domingo, 22 de abril de 2012

APRENDENDO A LIDAR COM AS PERDAS

Do Folhape
imagem: samanthaperfeita.blogspot.com

Pouco divulgada no País, Terapia do Luto trabalha aceitação das perdas. Desde pequenos, somos ensinados que o ciclo da vida consiste em nascimento, desenvolvimento e morte. Ainda assim, esta última etapa ainda representa um momento difícil de ser aceito, principalmente em uma sociedade que enaltece a juventude a todo custo.

A morte, portanto, tornou-se sinônimo de medo e angústia. Com o intuito de ajudar as pessoas que estão passando por esse processo, a Terapia do Luto, modalidade ainda pouco conhecida no País, procura mostrar que ela deve ser encarada como um processo natural. Constantemente, somos confrontados com sentimentos de perda. A morte de uma pessoa próxima, o término de um relacionamento, uma desilusão profunda. Como feridas abertas, à espera de serem cicatrizadas, esses episódios costumam desnortear quem está passando por eles. Nesse sentido, a Terapia do Luto atua como um apoio para o indivíduo aceitar a inevitabilidade de alguns fatos.

“Nossa sociedade é muito pouco preparada para a morte, as perdas e o luto. Podem acontecer dois extremos: ou a pessoa é estimulada a ‘seguir a vida’ a qualquer preço, reprimindo a dor, ou pode se entregar eternamente ao sofrimento, manifestando até um adoecimento concreto como um quadro clinico de Depressão Maior. É mais que necessário que haja ‘educação para a morte’ para que seja ‘permitido’ trazer a dor para o plano da consciência”, afirma a psicoterapeuta Adriana Thomaz.


Ela pontua que, apesar do nome, a Terapia do Luto não constitui, necessariamente, em um tratamento, podendo resumir-se a um único encontro. “A periodicidade depende das condições em que o enlutado se encontra, as quais dependem, entre outras coisas, do vínculo afetivo com a pessoa perdida e das historias de perdas anteriores a esta”, explica a profissional. “Acolher e oferecer espaço para a manifestação dos sentimentos, sejam eles quais forem, também faz parte do cuidado oferecido ao enlutado”, completa.

Segundo Adriana Thomaz, tendo como base os estudos do inglês John Bowlby, o luto possui quatro fases prin
Entopercimento”, quando a pessoa ainda está em choque e tende a acreditar na reversibilidade da morte da pessoa querida, negando, muitas vezes, os fatos;
Anseio e Protesto”, momento em que tenta-se recuperar a pessoa perdida, mecanismo geralmente acompanhado de raiva e revolta;
Desespero”, fase bastante difícil, na qual a pessoa se dá conta de que sua perda é irrecuperável, em geral acompanhada de apatia, tristeza e isolamento;
Recuperação e Restituição’, quando a adaptação à nova vida e às mudanças começam a se tornar menos dolorosas.

A profissional ressalta que é comum vivenciar, em um mesmo dia, várias dessas fases, havendo mescla de sentimentos, como alegria e tristeza. Nesse sentido, ela afirma que não há “certo e errado” quando se fala em manifestação do pesar. “A individualidade do pesar deve ser garantida para que a família possa se reestruturar promovendo uma redistribuição dos papeis exercidos”, pontua.

Acontecimento inevitável, a morte pode ser mais bem aceita se for trabalhada a ideia de que o sofrimento existe, pode - e deve - ser experienciado, mas também superado.

“Vivenciar um luto saudável é permitir que a dor venha, diminua, cresça, diminua, mas, principalmente, mude, se transforme e se torne intima, conhecida e que já não ameace mais e possa se esvanecer no seu tempo. O tempo de cada um”, finaliza Adriana Thomaz.

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