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| imagem: samanthaperfeita.blogspot.com |
Pouco
divulgada no País, Terapia do Luto trabalha aceitação das perdas. Desde
pequenos, somos ensinados que o ciclo da vida consiste em nascimento,
desenvolvimento e morte. Ainda assim, esta última etapa ainda representa um
momento difícil de ser aceito, principalmente em uma sociedade que enaltece a
juventude a todo custo.
A morte,
portanto, tornou-se sinônimo de medo e angústia. Com o intuito de ajudar as
pessoas que estão passando por esse processo, a Terapia do Luto, modalidade
ainda pouco conhecida no País, procura mostrar que ela deve ser encarada como
um processo natural. Constantemente,
somos confrontados com sentimentos de perda. A morte de uma pessoa próxima, o
término de um relacionamento, uma desilusão profunda. Como feridas abertas, à
espera de serem cicatrizadas, esses episódios costumam desnortear quem está
passando por eles. Nesse sentido, a Terapia do Luto atua como um apoio para o
indivíduo aceitar a inevitabilidade de alguns fatos.
“Nossa
sociedade é muito pouco preparada para a morte, as perdas e o luto. Podem
acontecer dois extremos: ou a pessoa é estimulada a ‘seguir a vida’ a qualquer
preço, reprimindo a dor, ou pode se entregar eternamente ao sofrimento,
manifestando até um adoecimento concreto como um quadro clinico de Depressão
Maior. É mais que necessário que haja ‘educação para a morte’ para que seja ‘permitido’
trazer a dor para o plano da consciência”, afirma a psicoterapeuta Adriana
Thomaz.
Ela pontua
que, apesar do nome, a Terapia do Luto não constitui, necessariamente, em um
tratamento, podendo resumir-se a um único encontro. “A periodicidade depende
das condições em que o enlutado se encontra, as quais dependem, entre outras
coisas, do vínculo afetivo com a pessoa perdida e das historias de perdas
anteriores a esta”, explica a profissional. “Acolher e oferecer espaço para a
manifestação dos sentimentos, sejam eles quais forem, também faz parte do
cuidado oferecido ao enlutado”, completa.
Segundo
Adriana Thomaz, tendo como base os estudos do inglês John Bowlby, o luto possui
quatro fases prin
“Entopercimento”, quando a pessoa ainda está em
choque e tende a acreditar na reversibilidade da morte da pessoa querida,
negando, muitas vezes, os fatos;
“Anseio e Protesto”, momento em que tenta-se recuperar
a pessoa perdida, mecanismo geralmente acompanhado de raiva e revolta;
“Desespero”, fase bastante difícil, na qual a
pessoa se dá conta de que sua perda é irrecuperável, em geral acompanhada de
apatia, tristeza e isolamento;
‘Recuperação e
Restituição’,
quando a adaptação à nova vida e às mudanças começam a se tornar menos
dolorosas.
A
profissional ressalta que é comum vivenciar, em um mesmo dia, várias dessas
fases, havendo mescla de sentimentos, como alegria e tristeza. Nesse sentido,
ela afirma que não há “certo e errado” quando se fala em manifestação do pesar.
“A individualidade do pesar deve ser garantida para que a família possa se
reestruturar promovendo uma redistribuição dos papeis exercidos”, pontua.
Acontecimento
inevitável, a morte pode ser mais bem aceita se for trabalhada a ideia de que o
sofrimento existe, pode - e deve - ser experienciado, mas também superado.
“Vivenciar
um luto saudável é permitir que a dor venha, diminua, cresça, diminua, mas,
principalmente, mude, se transforme e se torne intima, conhecida e que já não
ameace mais e possa se esvanecer no seu tempo. O tempo de cada um”, finaliza
Adriana Thomaz.

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