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Nos últimos dias, a população do
Recife tem percebido um incômodo aumento de temperatura.
O tempo parece quente
demais para o mês de abril, que historicamente marcava a transição da estação
seca para a chuvosa no litoral. Esse calor não é só impressão.
Segundo a
Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), nos primeiros oito dias deste mês
a temperatura ficou em torno de 1,9 graus mais alta que a média histórica dos
últimos 30 anos, de 29, 7 graus. Inclusive, segunda-feira (7) foi o dia mais
quente do ano. O termômetro marcou 32,2 graus, com sensação térmica em torno de
34.
Segundo a meteorologista
Aparecida Fernandes, da Apac, a falta de nuvens no céu (que poderiam bloquear
as radiações solares, diminuindo o calor) é consequência da atuação de um
sistema cavado de altos níveis, que provoca chuva nas bordas e inibe no centro.
“As precipitações em Petrolina, no Sertão, foram resultado desse sistema”,
informa. “O calor está maior porque nesse período normalmente já está chovendo
no Recife.” Segundo a Apac, não há previsão de chuva significativa para o
litoral até o dia 15.
Para a meteorologista e
climatologista Franci Lacerda, do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), a
explicação para o calor passa pelo aquecimento do oceano, em consequência de
uma maior absorção de gás carbônico. “Em Pernambuco, a temperatura do mar está
1,5 grau mais alta desde o dia 30 de março”, revela. Segundo a climatologista,
que está coordenando pesquisa sobre mudanças climáticas no Estado, essas águas
mais quentes emitem ondas de calor. “Em alguns locais mais impermeabilizados,
com muitas construções e asfalto, a sensação térmica pode chegar aos 40 graus”,
afirma.
Ela explica que essa mudança
climática já vem sendo percebida nas duas últimas décadas. “Janeiro e fevereiro
deixaram de ser os meses mais quentes. Agora são março e abril”, diz. “Esse
calor está relacionado às alterações climáticas globais e a tendência é
aumentar.”
Mas há outras explicações. Para o
professor de climatologia da Universidade Federal de Pernambuco Lucivânio
Jatobá, os meses de fevereiro, março e abril são tradicionalmente quentes no
Recife porque o Sol, em sua trajetória anual ao redor da Terra, está muito
próximo do Equador. “No último dia 20 de março, estava exatamente sobre o Equador
(dia do equinócio). Desde então, o Recife vem recebendo forte insolação.
Não
creio que as temperaturas elevadas no momento estejam associadas,
obrigatoriamente, ao aquecimento global.” Ele explica que basta haver
diminuição da nebulosidade ou uma anomalia térmica positiva na superfície do
Oceano Atlântico para que os meses de março e abril sejam mais quentes. “Seria
diferente se em julho essas temperaturas estivessem bem mais elevadas para
aquele mês. Aí se poderia pensar em alteração climática até global”, conclui.
Do Jornal do Commercio
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