Katherine Coutinho
Do G1 PE
'Biblioteca-jumento' disponibiliza livros para comunidades rurais da Mata Sul de Pernambuco.
(Foto: Luciano Campêlo / Divulgação)
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Uma biblioteca itinerante que tem como meio de transporte um jumento. A ideia inusitada faz parte do projeto 'Livros Andantes', que passeia atualmente pela Mata Sul de Pernambuco incentivando a leitura nas comunidades rurais de Raiz de Dentro e Estevinhas, em Amaraji. Cada um dos povoados vai receber quase 200 livros e cordéis, que ficam para a comunidade depois dos 16 encontros promovidos pelo projeto. Os encontros acontecem sempre aos domingos, com participação de professores e arte-educadores capacitados em oficinas do Livros Andante
Neste domingo (29), o projeto esteve na comunidade de Raiz de Dentro durante a manhã. Na parte da tarde, foi a vez de Estevinhas, ambos no município de Amaraji .
“Pela nossa experiência, depois do 16º encontro, a comunidade já tem certa intimidade com os livros, já vai em busca deles. Afinal, nosso objetivo é realmente esse, deixar os livros, formar novos leitores”, conta Clara Angélica, coordenadora do projeto.
A escolha do jumento como meio de levar os livros às comunidades, que não tem um acesso fácil, faz parte do processo de conquista do público. “Quando eu pensei no projeto, pensei em ir em busca desse potencial leitor, que não tem como se deslocar até a biblioteca da cidade. O jumento é um meio de transporte bastante comum na região, eles usam para transportar o que plantam, como banana, inhame, cará. Era uma forma de fazer parte do cotidiano deles”, explica a coordenadora.
A primeira edição do projeto aconteceu em 2009, no povoado de Prata Grande, onde o projeto comemora mais de 1.200 empréstimos, e de Estivas, ambos em Amaraji. “Uma coisa que é muito legal é a receptividade, o encantamento que o livro provoca. Na primeira vez, muitos chegaram a cavalo e ficaram dentro de um abrigo. É todo um processo de conquista. No dia seguinte do primeiro encontro, seis adultos foram lá me procurar para serem alfabetizados”, lembra a coordenadora.
Nesta edição, além da ‘biblioteca-jumento’, o projeto criou também um cineclube, que leva curtas-metragens ligados às temáticas da comunidade. No primeiro encontro deste ano, no último dia 15 de abril, o filme foi ‘Terra para Rose’, de Tetê Moraes, documentário de 1985 que fala sobre reforma agrária. “Eles se identificaram, lembraram que foram de Vitória de Santo Antão para o Recife a pé, compartilharam experiências”, conta animada Clara.
Para esse domingo (29), o cineclube apresenta um documentário sobre mulheres que raspam mandioca. “É um documentário, um curta que tem totalmente a ver com a realidade deles. Eles têm casa de farinha, plantam a mandioca”, acrescenta a coordenadora.
Um comentário:
É fogo... Ninguém pensou na situação desse pobre animal carregando todo esse peso... Existem tantas maneiras de incentivar a leitura. Sinceramente, considero lamentável essa cena!
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