Soldado Pica-Pau e o Maragato |
OS MARAGATOS VÃO AO NORTE
GUMERCINDO SARAIVA e sua tropa dirigiram-se para DOM PEDRITO. De lá iniciaram uma série de ataques relâmpagos contra vários pontos do estado, desestabilizando as posições conquistadas pelos legalistas.
Em seguida rumaram ao norte, avançando em novembro sobre SANTA CATARINA e chegando ao PARANÁ, sendo detidos na cidade da LAPA, a sessenta quilômetros a sudoeste de CURITIBA. Nesta ocasião, o CORONEL CARNEIRO morreu em fevereiro de 1894 sem entregar suas posições ao inimigo, no episódio que ficou conhecido como o CERCO DA LAPA. A obstinada resistência oposta às tropas federalistas na cidade de LAPA-PR, pelo CORONEL CARNEIRO, frustrou as pretensões rebeldes de chegarem à capital da República.
O almirante CUSTÓDIO DE MELO, que chefiara a REVOLTA DA ARMADA contra FLORIANO PEIXOTO, uniu-se aos federalistas e ocupou DESTERRO, atual FLORIANÓPOLIS. De lá chegou a CURITIBA, ao encontro do caudilho-maragato GUMERCINDO SARAIVA.
A resistência da Lapa impediu o avanço da revolução. Gumercindo, então impedido de avançar, bateu em retirada para o RIO GRANDE DO SUL. Morreu em 10 DE AGOSTO DE 1894, após ser atingido por um tiro desferido a traição enquanto reconhecia o terreno na véspera da BATALHA DO CAROVI.
A PAZ
A REVOLUÇÃO FEDERALISTA foi vencida em junho de 1895 no combate de CAMPO OSÓRIO. SALDANHA DA GAMA, possuidor de um contingente de 400 homens, lutou até a morte contra os PICA-PAUS comandados pelo GENERAL HIPÓLITO RIBEIRO.
A paz finalmente foi assinada em PELOTAS no dia 23 DE AGOSTO DE 1895. O presidente da República era então PRUDENTE DE MORAIS, e o emissário do governo federal era o general GALVÃO DE QUEIRÓS.
BALANÇO: A REVOLUÇÃO DAS DEGOLAS
Este conflito propiciou pelo menos 10.000 mortos e incontáveis feridos. A prática da degola dos prisioneiros não foi rara em ambos os lados contendores, adquirindo o caráter revanchista. Por muito tempo foi atribuído ao CORONEL MARAGATO ADÃO LATORRE a degola de 300 PICA-PAUS prisioneiros, às margens do RIO NEGRO, contidos em um cercado para gado, que ficou conhecido como potreiro das almas na cercanias de BAGÉ, hoje território do município de HULHA NEGRA, em 23 de novembro de 1893, após a BATALHA DO RIO NEGRO.
O fato, porém, desmentido por vários documentos históricos, como o diário do general maragato JOÃO NUNES DA SILVA TAVARES, que refere o número de 300 como sendo as baixas totais do inimigo, entre mortos em combates e feridos. O general afirma que o número de degolados foi de 23 “patriotas”, membros das forças provisórias castilhistas, todos assassinos conhecidos em todo o estado, pelas tropelias cometidos contra os federalistas, particularmente no saque a BAGÉ no final de 1892 pelas forças dos coronéis castilhistas PEDROSO E MOTTA. Em 05 de abril no COMBATE DO BOI PRETO há a degola de 250 maragatos em represaria à degola do RIO NEGRO. O PICA-PAU CHERENGUE ou XERENGUE rivalizava com LATORRE em número de degolas praticadas.
Muitas vezes a degola era praticada em meio a zombarias e humilhações. Embora não com freqüência, poderia ser antecedida por castração. Conta-se, por exemplo que apostas eram feitas em corrida de degolados. Na degola convencional a vítima, ajoelhada, tinha as pernas e mãos amarradas, a cabeça estendida para trás e a faca era passada de orelha a orelha. Como se degolasse uma ovelha, rotina nas lides do campo. Os ressentimentos acumulados, as desavenças pessoais, somados ao caráter rude do homem da campanha acostumado a sacrificar o gado, tentam explicar estes atos de selvageria.
Do ponto de vista militar e logístico a degola decorria da incapacidade das forças em combate de fazer prisioneiros, mantê-los encarcerados e alimentá-los, pois, ambas lutavam em situação de grande penúria. Procurava-se, pelo mesmo motivo, poupar munição empregando um meio rápido de execução.
ALMIRANTE LUÍS FILIPI DE SALDANHA DA GAMA |
CONTRA-ALMIRANTE CUSTÓDIO JOSÉ DE MELO. |
ANTÔNIO ERNESTO GOMES CARNEIRO( GENERAL CARNEIRO ) |
Não deixe de ler a primeira parte postada no dia 07 de fevereiro de 2011.
POR JOHNNY RETAMERO DE LEMOS
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