Todas as grandes maternidades de
alto risco do Estado estão superlotadas, denuncia o Sindicato dos Médicos, que
solicita uma audiência urgente com a Secretaria Estadual de Saúde. O problema
voltou a chamar a atenção pela excessiva presença de gestantes e bebês em
corredores.
Na semana passada, médicos dos
Hospitais Barão de Lucena, Agamenon Magalhães (HAM), Cisam, Jesus Nazareno
(Caruaru) e João Murilo (Vitória) reuniram- se em assembleia, iniciando
mobilização para barrar o que é definido como caos. Baixa qualidade do
pré-natal, maternidade menores fechadas e escalas incompletas nos grandes
serviços seriam a causa dos problemas.
O casal Daniela Silva e Heberson
Sacramento é testemunha da superlotação, durante o nascimento da primeira
filha. Ela deu a luz à criança no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros,
na Zona Norte do Recife, hospital-escola da Universidade de Pernambuco. “Quando
dei entrada, fiquei desesperada, pois não havia vaga, mas acabei ficando”, contou
Daniele. Depois do parto, ela e a filha ainda permaneceram nove horas na sala
de pré-parto por falta de leito nas enfermarias.
Flávia Chaves, assessora da
diretoria do Cisam, confirma a existência de dias com lotação acima da
capacidade. O número reduzido de anestesistas enviados por cooperativa da
especialidade também estaria limitando a assistência em alguns plantões.
Passar por mais de uma
maternidade para ter o direito de parir se repete em outras regiões. Edilza
Silva, moradora de Boa Viagem, acompanhava a filha, de 18 anos, na tarde de
sexta- feira, na triagem da maternidade do Hospital Agamenon Magalhães. “Ela já
está com 9 meses e 12 dias. Sente contrações. Fomos à Maternidade de
Jaboatão-Prazeres e o médico deu Buscopan. Minha filha continua sofrendo, por
isso procuramos o HAM”, contou. Na entrada, outra gestante foi aconselhada a
buscar uma maternidade em Olinda. No Instituto de Medicina Integral Fernando
Figueira, não estatal, mas referência na área, havia, sexta passada, ocupação
de 214% na triagem e pré-parto, além de 16 leitos extras no alojamento
conjunto. Entre as que procuraram o serviço, a jovem Cíntia Alves, que diz ter
parado o pré-natal de alto risco há três meses na Maternidade Barros Lima, da
rede municipal do Recife, depois que o médico deixou o serviço.
“Mesmo naqueles plantões em que
todos os médicos estão trabalhando, é difícil dar conta da assistência em razão
da demanda,duas a três vezes maior”, diz Cláudia Câmara, diretora do Simepe. O
sindicato quer centros regionalizados de parto e convocação de mais concursados
para compor as escalas. Pede convênio com serviços privados para redistribuir
as gestantes em trabalho de parto. “Ninguém consegue trabalhar nessa
sobrecarga, muitos estão adoecendo”, afirma Cláudia. Macas empilhadas nos
corredores e área de bloco cirúrgico servindo de enfermaria para mãe ebebê são
cenários descritos. Há recém-nascidos acomodados em macas, dividindo espaço com
a mãe, em risco de sufocação e quedas. Nas Unidades de Terapia Intensiva,
“incubadoras estão muito próximas e sem fonte de oxigênio suficiente”, denuncia
a entidade.
Fonte: Jornal do Commercio
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