Diagnóstico precoce é uma das maiores dificuldades para
pacientes de parkinson
Dores nos braços e pernas que evoluem para tremores,
inquietação durante o sono e lentidão nos movimentos. Esse conjunto de sintomas
compõem o parkinsonismo, comum a várias doenças, entre elas o parkinson. A
dificuldade de diferenciar esses diagnósticos quando os primeiros sinais
aparecem acaba retardando o início do tratamento da doença que é lembrada nesta
quinta-feira (11), Dia Mundial da Doença de Parkinson.
Com uma evolução progressiva, a doença começa a se
manifestar na maioria das vezes entre os 50 e 60 anos. Como ela não possui
nenhum indicador biológico que possa ser apontado em exames ou tomografias, o
diagnóstico clínico é feito por um neurologista, que observa três principais
sintomas: tremor dos membros em repouso, lentidão e rigidez nos movimentos,
chamados de parkinsonismo.
Mas, antes que esses sintomas se tornem muito claros e
característicos, alguns pacientes sofrem com dores, lentidão motora e na fala.
Foi o caso de José Veloso da Silva, de 72 anos, há 17 anos diagnosticado com
parkinson. "Ele foi a otorrino, ortopedista, mas não descobriram o que
era", diz Terezinha Veloso da Silva, esposa de José e atual presidente da
Associação de Parkinson de Pernambuco (ASP-PE).
A procura por profissionais de outras especialidades e a
própria dificuldade de caracterizar a doença em seu início pode resultar em
diagnósticos errados. "Cientificamente damos uma margem de quatro anos
para descartar outras doenças e afirmar que é parkinson", explica o
neurologista Paulo Tadeu. Em seu quadro inicial a doença é comumente confundida
com a paralisia pupranuclear progressiva, atrofia multissistêmica e até com o
alzheimer, quando associada a um quadro demencial.
Após diagnosticada, a doença é tratada com medicações
específicas aliadas a sessões de fisioterapia e acompanhamento psicológico de
acordo com as necessidades de cada paciente. Sendo uma doença degenerativa e
sem cura, o tratamento busca retardar a progressão dos sintomas e manter a autonomia
do paciente por mais tempo possível.
Para alguns portadores do parkinson há ainda o tratamento
cirúrgico, que pode melhorar em até 80% o controle dos movimentos.
"Observamos a evolução neurológica, psicológica e a presença de outras
doenças, como o diabetes, por exemplo, para dizer se o paciente está apto para
o tratamento", explica Paulo Tadeu, responsável pelo primeiro procedimento
realizado no Estado há dez anos.
A cirurgia consiste no implante de um eletrodo cerebral, que
recebe descargas de um gerador instalado no peito e diminui a progressão da
doença. O parkinson atinge primeiramente a substância negra do cérebro, área
que produz a dopamina, neurotransmissor responsável pelo controle dos
movimentos.
Mesmo sendo garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
muitos pacientes encontram dificuldade para fazer o procedimento, que custa
mais de R$ 100 mil. Segundo o neurologista Antônio Marco Duarte, o Hospital das
Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ainda não realizou nenhum
procedimento do tipo este ano. "A mairia dos pacientes só consegue fazer a
cirurgia pela Justiça", conta.
Mesmo não sendo a cura para a doença, a cirurgia e os
tratamentos adequados feitos com o aparecimento dos sintomas dá aos pacientes
autonomia para realizar atividades simples como se alimentar sozinho, caminhar
e tomar banho. "Tem que abraçar a doença, já que não podemos nos livrar
dela. É aprender a conviver e não e trancar em casa", aconselha Terezinha.
Confira abaixo a programação da Associação de Parkinson de
Pernambuco para esta quinta-feira. O evento acontece no auditório Jorge Lobo da
UFPE.
8h - Abertura:
Apresentação da ASP
8h20 - Apresentação do Programa Pró-Parkinson
8h40 - Pró-Parkinson: Medicina
9h10 - Intervalo
9h30 - Pró-Parkinson: Fisioterapia
10h - Pró-Parkinson: Odontologia
10h30 - Oficina Contação de Histórias
11h10 - Pró-Parkinson: Terapia Ocupacional
11h40 - Pró-Parkinson: Fonoaudiologia
12h10 - Almoço
13h10 - Intervalo
13h30 - Atuação da Terapia Ocupacional na Doença de
Parkinson
14h – - Atuação Fonoaudiólogica na Doença de Parkinson
14h30 - Incidência das quedas na Doença de Parkinson
15h – Intervalo
15h20 - Aspectos clínicos e cirúrgicos na Doença de
Parkinson
16h20 - Perguntas do público
16h40 - O corpo em movimento
17h40 - Encerramento com o bloco do Treme-Treme
Do NE10
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