sexta-feira, 13 de abril de 2012

Justiça Eleitoral dá golpe na democracia e interfere no resultado da eleição de 2012 em Caruaru



Por: * Rivaldo Soares
Caruaru já atingiu, hoje, a marca de 208.154 eleitores inscritos, segundo o site do TRE-PE. Esse marco histórico nos transforma na primeira cidade do interior de Pernambuco a atingir a maioridade eleitoral com o advento das eleições em dois turnos, o que dá ao eleitor maior poder de escolha, acabando com a histórica polarização entre os dois grupos que sempre mandaram na cidade.

Isso seria muito bom se ocorresse. Porém o TSE – Tribunal Superior Eleitoral, compelido pelo TRE de Pernambuco que indicou Caruaru para que fosse feito o recadastramento biométrico, iniciado no ano passado, deverá cancelar cerca de 20.000 títulos de eleitores que por um motivo ou por outro não compareceram para se recadastrar, ainda.

Afirmar que essas 20.000 pessoas já morreram, a Justiça não vai poder fazê-lo, pois foi realizado também um recadastramento pelo TRE, em 2010, onde cerca de 5.000 títulos eleitorais de pessoas que passaram mais de três eleições sem votar (o que se pressupõe que estejam mortas) foram cancelados em Caruaru.
Porque a Justiça Eleitoral não indicou Petrolina ou Garanhuns, cidades que não têm nenhuma chance de atingir a marca dos 200.000 eleitores este ano, para o recadastramento biométrico? Porque indicou justamente Caruaru?

A resposta está no PODER. O poder não quer que as novas lideranças cresçam, como sempre ocorre nas cidades que têm eleições em dois turnos. Em Campina Grande, por exemplo, o terceiro colocado nas pesquisas ganhou a eleição de 2008, batendo os dois grupos que historicamente mandavam na cidade. Um ex-vereador cabeludinho com pouco mais de 30 anos de idade (Veneziano Vital do Rego) governa Campina já há dois mandatos e faz um excelente governo, diferentemente de Caruaru, que ainda é governada pelos velhos caciques.


A Justiça Eleitoral dificultou a vida do povo de Caruaru. No início do recadastramento, em março de 2011, apenas nove guichês funcionavam. Depois de nós reclamarmos muito, aumentaram para 18 guichês de atendimento, em julho. Só no final do primeiro prazo para terminar, em dezembro de 2011, foi que a Justiça intensificou os trabalhos devido ao baixo número de eleitores cadastrados. Cerca de 3.000 pessoas diariamente se apinhavam na fila de espera, com colchões, banquinhos e muita paciência, chegavam a esperar até 24 horas para serem atendidas. Até dezembro, só tínhamos 160.000 cadastrados.

A Justiça reabriu os trabalhos para o recadastramento só em 23 de janeiro deste ano e já pré-definiu o atendimento de apenas 200 eleitores por dia. Isso foi o que informou os responsáveis pelo TRE em Caruaru, pois só nove guichês foram disponibilizados para essa reta final dos trabalhos.

Como temos apenas 75 dias úteis de 23 de janeiro até o final do prazo, em 09 de maio próximo, apenas 20.000 eleitores devem ser recadastrados, por definição do próprio TRE de Pernambuco, que não vem fazendo mais propaganda de televisão e rádio específica para Caruaru, como fez no final do ano de 2011. Portanto, o próprio TRE não está interessado que Caruaru atinja o total de eleitores recadastrados, que ainda são muitos e precisam ser incentivados a comparecer ao Cartório Eleitoral para o recadastramento.

Os governantes estão rindo à toa, pois foram beneficiados com a falta de interesse da Justiça. Ainda há tempo, mas se a Justiça continuar sem investir para que possamos atingir a meta dos 200.000 eleitores cadastrados em Caruaru, teremos que esperar para termos a chance de uma mudança política na cidade, que é a maior do interior do Estado, mas que ainda tem currais eleitorais que a relega a uma política de coronéis.

Estudamos ir ao Supremo Tribunal Federal com um mandato de segurança para garantir que todos possam votar, recadastrados ou não, pois esse problema foi gerado pelo TRE, que nos levou a essa situação, e não do povo, que foi a única vítima dessa manobra.

* Rivaldo Soares é suplente de deputado e membro do diretório regional do PMDB.

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