Por: * Rivaldo Soares
Caruaru já atingiu, hoje, a
marca de 208.154 eleitores inscritos, segundo o site do TRE-PE. Esse marco
histórico nos transforma na primeira cidade do interior de Pernambuco a atingir
a maioridade eleitoral com o advento das eleições em dois turnos, o que dá ao
eleitor maior poder de escolha, acabando com a histórica polarização entre os
dois grupos que sempre mandaram na cidade.
Isso seria muito bom se
ocorresse. Porém o TSE – Tribunal Superior Eleitoral, compelido pelo TRE de
Pernambuco que indicou Caruaru para que fosse feito o recadastramento
biométrico, iniciado no ano passado, deverá cancelar cerca de 20.000 títulos de
eleitores que por um motivo ou por outro não compareceram para se recadastrar,
ainda.
Afirmar que essas 20.000
pessoas já morreram, a Justiça não vai poder fazê-lo, pois foi realizado também
um recadastramento pelo TRE, em 2010, onde cerca de 5.000 títulos eleitorais de
pessoas que passaram mais de três eleições sem votar (o que se pressupõe que
estejam mortas) foram cancelados em Caruaru.
Porque a Justiça Eleitoral
não indicou Petrolina ou Garanhuns, cidades que não têm nenhuma chance de
atingir a marca dos 200.000 eleitores este ano, para o recadastramento
biométrico? Porque indicou justamente Caruaru?
A resposta está no PODER. O
poder não quer que as novas lideranças cresçam, como sempre ocorre nas cidades
que têm eleições em dois turnos. Em Campina Grande, por exemplo, o terceiro
colocado nas pesquisas ganhou a eleição de 2008, batendo os dois grupos que
historicamente mandavam na cidade. Um ex-vereador cabeludinho com pouco mais de
30 anos de idade (Veneziano Vital do Rego) governa Campina já há dois mandatos
e faz um excelente governo, diferentemente de Caruaru, que ainda é governada
pelos velhos caciques.
A Justiça Eleitoral
dificultou a vida do povo de Caruaru. No início do recadastramento, em março de
2011, apenas nove guichês funcionavam. Depois de nós reclamarmos muito,
aumentaram para 18 guichês de atendimento, em julho. Só no final do primeiro
prazo para terminar, em dezembro de 2011, foi que a Justiça intensificou os
trabalhos devido ao baixo número de eleitores cadastrados. Cerca de 3.000
pessoas diariamente se apinhavam na fila de espera, com colchões, banquinhos e
muita paciência, chegavam a esperar até 24 horas para serem atendidas. Até
dezembro, só tínhamos 160.000 cadastrados.
A Justiça reabriu os
trabalhos para o recadastramento só em 23 de janeiro deste ano e já pré-definiu
o atendimento de apenas 200 eleitores por dia. Isso foi o que informou os
responsáveis pelo TRE em Caruaru, pois só nove guichês foram disponibilizados
para essa reta final dos trabalhos.
Como temos apenas 75 dias
úteis de 23 de janeiro até o final do prazo, em 09 de maio próximo, apenas
20.000 eleitores devem ser recadastrados, por definição do próprio TRE de
Pernambuco, que não vem fazendo mais propaganda de televisão e rádio específica
para Caruaru, como fez no final do ano de 2011. Portanto, o próprio TRE não
está interessado que Caruaru atinja o total de eleitores recadastrados, que
ainda são muitos e precisam ser incentivados a comparecer ao Cartório Eleitoral
para o recadastramento.
Os governantes estão rindo à
toa, pois foram beneficiados com a falta de interesse da Justiça. Ainda há
tempo, mas se a Justiça continuar sem investir para que possamos atingir a meta
dos 200.000 eleitores cadastrados em Caruaru, teremos que esperar para termos a
chance de uma mudança política na cidade, que é a maior do interior do Estado,
mas que ainda tem currais eleitorais que a relega a uma política de coronéis.
Estudamos ir ao Supremo
Tribunal Federal com um mandato de segurança para garantir que todos possam
votar, recadastrados ou não, pois esse problema foi gerado pelo TRE, que nos
levou a essa situação, e não do povo, que foi a única vítima dessa manobra.
* Rivaldo Soares é suplente de
deputado e membro do diretório regional do PMDB.
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