Divulgação/Arquidiocese
de Olinda e Recife
O arcebispo de
Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, abre nesta Quarta-feira de Cinzas a
Campanha da Fraternidade 2014. Às 16h, o religioso preside a Missa de Cinzas,
na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Boa Viagem.
A 50º edição da
campanha terá como tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e lema “É para a
liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1). O projeto projeto realizado pela
Igreja Católica, começa hoje e tem duração de um ano.
A Quarta-feira
de Cinzas marca o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As
cinzas que os cristãos católicos recebem neste dia é símbolo de reflexão sobre
o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a efemeridade da vida
humana, sujeita à morte.
Confira, na
íntegra, texto do arcebispo sobre o tema da campanha 2014:
Fraternidade e Tráfico Humano
As Campanhas da
Fraternidade (CF), ao longo dos seus 51 anos de existência, têm estimulado a
vivência da Quaresma no âmbito pastoral. Sua aplicação desperta compromisso e
solidariedade, conforme ensina o Apóstolo Tiago “De que adianta alguém dizer
que tem fé quando não a põe em prática? A fé, se não se traduz em obras, por si
só está morta” (Tg 2,14a;17). Sobretudo, nas últimas décadas, têm apresentado
temas de grande atualidade e urgência, promovendo o debate e a tomada de
atitude.
Neste ano de
2014, temos por tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e o lema: “É para a
Liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). A escolha do tema surgiu com a
proposta dos Grupos de Trabalho de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e de
Combate ao Trabalho Escravo, junto à Pastoral da Mobilidade Humana com a
aprovação final do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB (Consep).
De acordo com
as Nações Unidas o tráfico de pessoas é caracterizado pelo “recrutamento,
transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça
ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, e engano, do
abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber
pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter
controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração”. Esta prática
acontece em diferentes escalas: local, nacional e internacional.
No Brasil, os
estudos mostram que há tráfico de pessoas no país na escala local dentro dos
estados e cidades); na escala nacional (entre estados) e internacional (mais
comum nos países com a presença da imigração brasileira: países fronteiriços,
Europa e Estados Unidos). Diante dessa realidade, o Objetivo Geral da CF-2014 é
“Identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo
como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a
sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos
filhos e filhas de Deus.
Assegura o
texto base da campanha que a situação do tráfico humano no país e no mundo é
alarmante: a Organização Internacional do Trabalho (OIT) chama a atenção para o
aumento de vítimas do tráfico humano, do trabalho forçado e do tráfico para a
exploração sexual. De acordo com o site da Organização das Nações Unidas (ONU),
no Brasil, o tráfico de pessoas faz cerca de 2,5 milhões de vítimas por ano,
incluindo homens, mulheres e crianças, mas principalmente pessoas vulneráveis e
carentes – psicologicamente e de recursos. Segundo a ONU, o tráfico de pessoas
é bastante lucrativo: movimenta anualmente 32 bilhões de dólares em todo o
mundo. Desse valor, 85% provêm da exploração sexual. Entre os principais
destinos de pessoas traficadas estão: Espanha, Itália, Portugal, França,
Holanda, Áustria e Suíça.
O tema “Tráfico
Humano” chega esse ano junto com a Copa do Mundo, época em que o país receberá
muitos eventos e visitantes – o que pode favorecer a ação de aliciadores e
traficantes. Soma-se ao tráfico o problema das drogas que vicia e cria
dependência deixando as vítimas inteiramente entregues às mãos de pessoas
inescrupulosas. A Campanha da Fraternidade deverá então ser intensificada com
um trabalho de conscientização para minimizar a prática criminosa.
O tema da
Campanha da Fraternidade deve nos levar a contemplar com maior carinho e
atenção para a realidade que temos vivido no vicariato Cabo de Santo Agostinho,
com o crescente desenvolvimento que vem acontecendo naquela região, por conta
de Suape, assim como o Vicariato Olinda que se estende até Igarassu e
Araçoiaba, por conta de Goiana. Essas regiões estão propensas, como de fato já
vem acontecendo, a explorações de todo tipo, dentro da linha do que nos adverte
a campanha.
O objetivo
maior de todas as campanhas da fraternidade é promover o debate em todos os
âmbitos e buscar soluções partilhadas e assumidas comunitariamente. Elas não
podem se restringir apenas aos 40 dias da quaresma, mas devem se prolongar por
todo o ano. Somos convidados/as a fazer a nossa parte e colaborarmos para que
essas ideias alcancem a todos/as e possam promover a conscientização e mudanças
necessárias para que a Igreja continue sua missão profética de anunciar o Reino
e denunciar tudo aquilo que fere os princípios fundamentais do Evangelho.
Concluo
desejando a todos e todas uma santa e fecunda Quaresma e transformadora
celebração pascal.
Dom Antônio
Fernando Saburido, OSB
Arcebispo
Metropolitano
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