Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Bíblia continua
sendo o livro mais lido pelos brasileiros – ganha dos livros didáticos e dos
romances. Foi o que apontou pesquisa divulgada nesta semana pelo Instituto
Pró-Livro sobre os hábitos de leitura da população. Ao questionar os cerca de 5
mil participantes sobre os gêneros que costumam ler, a Bíblia foi citada por
42% e manteve-se no primeiro lugar da lista, mesma posição ocupada na edição
anterior da pesquisa, em 2007. Os livros didáticos foram citados por 32%, os
romances por 31%, os livros religiosos por 30% e os contos por 23%. Cada
entrevistado selecionou em média três gêneros.
Os títulos religiosos ganharam
espaço na estante dos brasileiros. Na lista dos 25 livros mais marcantes
indicados pelos entrevistados, o livro Ágape, do padre Marcelo Rossi, aparece
em segundo lugar na lista. Perde apenas para a própria Bíblia e para A Cabana,
do canadense William Young.
Luiz Alves de Moraes, vendedor de
uma livraria em Brasília, disse que os mais vendidos são os títulos de
filosofia, teologia e religião. “Pessoalmente, eu consumo mais livros de
filosofia. O hábito de ler garante um amadurecimento da leitura. Comecei a ler
aos 13 anos, por interesse pessoal, sem incentivo de ninguém”, conta. O colega
dele, Edmar Rezende, concorda que a venda de religiosos cresceu. “Tem saído
muito, principalmente o do padre Marcelo”.
A professora Vera Aguiar, da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), avalia que os
livros religiosos podem ser uma porta de entrada para a literatura,
especialmente para uma parte da população que não tem o hábito da leitura. Para
ela, o aumento das vendas desse gênero está ligada ao avanço das religiões
neopentecostais. “Há uma atitude de leitura. Depois ele pode abrir seus gostos
para outros tipos de literatura, os clássicos, o entretenimento. É muito
significativa essa atitude leitora, a pessoa se decidir uma atividade
introspectiva”.
Em seguida na lista das obras
mais marcantes aparecem O Sítio do Picapau Amarelo, O Pequeno Príncipe, Dom
Casmurro e as coleções Crepúsculo e Harry Potter. O livro da escritora
britânica J. K. Rowling foi o primeiro que a estudante de 16 anos Evelyn Cabral
comprou. Ela disse que sempre gostou de ler e foi muito incentivada pela mãe
quando criança por meio dos contos de fada.
“Eu tinha 11 anos quando comprei
o primeiro livro do Harry Potter com a minha mesada. Daí em diante, não parei
mais, gosto muito desse tipo de história. Na escola eles pedem para a gente ler
os clássicos da literatura como Machado de Assis e Guimarães Rosa. Só que eles
têm uma linguagem complicada. As histórias até são legais, mas é difícil ler,
têm palavras que eu nem conheço”.
Mesmo depois de mais de 60 anos
da sua morte, Monteiro Lobato continua no imaginário da população. O escritor
paulista permaneceu no topo da lista dos autores brasileiros mais admirados.
“Há muitos escritores que são conhecidos, mas na verdade não são lidos. Dá até
para dizer que existem duas leituras de Monteiro Lobato: a primeira é aquela
que a gente faz do imaginário coletivo, todos ouviram falar de Reinações de
Narizinho”, acredita Vera.
Na sequência aparecem Machado de
Assis, Paulo Coelho, Ariano Suassuna e outros autores de best sellers recentes
como o pastor Silas Malafaia e o padre Marcelo Rossi. Confira a lista completa.
Edição: Rivadavia Severo
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