Os cerca de 34 mil operários das obras de construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e da PetroquímicaSuape estão há 15 dias em negociação de data-base com as empresas responsáveis pelos empreendimentos e ontem, após assembleia em um dos canteiros no Complexo Industrial Portuário de Suape, ficaram em “estado de assembleia permanente” e não trabalharam.
Hoje, reúnem-se novamente para ouvir do Sindicato dos Trabalhadores na Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplenagem em Geral de Pernambuco (Sintepav-PE) a contraproposta apresentada pelo Sindicato das Indústrias da Construção Pesada (Sincon), representante patronal: R$ 180 (reajuste de 11%, em cima dos R$ 160 atuais), 10% de reajuste salarial e passagens aéreas para trabalhadores que residem a mais de mil quilômetros de distância das obras.
Poderia ser um meio termo, mas o presidente do Sintepav, Aldo Amaral, acredita que as propostas não serão aprovadas e já há ameaças que a categoria entre em greve. Os trabalhadores reivindicam aumento de 15% e que a cesta básica chegue a R$ 300.
Além disso, querem folga de campo de cinco dias a cada 90 dias de trabalho (substituindo as folgas de cinco dias a cada 120 de trabalho). Outro impasse é o desconto dos dias parados na greve anterior, finalizada em 29 de março, autorizado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-5), que julgou o movimento ilegal.
Após reunião na tarde de ontem, Amaral considerou haver um “pequeno avanço”, mas já afirmava que a categoria esperasse propostas maiores. Sobre as chances da greve começar amanhã, o presidente do Sintepav justificou que as negociações já acontecem há 15 dias e é preciso “apertar os patrões”.
O lado patronal se disse “surpreso” com a paralisação de ontem. “Estamos em negociação e somos surpreendidos por essa greve”, disse a advogada do Sinicon, Margareth Rubem - para as empresas, disse, o “estado de assembleia” é uma paralisação “mascarada”, já que não houve expediente ontem em nenhuma das obras. “Em julho de 2010, a cesta básica era de R$ 25 e foi reajustada para R$ 160 em março. É um aumento de 540%. Agora, eles querem que vá para R$ 300”, avaliou a advogada.
Quando o TRT-5 considerou ilegal a greve da categoria, autorizou o desconto imediato dos dias parados e concedeu as reivindicações dos trabalhadores, que pediam R$ 160 de cesta básica e pagamento de 100% do valor das horas extras em expedientes aos sábados. Já naquela ocasião, o Sintepav declarava que tentaria negociar o abono.
Cumprindo a determinação do TRT, as empresas têm feito os descontos, “sempre nas rescisões de contrato”, segundo a advogada. A greve anterior, a maior da história de Pernambuco, teve 45 dias de negociações, intervenções de instituições classistas nacionais e do Ministério Público do Trabalho.
Da Folha de Pernambuco
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