VÍRUS DA VARÍOLA |
OS EFEITOS DA VARÍOLA EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PARTE 3
Contra A varíola, havia o preventivo da vacinação, a que recorria a Câmara, mas de modo precário, por lhe faltar o material necessário, nem sempre remetido a tempo e em quantidade suficiente, do Recife, e ainda por enfrentar preconceitos e relutâncias nas camadas mais humildes da população, justamente as mais atingidas.
Por outro lado, a falta de isolamento dos pestosos contribuía para propagação da doença.
Em 08 de fevereiro de 1850, o Delegado de Salubridade da cidade da Vitória, ANTÔNIO ZEFERINO PONCE DE LEON, oficiava à Câmara solicitando recursos para o exercício de sua missão, nos seguintes termos:
“Tendo morrido, de dezembro para cá, 70 a 80 pessoas de diferentes febres e respectivos ataques asfixiosos, deitando sangue pela boca, e aparecido outros ataques apopléticos, já dentro, já nos arrabaldes, peço que se consiga do Presidente da Província uma pequena botica, que esteja ao meu cuidado, para aplicar remédios grátis aos indigentes”.
Deduz-se dessa petição não só que outros males afligiam a população, como, o que é mais grave, que o agente sanitário nomeado para atender aos doentes não dispunha do mínimo necessário para socorrê-los.
FILAS PARA VACINAÇÃO EM HOSPITAL DO BRONX |
Outro documento expressivo desse lamentável estado é o drámito apelo dirigido, em 10 de julho de 1872, pelo vereador MANOEL JOSÉ PEREIRA BORGES:
“As varíolas e as maleitas estão fazendo bastantes estragos na população deste município e é para lastimar que, em uma cidade tão próxima da Capital, se veja morrer, como animais, os pobres desvalidos, sem socorro, à fome e à falta de curativos;
se fosse um caso ou outro, haveria quem socorresse sem auxílio do Governo, porém são muitos os casos e as perdas de vítimas, e algumas destas, comidas pelos vermes;
e só se vê o clamor da necessidade, não só na cidade, com em seus subúrbios, que se acham contaminados de semelhantes epidemias:
as pessoas que dispõem de alguma fortuna, com mui pouca exceção, sem achar abrigo nem hospital onde se recolham, e, a não valer o Governo, continuarão os desvalidos a ser devastados pela fome e falta de curativos”.
Envio, então, o Presidente da Província o Dr. MIGUEL JOAQUIM DE CASTRO MASCARENHAS e a importância de um conto de réis para socorrer os doentes e, a 24 de janeiro, informava a Câmara ao Governo que tomara as seguintes providências:
“1°) sobre o tratamento de bexigas, de acordo com o Dr. MASCARENHAS, estabeleceu-se uma casa, que serve de lazareto, para aí serem tratados os desvalidos atacados desse mal, e, enquanto esta se punha em estado de os receber, convidou-se, por edital, as pessoas que se quisessem encarregar do fornecimento necessário ao LAZARETO, não só relativo ao alimento, como aos utensílios que se tornam indispensáveis, apresentando suas propostas em carta fechada, e no dia designado, 18 deste mês, estando a Câmara reunida, compareceu somente MANOEL JOSÉ PEREIRA BORGES JÚNIOR, com quem contratamos todo o fornecimento pelos preços indicados na relação que, por cópia, acompanha, encarregando-se, ao mesmo tempo, ao Procurador da Câmara, de acordo com o referido médico, os ajustes dos enfermeiros e serventes, os quais se conseguiram, sendo os preços mensais do enfermeiro e enfermeira, a cada um 20$000, e de três serventes, 14$000 a cada um.
Ontem já teve princípio a recepção de alguns bexigosos indigentes”.
Essa odisséia continuou até o fim do século XIX e nos primeiros anos do século XX, só desaparecendo quando providências eficazes, permanentes e definitivas foram tomadas pelos poderes públicos.
CONTINUA...
OBS: SE OS LEITORES QUISEREM ACOMPANHAR A 1° E A 2° PARTE, É SÓ CLICAR EM HISTÓRIA DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, A DIREITA DA PÁGINA INICIAL.
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FONTE: HISTÓRIA DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
LIVRO DO PROFESSOR JOSÉ ARAGÃO
POSTADO POR JOHNNY RETAMERO E COM A COLABORAÇÃO DE MARIA PEREIRA NOSSA CORRESPONDENTE DIRETO DE CAMPOS SALES-CE.
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