercícios com proteção solar, como caminhadas noturnas,
musculação, natação e pilates estimulam a massa muscular e melhoram a qualidade
do osso.
Portadores de lúpus não devem tomar sol e, mesmo em
ambientes fechados, devem usar fator de proteção solar porque o raio
ultravioleta destrói várias células cutâneas e o organismo entende que precisa
produzir mais anticorpos. Em contrapartida, o sol ajuda a controlar a psoríase,
mas exige combinação de um creme hidratante que ajude a evitar o ressecamento,
que pode agravar a doença. Nas duas doenças, é bom manter a casa saudável,
arejada, sem mofo e pó que podem irritar mais ainda a pele.
É importante saber que o lúpus é uma doença tratada por
reumatologistas e a psoríase é tratada por dermatologistas. Porém, alguns
pacientes com psoríase (cerca de 30%) desenvolvem artrite inflamatória crônica
que comprometem as articulações periféricas, o que demanda tratamento também
com o dermatologista, além do reumatologista.
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