quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Saúde: AIDS avança em Pernambuco


Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.

Pernambuco é o Estado com maior incidência de AIDS no Nordeste. A taxa pernambucana foi de 17 casos por cada 100 mil habitantes no ano passado, enquanto a nordestina ficou em 12,6. Apesar disso, o número é inferior à média nacional, de 17,9. Em 12º lugar no ranking nacional, Pernambuco é ainda o único representante do Nordeste entre os 15 Estados em pior situação no Brasil, liderado pelo Rio Grande do Sul, com taxa de incidência de 37,6. Os números fazem parte do Boletim Epidemiológico AIDS/DST 2011, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde (MS). Em âmbito nacional, a prevalência (estimativa de pessoas infectadas pelo vírus HIV) permanece estável, em cerca de 0,6% da população. O relatório é divulgado às vésperas do Dia Mundial de Luta contra a AIDS, que será celebrado na quinta-feira, 1º de dezembro.

Nos últimos dez anos, a incidência de AIDS quase que dobrou em Pernambuco. De acordo com dados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), a taxa de infectados por 100 mil habitantes saltou de 9,6 em 2000 para os 17 verificados em 2010. Só entre 2009 (13,7) e o ano passado, o aumento foi de 24%.


O coordenador do Programa Estadual de DST/AIDS da Secretaria Estadual de Saúde (SES), François Figueirôa, disse que os números referentes a Pernambuco se mantêm estáveis na série histórica. Segundo ele, a média nos últimos cinco anos foi de 1.150 novos casos por ano. "Pernambuco continua em primeiro no Nordeste. Temos uma epidemia estabilizada, mas em um patamar alto. Gostaríamos que estes números fossem bem menores, mas os investimentos estão sendo feitos", afirmou. Segundo ele, o Estado distribui, por mês, 1,4 milhão de camisinhas nos 184 municípios pernambucanos e trabalha com públicos específicos, como mulheres, homossexuais e portadores de necessidades especiais.

Para o gestor, um dos motivos do alto número de casos registrados no Estado é que há pouca subnotificação. "Perdemos muito poucos casos de AIDS. Isso contribui para que estejamos onde estamos", ponderou François. Apesar disso, somente 34 municípios oferecem testagem para HIV à população.

Conforme dados do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais e da Secretaria de Vigilância em Saúde, Pernambuco registrou 18.215 casos de AIDS entre 1980 e 2011. Dos nordestinos, apenas a Bahia, com uma população quase duas vezes maior, teve mais casos notificados no período, com 19.290 registros.

Nos últimos 30 anos, 652 pessoas morreram por AIDS em Pernambuco. No ano passado, foram 34 óbitos em virtude da doença, o que representa uma taxa de mortalidade de 2,1 por 100 mil habitantes. O coeficiente é quase três vezes menor que o nacional, que ficou em 6 em 2010.

As unidades de saúde de referência no tratamento da AIDS no Estado são os Hospitais das Clínicas, Correia Picanço, Oswaldo Cruz e Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).

O Recife também aparece em situação desconfortável no boletim. Ostenta a pior colocação entre as capitais do Nordeste, com incidência de 33,4 por grupo de 100 mil habitantes, em décimo no ranking brasileiro. Há outras três cidades nordestinas entre as 15 piores: São Luís, em 11º lugar, com taxa de 30,9, Salvador, em 12º, com 28,9, e Teresina, em 15º, com 25,4.

O Nordeste, que tem 27,8% da população do País, concentra 19,6% dos casos de AIDS. A região registrou 6.702 novos casos da doença no ano passado e 2.652 entre janeiro e junho deste ano. Foram 78.686 registros de 1980 a 2011.

Saiba mais

1.150 = É a média anual de novos casos da doença registrados no Estado ao longo dos últimos cinco anos, segundo a Secretaria de Saúde.

Estado terá estudo de prevalência

No ano que vem, Pernambuco terá, pela primeira vez, um estudo de prevalência para indicar uma estimativa de pessoas infectadas pelo HIV dentro da população em geral. O anúncio foi feito ontem pelo coordenador do Programa Estadual de DST/AIDS da Secretaria Estadual de Saúde (SES), François Figueirôa.

De acordo com o Boletim Epidemiológico AIDS/DST 2011, a prevalência nacional da AIDS é de 0,6% e se manteve estável nos últimos anos. O objetivo do novo estudo será aferir se a prevalência estadual acompanha a brasileira. "O trabalho será feito por amostragem. Além de saber se estamos dentro da média nacional de prevalência, ficaremos monitorando depois em intervalos regulares de dois ou três anos", explicou.

Segundo ele, o estudo de prevalência depende apenas de processo licitatório e custará R$ 70 mil. A expectativa é que ele seja realizado ainda no primeiro semestre de 2012.

SERVIÇOS

François Figueirôa ressaltou ainda que a prioridade da SES é garantir atendimento aos pacientes com HIV. O Estado criou, este ano, Serviços de Assistência Especializada em HIV e AIDS (SAEs) nos municípios de Paulista, Serra Talhada e Afogados da Ingazeira. Em Pernambuco, hoje, há 19 SAEs, que ofertam atendimento integral com uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de medicina, psicologia, enfermagem, farmácia, nutrição e assistência social.

Até o fim do ano, a secretaria vai instalar o serviço no Cabo de Santo Agostinho, Palmares, Limoeiro e Hospital Geral do Exército, no Recife. O intuito do governo é que haja pelo menos uma SAE em cada sede das 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres).

Jovens gays são principais vítimas

Na contramão da tendência nacional, a AIDS avançou 60% em dez anos entre os jovens homossexuais que têm entre 15 e 24 anos. O Boletim Epidemiológico AIDS/DST 2011 mostrou que, no ano passado, houve 514 novos casos de infecção por HIV entre gays, o que corresponde a 26,9% das notificações da doença nessa faixa etária. Em 2000, foram 321 casos, o equivalente a 19,8% dos registros.

Entre os jovens homens e heterossexuais com idades de 15 a 24 anos, os casos caíram de 483 (29,8%) em 2000 para 411 (21,5%) em 2010. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o risco de um jovem gay ter o vírus da AIDS é 13 vezes maior que a de outras pessoas da mesma faixa etária. É o público mais vulnerável, assim como travestis e garotas de 13 a 19 anos. Tanto que a campanha contra a doença será voltada aos jovens homossexuais.

No geral, a incidência de AIDS teve leve redução entre 2009 e 2010, caindo de 18,8 por 100 mil habitantes para 17,9. As mortes também sofreram redução: de 35.980 para 34.218. "O Brasil segue a tendência mundial de redução de casos e óbitos ao longo dos anos. As pessoas estão vivendo mais e melhor com a doença, graças ao acesso aos medicamentos", afirmou o ministro Alexandre Padilha, segundo comunicado divulgado pelo MS. Ele destacou que o ministério está investindo na expansão da testagem rápida. "Quanto mais cedo o vírus é descoberto, mais cedo tem início o tratamento, proporcionando qualidade de vida para quem convive com a doença", frisou.

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