sábado, 16 de junho de 2012

Prefeita de Bezerros paga fiança e é liberada


A prefeita de Bezerros Bete Lima (PR) e o marido dela, o empresário Valdiael Lima, que foram detidos, na manhã desta sexta-feira (15), suspeitos de compra de votos, foram liberados no final da noite, após o pagamento de fiança.

Ambos foram detidos após o Ministério Público Eleitoral denunciar que a prefeita voltou a reunir possíveis eleitores na porta de sua casa oferecendo cestas básicas em troca de votos. Bete Lima é candidata à reeleição no pleito de outubro deste ano. A Polícia Federal (PF) chegou à casa da prefeita por volta das 10h e levou o casal para a sede da PF, em Caruaru, onde Bete Lima e o marido passaram todo o dia. A liberação só ocorreu mediante o pagamento da fiança estipulada em 30 salários mínimos para cada um.

O delegado Dário Sá Leitão, explicou que a operação encontrou pessoas com fichas assinadas pela prefeita na porta da casa dela. Ao verificar a situação, agentes entraram na residência e fizeram uma revista no local à procura de provas de crime eleitoral. “Tentamos encontrar materiais como lista de eleitores ou anotações de título. Encontramos vários documentos, mas só ao final do inquérito poderemos dizer que documentos foram esses”, disse o delegado.

Ao sair da delegacia, Bete se disse inocente e atribuiu às brigas política as denúncias feitas contra ela. “Tenho certeza que tudo não passa de denúncias infundadas da oposição”, frisou. A prefeita completou afirmando que o atendimento feito ao povo em sua casa foi uma das promessas de campanha, de um tratamento pessoal no trato com a população. Ela também negou qualquer atividade de crime eleitoral, mas elogiou o trabalho de apuração da Polícia Federal. Fora o inquérito por compra de voto, a PF abriu investigação contra Bete e Valdiael por crime ambiental e posse ilegal de arma de fogo. Os crimes foram atribuídos ao casal porque na casa deles foram encontrados um revólver calibre 22 e dois papagaios. As aves foram recolhidas pelo Ibama. Como todos os crimes são afiançáveis, a prefeita e o marido pagaram o montante de R$ 37,5 mil e foram liberados para aguardar a investigação em liberdade. Além de ouvir a prefeita e o marido dela, a polícia também tomou o depoimento de 12 pessoas que estariam supostamente tentando trocar o voto por cesta básica.

Ao sair da sabatina policial, a maioria preferiu não falar com a Imprensa, já outros negaram o crime. “Disseram que eu estava lá pegando coisas que a prefeita dava, mas nunca recebi nada dela”, afirmou o desempregado Luís Carlos da Silva, 32 anos. Dário Sá afirmou que parte dos depoentes afirmou que fazia parte de um esquema de troca de votos, mas os nomes deles não foram revelados.

DEFESA - Com a chegada da prefeita de Bezerros na sede da PF, em Caruaru, pelo menos cinco advogados chegaram para acompanhar os procedimentos. Um deles, Luís Galindo, afirmou que a denúncia de crime de compra de votos não tinha “nexo da causalidade”. “Se não houve convenção ainda, não há candidatura formalizada, então não há crime eleitoral”, frisou Galindo.

EXPULSÃO - Diante do escândalo do suposto esquema de compra de votos, envolvendo a prefeita de Bezerros Bete de Dael (PR), o presidente estadual do partido, o deputado Inocêncio Oliveira (PR), declarou que o partido já está se movimentando para expulsar a gestora e que já estuda a possibilidade de apoiar Severino Otávio (PSB), mais conhecido por Branquinho, para prefeito. “Acredito que a candidatura dela acabou-se e já lhe disse que não a apoiaria. Queremos que a Polícia Federal aprofunde as investigações e que tudo se resolva o quanto antes. O PR tomará as providências e se prepara para expulsá-la do partido”, afirmou.

De acordo com o deputado, a prefeita o procurou em seu escritório no Recife e em Brasília, há algumas semanas, para pedir que ele a apoiasse, mas não teve sucesso. “Ela me procurou e eu só fiquei de ouvidos. A única coisa que eu disse foi que não gostaria de apoiar sua campanha e ela continuou insistindo e até chorou. Nós não vamos lançar candidato em Bezerros. Estamos em entendimento para apoiar outro candidato porque não somos coniventes com essas práticas assumidas pela prefeita”. Oliveira disse ainda que Branquinho, inclusive, já esteve no seu escritório para “conversarmos sobre o assunto”.

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