Da
Agência Estado
imagem: culturamix.com |
O carnaval começou três dias antes para os deputados federais. Nada que
os impeça, no entanto, de receber cerca de R$ 2 mil apenas para marcar presença
no painel fantasma da Câmara. Nessa quarta-feira (15), a Casa fez sessão
deliberativa somente para analisar projetos previamente acordados, sem votação
nominal.
Bastou a deputados marcarem presença para não sofrer desconto no
salário, garantindo a folia pré-carnavalesca remunerada. Cenário comum somente às quintas-feiras, quando os deputados voltam para os
seus Estados, a Câmara ficou vazia ontem, na esteira do bloco dos fujões. A
maioria dos deputados anotou presença, garantiu o salário e foi embora.
É o
caso, por exemplo do deputado Fernando Torres (PSD-BA): ele marcou presença no
plenário às 9h04 e, minutos mais tarde, às 9h42 foi flagrado no aeroporto
Juscelino Kubitschek, em Brasília, pela reportagem.
O deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi outro que fez questão de confirmar presença
cedo no plenário, às 9h07, mas foi para o aeroporto três horas depois, às
12h10. Aberta às 9h, a ordem do dia da Câmara, quando são votados os projetos,
começou às 11h08 com 303 deputados. Menos de duas horas depois, a sessão
presidida pela deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) foi encerrada e o painel já
registrava a presença de 407 deputados.
Ao longo do dia, a presença virtual foi subindo, chegando a 450 deputados no
final da tarde. Na realidade, porém, apenas meia dúzia de parlamentares passou
o dia se revezando ao microfone em discursos entediantes.
“É complicado pegar avião para Salvador na véspera de carnaval”, justificou o
deputado Sérgio Barrradas Carneiro (PT-BA). Irmão do prefeito de Salvador, João
Henrique (PDT), Carneiro argumentou que a maioria do trabalho de parlamentar
não é feito no plenário, e sim no Estado. “Estar em plenário e votar é apenas
uma das atividades de um parlamentar”, disse o petista, relator do Código de
Processo Civil.
Para evitar que os parlamentares sofram desconto no salário, como o caso do
deputado Romário (PSB-RJ), que não apareceu na sessão pela manhã, a presidência
da Câmara deixou o painel aberto durante todo o dia de ontem.
Em fevereiro, cada ausência em sessão deliberativa poderá custar R$ 2.087,74
descontados no contracheque. Cada deputado recebe R$ 26.723,13 mensais. Parte
desse salário, o equivalente a 62,5% (R$ 16.701,96), é passível de desconto,
variando de acordo com o número de sessões deliberativas no mês. Até agora, a
Câmara fez seis sessões de votação. A expectativa é que até o fim de fevereiro
sejam feitas, pelo menos, mais duas sessões, totalizando oito no mês.
SERVIDORES - Os servidores da Câmara também vão receber hora extra porque a
sessão ultrapassou as 19 horas. Isso só ocorreu porque o líder do PSD,
Guilherme Campos (SP), decidiu apresentar de última hora uma questão de ordem
sobre a divisão de cargos em comissões da Casa. A Câmara pagará o equivalente a
uma hora extra para os funcionários que registraram presença no ponto
eletrônico.
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