Foto: divulgação. |
Fernando Bezerra e Geraldo Julio
em ato político no Recife. Foto: divulgação. Fernando Bezerra e Geraldo Julio
em ato político no Recife.
Com mais de 84% das urnas
apuradas em Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho (PSB) conseguiu desbancar João
Paulo (PT) na acirrada disputa ao Senado deste ano, com direito a virada
socialista nas pesquisas de intenção de voto e alto número de indecisos a
poucos dias das eleições. Com a vitória de FBC, como o senador eleito é
chamado, a Frente Popular de Pernambuco conseguiu eleger a chapa majoritária no
Estado, com Paulo Câmara (PSB) como governador e deixou uma incógnita sobre o
futuro do Partido dos Trabalhadores.
O senador que vai ocupar a
cadeira que foi de Jarbas Vasconcelos (PMDB) nos últimos oito anos pertence à
terceira geração de uma oligarquia que dominou Petrolina, a maior cidade do
Sertão, por quase meio século.
Foi eleito deputado estadual pelo PSD, antigo
Arena, em 1982, mas, após a redemocratização, se aproximou de Miguel Arraes,
avô de Eduardo Campos, e rompeu com a corrente política da família. Desde
então, foi prefeito de Petrolina duas
vezes, secretário na gestão de Eduardo em Pernambuco, ministro no governo Dilma
Rousseff (PT) e até presidente do Santa Cruz Futebol Clube.
Antes de ser escolhido como
candidato ao Senado, Fernando Bezerra Coelho teve seu nome cotado para a
disputa ao Governo do Estado, assim como outros socialistas ligados ao
ex-governador, como Tadeu Alencar e Danilo Cabral. Atendendo a um pedido do próprio
Eduardo, superou seus interesses pessoais em prol do partido, como disse em
fevereiro, no lançamento da pré-candidatura.
Eduardo Campos teve o nome
amplamente explorado por FBC desde o início da pré-campanha e foi o principal
cabo eleitoral também após a sua morte, em 13 de agosto, vítima de acidente
aéreo em São Paulo. Do início de agosto até poucos dias antes deste domingo,
Fernando Bezerra melhorou seu desempenho em mais de vinte pontos em
levantamentos realizados pelo Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau, que
havia apontado queda dele na comparação entre julho e agosto.
O índice de
indecisos a ser conquistados tanto pelo socialista quanto pelo seu adversário
João Paulo sempre esteve perto dos 20%. Embora tenha passado FBC durante boa
parte da campanha, só caindo após a morte de Eduardo, analistas dizem que o
próprio petista articulou, sem querer, a sua derrota desde que, nas eleições
municipais de 2012, rompeu política e pessoalmente com João da Costa (PT),
indicado por ele para o suceder à frente da Prefeitura do Recife. Isso deixou o
partido dividido e tirou a legenda do governo em Pernambuco.
A confusão começou, de acordo com
informações de bastidores, porque João Paulo queria ter ingerência no governo
do seu ex-secretário, o que ele nega. E continuou em 2011, quando era desenhado
o cenário do pleito no ano seguinte. Mesmo mal avaliado na PCR, João da Costa
não abria mão do seu direito de disputar a reeleição, o que não era o desejo do
PT e dos aliados, como Eduardo Campos, por ele não ter sido considerado um
candidato forte para enfrentar a oposição.
Depois da briga, o partido ficou
dividido entre os que apoiavam a candidatura do prefeito e o grupo do senador
Humberto Costa, que acabou disputando a eleição tendo João Paulo como vice.
Quem venceu foi o então desconhecido Geraldo Julio.
Segundo conversas de bastidores,
caso João Paulo tivesse vencido para o Senado, fazendo companhia aos aliados
Humberto Costa e Armando Monteiro, o PT voltaria a ganhar forças e ele sairia
candidato a prefeito do Recife, posto que já ocupou duas vezes. Porém, não
conseguiu e ficará pelo menos dois anos sem cargo público, já que conclui este
ano o seu mandato como deputado federal. Parafraseando Carlos Drummond de
Andrade, “E agora, João?”.
Blog de Jamildo
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