A conta de energia dos
pernambucanos ficará mais cara. A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe)
solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o reajuste de 18,13%
na tarifa paga pelos consumidores. A principal justificativa apresentada pela
Celpe é de que o índice abrange as despesas extraordinárias feitas pela
distribuidora com a compra de energia no mercado de curto prazo, que custa mais
caro para a empresa. O pleito será analisado pela agência reguladora, que
deverá apresentar o percentual definitivo na próxima terça-feira. O reajuste,
que é realizado anualmente, passará a vigorar já no dia 29 deste mês.
De acordo com a Celpe, do
montante total, 16,2% são referentes aos custos não gerenciáveis pela
concessionária. Essa parcela corresponde à compra de energia, aos custos de
transmissão e aos encargos setoriais. Os custos gerenciáveis pela Celpe, que
dizem respeito à manutenção da rede e a cobranças das contas, por exemplo,
serão responsáveis pelo aumento de 1,93%. “O que é chocante é que estamos muito
mal servidos. Se formos comparar a qualidade do serviço com o reajuste, é um
tapa na cara. Eles pedem três vezes mais do que a inflação (5,87%, segundo o
IPCA), mesmo com um lucro líquido de R$ 106,7 milhões em 2013”, criticou o
professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista do setor
Energético, Heitor Scalambrini.
Em 2013, a tarifa para os consumidores
residenciais do Estado teve um acréscimo de 0,79%, resultado da revisão
tarifária periódica da Celpe. Nessa situação, que ocorre a cada quatro anos, o
reajuste é determinado exclusivamente pela Aneel. Já em 2012, a concessionária
solicitou um acréscimo de 8,22%, tendo sido autorizada a repassar 5,41%. A
conta feita pela Aneel para conceder os aumentos considera os custos que a
distribuidora teve com compra e transporte de energia, o pagamento dos encargos
setoriais e a atualização do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) dos
últimos 12 meses.
CRISE - As distribuidoras têm
tido gastos maiores nos últimos meses por causa da queda no nível de água dos
reservatórios das hidrelétricas, responsáveis por 80% da geração da energia do
País. Com a diminuição na oferta de energia elétrica nos leilões, elas
precisaram recorrer às termelétricas e à compra no mercado de curto prazo,
tradicionalmente mais caros do que o primeiro sistema. Este ano, por exemplo, o
preço do Megawatt-hora (MWh) chegou a R$ 800 no mercado de curto prazo, valor
recorde. Para impedir que o repasse aos consumidores seja feito este ano, o
Governo Federal anunciou um empréstimo previsto em R$ 11,2 bilhões para as
concessionárias. O montante deverá ser pago por meio de aumento na conta de luz
em 2015.
Seja como for, a política parece
não ter surtido tanto efeito. Prova disso é que os reajustes de outras
empresas, como da Centrais Elétricas Matogrossenses S/A (Cemat) e da Cemig
Distribuição S/A, chegaram a 11,16% e 14,24%, respectivamente. “O que a Celpe
fez é legal, está no contrato. O que dá para perceber é que grande parte dos
repasses dos empréstimos só deverão, realmente, vir na conta de 2015. Será
ainda pior para o consumidor”, comentou Scalambrini.
Folha de Pernambuco
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