O número de doadores de órgãos no
Brasil aumentou 89,7% nos últimos seis anos. Passou de 1.350, em 2008, para
2.562, em 2013. No mesmo período, o indicador nacional de doadores por milhão
de habitantes subiu de 5,8 para 13,4, enquanto a fila de espera para
transplante caiu de 64.774 mil para 37.736 mil (41,7%).
Dados divulgados hoje (24) pelo
Ministério da Saúde apontam que, nos primeiros seis meses deste ano, o país
realizou 11,4 mil transplantes. Desses, 6,6 mil foram cirurgias de córnea, 3,7
mil de órgãos sólidos (coração, fígado, rim, pâncreas e pulmão) e 965 de medula
óssea. Em 2013, foram realizados 23.457 transplantes.
O coordenador geral do Sistema
Nacional de Transplantes, Heder Murari, sinalizou que o governo deve atingir a
meta de 14 doadores por milhão de habitante até o fim do ano. Lembrou que o
Brasil é o país latino-americano com maior percentual de aceitação familiar
para doação de órgãos. Das famílias brasileiras com situações de morte
encefálica, 56% autorizaram a retirada. Na Argentina, no Uruguai e no Chile, os
índices são, respectivamente, 52,8%, 52,6% e 51,1%.
Apesar dos avanços, o ministério
lançou campanha na tentativa de aumentar a adesão das famílias à doação de
órgãos. O objetivo é mostrar a importância da autorização para retirada de
órgãos, após a confirmação do óbito. É a família que autoriza o procedimento,
quando a situação do paciente é irreversível.
Durante a cerimônia, Arlita
Andrade, viúva do cinegrafista da Band Santiago de Andrade, morto em fevereiro
deste ano, informou que autorizou a doação dos órgãos do marido. "Apesar
do meu sofrimento e da família, confirmamos a autorização assim que ele teve
morte encefálica", assinalou. Acrescentou que foram doados dois rins, o
fígado e as córneas do cinegrafista. "São cinco pessoas que receberam
órgãos e estão vivas", comentou Arlita.
Publicitário, Paulo César
Cavalcante, 58 anos, lamentou a longa espera na fila por um transplante. Após
sofrer um acidente de carro e passar por uma transfusão de sangue, ele soube
que havia contraído hepatite C. Esperou sete anos por um fígado. “Há quatro
anos, recebi o órgão que modificou minha vida completamente. Hoje, agradeço
demais às famílias do meu doador. Voltei a ser o que era. Jogo futebol, pratico
jiu-jitsu e tenho um fígado novo”.
Para reforçar a campanha, o
governo também desenvolveu um aplicativo que fará interface com o Facebook e
notificará familiares no momento em que o usuário da rede social se declarar
doador de órgãos. O internauta pode, ainda, adicionar à foto do perfil um laço
verde, símbolo mundial da doação de órgãos.
Qualquer pessoa que concorde com
a doação pode ser doador, desde que o procedimento não prejudique sua saúde. O
doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, da medula óssea ou do
pulmão. No caso de doadores falecidos, é preciso constatar a morte encefálica.
O ministério ressaltou que a doação de órgãos só ocorre com a autorização da
família.
Agência Brasil
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