Fonte:
Agência Brasil
Os
trabalhadores podem ter um cenário de correções salariais acima da inflação no
geral. A previsão foi feita nesta quarta-feira (21) pelo economista José
Silvestre, coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ao apresentar o Balanço das
Negociações dos Reajustes Salariais de 2011. “Não há nada no cenário
[econômico] que indique que nós tenhamos em 2012 um recuo do ponto de vista dos
ganhos reais [acima da inflação]”.
De
acordo com o balanço do Dieese, 87% das negociações no ano passado resultaram
em aumentos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Silvestre acredita
que esse êxito nas barganhas com os empresários tende a se repetir neste ano.
A
estimativa, segundo ele, vem de vários fatores. Em primeiro lugar, porque o
mercado interno deve continuar aquecido, podendo inclusive compensar eventuais
adversidades provocadas pelo desaquecimento no mercado internacional como, por
exemplo, a perda de espaço da indústria brasileira. Além disso, ele apontou
como favorável a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a
taxa básica de juros, a Selic, continuará em queda.
Outros
fatores que poderão auxiliar os representantes das classes trabalhadoras a
convencer os patrões a conceder aumentos em índices superiores à inflação,
segundo Silvestre, são o reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 545 para
R$ 622, em janeiro, e a taxa de inflação com estimativa de ficar abaixo da
registrada no ano passado (6,5%).
Ele
reconheceu que o processo conhecido como desindustrialização poderá dificultar
um pouco as negociações. Mas ainda assim está convicto de que os trabalhadores,
principalmente aqueles com data-base no segundo semestre, têm grandes chances
de manter as correções com taxas acima da inflação.
No
ano passado, em 90% dos reajustes obtidos pelos empregados da indústria, os
índices ficaram acima da inflação, mantendo-se a média de aumentos reais dos
últimos quatros anos. A maioria, porém, ficou na faixa de ganhos entre 1% e 2%.
Já o universo de negociações com correção inferior à inflação atingiu os 3%.
No
comércio, os ganhos reais atingiram 97,3% das negociações e apenas 1% teve
aumentos inferiores à inflação. No setor de serviços, as negociações foram
favoráveis em 76,3% dos casos e, em 12%, houve perda salarial.
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