Do
Blog do Jamildo
Famílias
de sitiantes que vivem no Engenho Una, localizado em Moreno/PE relataram à
Comissão Pastoral da Terra denuncias de crimes ambientais promovidos pela Usina
Auxiliadora, localizada no mesmo município. A CPT esteve presente no local e
encaminhou a denúncia na tarde desta quinta à Agência Estadual de Meio Ambiente
Recursos Hídricos – CPRH.
De
acordo com a denúncia, a Usina Auxiliadora vem constantemente despejando
vinhoto no Riacho do Engenho Una, ou no “Rio Grande do Engenho Una”, como é
conhecido pelos sitiantes que vivem na região. O Rio nasce no Engenho
Fortaleza, passa pelos Engenhos Una, Pocinho e Camaçari e deságua no Sistema
Duas Unas - Barragem da Compesa, que está localizada na BR 232, em Jaboatão e
que é responsável por parte do abastecimento d’água na região metropolitana do
Recife.
O
vinhoto, despejado no rio, é uma substância tóxica resultante do processo de
fabricação do açúcar e do álcool a partir da cana-de-açúcar. A substância ao
entrar em contato com o solo e com a água dos rios provoca contaminação e uma
série de problemas ambientais.
Segundo
um dos moradores do Engenho Una, que preferiu não se identificar, em época de
moagem, a Usina solta o vinhoto no rio constantemente.
“No
início desta moagem, que começou em setembro passado, dava pena de chegar perto
do rio, os peixes tudo pequeno, era traíra, jundiá, tudo morto." O
trabalhador comentou ainda que "o povo da Usina disse que foi por causa de
um cano estourado, que eles não tinham dado fé, mas que iam resolver. Só sei
que tá assim até hoje, quando pensa que não, eles despejam o vinhoto”.
Ainda
em setembro, os moradores do Engenho se mobilizaram e encaminharam uma denúncia
ao CPRH sobre o caso. "Mas até agora nada mudou”, informou o trabalhador.
De
acordo com as famílias este não é um problema de setembro pra cá. Outro
sitiante que vive no Engenho Una desde que nasceu, há 68 anos, informou que o
problema é muito antigo.
“Nesse
rio passa muito vinhoto há muitos anos e nunca ninguém fez nada”, destacou. Na
região, mais de 30 famílias de sitiantes vivem e utilizam a água do rio, todos
os dias, para tomar banho, lavar roupas, fornecer água aos animais, além de
outras utilidades.
Com
a denuncia, a CPT e os moradores do Engenho Una reivindicam que o CPRH realize
imediatamente fiscalização na área e que sejam tomadas todas as medidas
necessárias, seja a aplicação de multas, à responsabilização civil,
administrativa e penal, prevista na Lei de Crimes Ambientais, além da reparação
dos danos causados na região e às famílias de sitiantes.
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