Do G1 BA e do G1 SP
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imagem: academiamalhacao.com.br |
Um quadro revelado pela pesquisa Vigitel (Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico),
divulgada pelo Ministério da Saúde na última terça-feira (10), entre os homens,
quanto maior o nível de escolaridade, maiores são os índices de obesidade e
excesso de peso. Entre as mulheres, quanto maior o nível de estudo, menores são
as taxas de sobrepeso.
De acordo com o estudo, quase metade da população
brasileira está acima do peso: o percentual passou de 42,7% em 2006, para 48,5%
em 2011. No mesmo período, a proporção de obesos subiu de 11,4% para 15,8%.
Entre os homens com oito anos de escolaridade ou menos, 51% têm excesso de
peso. O número salta para 60% quando a escolaridade aumenta para 12 anos ou
mais. O índice de obesidade sobe um pouco, de 16% para quem tem oito anos ou
menos de estudo para 17% para quem foi à escola por ao menos 12 anos.
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imagem: tvtelinha.com |
Nas mulheres, o movimento é oposto: 52% das que tem oito
anos ou menos de escolaridade estão acima do peso e 20% são consideradas
obesas. Quanto o nível de estudo aumenta para 12 anos ou mais, o índice de
sobrepeso cai para 35% e o de obesidade para 11%.
O levantamento revela que o sobrepeso é maior entre a
população masculina. Mais da metade dos homens – 52,6% – está acima do peso
ideal, enquanto 44,7% das mulheres apresenta sobrepeso.
Refrigerante
Os dados do Ministério da Saúde indicam 29,8% dos
brasileiros consomem refrigerantes pelo menos cinco vezes por semana. Por outro
lado, apenas 20,2% ingere a quantidade recomendada pela Organização Mundial de
Saúde de cinco ou mais porções por dia de frutas e hortaliças.
Especialistas
Segundo o endocrinologista Marcio Mancini, chefe do grupo
de obesidade do Hospital das Clínicas, de São Paulo, a preocupação das mulheres
de maior escolaridade com o peso já vem sendo relatada há pelo menos 20 anos no
país, em especial entre as moradoras de maior poder econômico do sudeste. A
causa seria a inserção da mulher no mercado de trabalho.
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imagem: blogdogabrieldiniz.com |
“A mulher longe do ambiente doméstico fica menos exposta
a situações que a levam a engordar. Em casa é ela quem prepara a comida, dá de
comer às crianças,” afirma Mancini.
Já para o endocrinologista Walmir Coutinho, o acesso à
informação é que faz as mulheres terem mais consciência dos problemas da
obesidade. “A maior escolaridade está ligada ao maior acesso a informação e a
alimentação saudável. Mas isso não está funcionando nos homens," diz ele.
Segundo os dados da pesquisa do Ministério da Saúde, ao
contrário das mulheres na mesma faixa, os homens com maior escolaridade tendem
a ter um peso maior. O que, para Mancini, mostra que os homens brasileiros mais
escolarizados ainda seguem uma tendência típica de países subdesenvolvidos ou
em desenvolvimento. “Nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha isso é exatamente
o contrário. Quem é muito obeso? São as pessoas com baixo fator educacional,”
afirma.
Não há uma explicação exata da causa dessa inversão entre
os homens, segundo os médicos. Uma explicação, afirma Mancini, pode ser uma
tendência de mudar a dieta para pior conforme se ganha mais dinheiro.
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imagem: audienciadetv.blogspot.com |
“A hora que a população com menor nível de informação
começa a ter mais acesso econômico, ela aplica na alimentação de uma forma
errada. Nos próximos anos o que vai acontecer no Brasil é que haverá o aumento
da obesidade na população mais pobre e miserável”.
Já para Coutinho é difícil interpretar essa inversão de
valores sem levar em conta fatores culturais e padrões de atividade física.
“Homens que trabalham, comem mais fora de casa, estão mais sujeitos a comer de
maneira menos saudável. Talvez isso seja algo a se considerar”.
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