Da Agência Brasil
imagem: folhadofora.com |
A Embaixada
da Itália no Brasil vai começar a contabilizar o consumo e a economia de água e
energia com os sistemas sustentáveis implantados na unidade em Brasília. No ano
passado, os italianos instalaram um sistema de placas fotovoltaicas, que captam
energia da luz do sol, e um modelo de fitodepuração, onde um jardim funciona
como sistema de purificação de água já consumida para reutilização no mesmo
prédio.
Os
italianos garantem que já percebem a redução nos níveis de consumo. Segundo
eles, os 405 painéis da planta fotovoltaica já revelam uma economia de 17% em
energia. A estimativa de redução do consumo de água é equivalente a um desconto
de 50% na cobrança mensal, considerando o pagamento pelo descarte de água
residual e tratamento na rede de esgoto.
O passo
dado esta semana é pela precisão dos dados. A embaixada fechou acordos com a
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), a Central
Energética de Brasília (CEB) e a Universidade de Brasília (UnB), que serão
responsáveis pelo monitoramento das contas.
Para o
ministro de Meio Ambiente e da Tutela do Território e do Mar da Itália, Corrado
Clini, com este cálculo será possível provar a viabilidade da iniciativa para o
mundo. “Confrontamos dois temas cruciais, a energia e a água. E é importante
acelerar essa mensuração agora, a dois meses da Rio+20, onde vamos mostrar que
somos capazes de traçar um futuro porque estamos investindo em desenvolvimento
sustentável”, disse.
Além dos
cálculos, os italianos fecharam um acordo com a CEB de troca de energia. Ou
seja, durante o período de menor consumo na embaixada, a energia captada pelas
placas fotovoltaicas seria direcionada para a rede elétrica da CEB, que
devolveria a mesma quantidade de energia nos horários de maior demanda.
Representantes
do governo brasileiro defenderam a incorporação do modelo no país. O arquiteto
Paulo Cabral, especialista em construções sustentáveis, defende a proposta, mas
alerta que isso vai depender do empenho do governo. “É uma questão de vontade
política e incentivo governamental para reduzir os custos com essa tecnologia e
aos poucos difundir os sistemas. O projeto acrescenta um valor, sim, mas tem
retorno garantido do investimento”, avaliou.
Alexandre
Rocha, também especialista neste tipo de arquitetura, lembra ainda que o Brasil
não tem normas atualizadas para atender esses modelos. “Isso ainda é um
dificultador. O projeto é um incentivo excelente e traz vantagens, mas não
temos essa regulamentação e o projeto da embaixada pode ajudar muito neste
sentido”, afirmou o arquiteto, destacando que, no caso de Brasília, tanto a CEB
quanto Caesb ainda não reconhecem os sistemas em suas cobranças.
O
presidente da Caesb, Célio Biavati Filho, disse que a empresa está estudando
mudanças na legislação para garantir que o modelo seja usado por qualquer
cidadão em pouco tempo, mas não definiu prazos.
A mesma
medida está sendo adotada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O
diretor do órgão regulador, Nelson José Hubner Moreira, explicou que a agência
está criando o regulamento para a tecnologia. “Já terminamos a audiência
pública, estamos fechando a análise e vamos levar para deliberação, em no
máximo em um mês”, disse. Segundo Hubner, só com a divulgação da audiência
pública sobre o assunto diversas empresas sinalizaram com o interesse de
investir nessa tecnologia no país.
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