A prefeita de Bezerros Bete Lima
(PR) e o marido dela, o empresário Valdiael Lima, que foram detidos, na manhã
desta sexta-feira (15), suspeitos de compra de votos, foram liberados no final
da noite, após o pagamento de fiança.
Ambos foram detidos após o Ministério
Público Eleitoral denunciar que a prefeita voltou a reunir possíveis eleitores
na porta de sua casa oferecendo cestas básicas em troca de votos. Bete Lima é
candidata à reeleição no pleito de outubro deste ano. A Polícia Federal (PF)
chegou à casa da prefeita por volta das 10h e levou o casal para a sede da PF,
em Caruaru, onde Bete Lima e o marido passaram todo o dia. A liberação só
ocorreu mediante o pagamento da fiança estipulada em 30 salários mínimos para
cada um.
O delegado Dário Sá Leitão,
explicou que a operação encontrou pessoas com fichas assinadas pela prefeita na
porta da casa dela. Ao verificar a situação, agentes entraram na residência e
fizeram uma revista no local à procura de provas de crime eleitoral. “Tentamos
encontrar materiais como lista de eleitores ou anotações de título. Encontramos
vários documentos, mas só ao final do inquérito poderemos dizer que documentos foram
esses”, disse o delegado.
Ao sair da delegacia, Bete se
disse inocente e atribuiu às brigas política as denúncias feitas contra ela.
“Tenho certeza que tudo não passa de denúncias infundadas da oposição”, frisou.
A prefeita completou afirmando que o atendimento feito ao povo em sua casa foi
uma das promessas de campanha, de um tratamento pessoal no trato com a população.
Ela também negou qualquer atividade de crime eleitoral, mas elogiou o trabalho
de apuração da Polícia Federal. Fora o inquérito por compra de voto, a PF abriu
investigação contra Bete e Valdiael por crime ambiental e posse ilegal de arma
de fogo. Os crimes foram atribuídos ao casal porque na casa deles foram
encontrados um revólver calibre 22 e dois papagaios. As aves foram recolhidas
pelo Ibama. Como todos os crimes são afiançáveis, a prefeita e o marido pagaram
o montante de R$ 37,5 mil e foram liberados para aguardar a investigação em
liberdade. Além de ouvir a prefeita e o marido dela, a polícia também tomou o
depoimento de 12 pessoas que estariam supostamente tentando trocar o voto por
cesta básica.
Ao sair da sabatina policial, a
maioria preferiu não falar com a Imprensa, já outros negaram o crime. “Disseram
que eu estava lá pegando coisas que a prefeita dava, mas nunca recebi nada
dela”, afirmou o desempregado Luís Carlos da Silva, 32 anos. Dário Sá afirmou
que parte dos depoentes afirmou que fazia parte de um esquema de troca de
votos, mas os nomes deles não foram revelados.
DEFESA - Com a chegada da prefeita de
Bezerros na sede da PF, em Caruaru, pelo menos cinco advogados chegaram para
acompanhar os procedimentos. Um deles, Luís Galindo, afirmou que a denúncia de
crime de compra de votos não tinha “nexo da causalidade”. “Se não houve
convenção ainda, não há candidatura formalizada, então não há crime eleitoral”,
frisou Galindo.
EXPULSÃO - Diante do escândalo do suposto
esquema de compra de votos, envolvendo a prefeita de Bezerros Bete de Dael
(PR), o presidente estadual do partido, o deputado Inocêncio Oliveira (PR),
declarou que o partido já está se movimentando para expulsar a gestora e que já
estuda a possibilidade de apoiar Severino Otávio (PSB), mais conhecido por
Branquinho, para prefeito. “Acredito que a candidatura dela acabou-se e já lhe
disse que não a apoiaria. Queremos que a Polícia Federal aprofunde as
investigações e que tudo se resolva o quanto antes. O PR tomará as providências
e se prepara para expulsá-la do partido”, afirmou.
De acordo com o deputado, a
prefeita o procurou em seu escritório no Recife e em Brasília, há algumas
semanas, para pedir que ele a apoiasse, mas não teve sucesso. “Ela me procurou
e eu só fiquei de ouvidos. A única coisa que eu disse foi que não gostaria de
apoiar sua campanha e ela continuou insistindo e até chorou. Nós não vamos
lançar candidato em Bezerros. Estamos em entendimento para apoiar outro
candidato porque não somos coniventes com essas práticas assumidas pela
prefeita”. Oliveira disse ainda que Branquinho, inclusive, já esteve no seu
escritório para “conversarmos sobre o assunto”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário