Do Mundo Bit
imagem: eremptm.wordpress.com |
É o sonho
dourado de educadores e alunos do século 21: cada adolescente com seu próprio
tablet, carregado com material didático digital, e ainda podendo compartilhar
informações, usar dispositivos eletrônicos para ampliar a experiência de ensino
e ter acesso instantâneo à informação. Tudo a favor da construção do
conhecimento numa sociedade que tem nisso sua maior moeda. É um sonho que pode
estar começando a se tornar realidade com a introdução dos tablets híbridos do
programa Aluno Conectado, do governo do Estado. A partir deste mês, 152 mil
alunos de escolas públicas do 2º e 3º ano do ensino médio receberão o
equipamento da Digibras, divisão da CCE, comprados por R$ 629 cada. Mas será
que só o equipamento basta para revolucionar a educação no Estado, como deseja
o governo? As informações são do Jornal do Commercio.
Tudo vai
depender do conjunto de softwares que virá embarcado no equipamento?, analisa o
professor de química da rede estadual e graduando em ciência da computação
Afonso Feitosa. Para ele, é preciso, de cara, deixar mais claro quais serão os
dispositivos embutidos nas máquinas para que os professores comecem a planejar
a utilização em sala de aula. ?Até agora esses softwares são um mistério. E
isso faz toda a diferença, porque um computador, por si só, não muda nada. O
que tem que mudar é o uso do equipamento na educação?, afirma
O professor
mostra preocupação também com relação à conectividade nas escolas. ?Também não
adianta nada ter uma ferramenta dessas e não ter internet na escola. E tem que
ser de excelente qualidade. Não há condições de num colégio de 700 alunos, por
exemplo, haver uma rede compartilhada de 2 Mbps. Tem que ter pelo menos 30
Mbps?, destaca. Outro ponto levantado pelo professor é a capacitação, que deve
ser aprofundada. ?Se for só para dar aula de Powerpoint não adianta. Tem que
haver imersão profunda nos softwares educacionais que virão na plataforma?,
diz.
Pelo menos
no discurso, a Secretaria de Educação de Pernambuco está em sintonia com a
preocupação dos professores. Segundo o secretário Anderson Gomes, o tablet virá
com um conjunto de 12 softwares educacionais, mais acesso à rede de
acompanhamento da Intel, criadora da plataforma educacional usada no
equipamento da Digibras. Entre eles, estão kits de ciências que podem ser
usados em conjunto com sensores plugados à máquina, como microscópios,
medidores de temperatura e acelerômetros. Também está incluído um software de
reconhecimento de escrita que reconhece até mesmo operações matemáticas.
Segundo Gomes, a expectativa é que todo material didático usado nas escolas
seja digital ainda este ano.
No quesito
capacitação, o plano da secretaria é que todos os professores diretamente
envolvidos no projeto recebam treinamento da Intel. Os cursos começaram há uma
semana. ?Primeiro vamos mostrar como usar a tecnologia dentro da sala de aula.
Depois discutiremos como criar projetos de aula usando a mentalidade e as
ferramentas do século 21?, diz o gerente de definição de plataforma da Intel,
Russell Beauregard, que semana passada esteve no Recife para apresentar a
solução aos gestores da educação de Pernambuco. ?Também queremos fazer uma
capacitação específica nas ferramentas educacionais da Intel?, diz. Todo o
treinamento, segundo o secretário Gomes, será financiado pela divisão de
responsabilidade social da Intel.
Conectividade
é o elo mais frágil da equação. Mas, segundo Gomes, 950 escolas do Estado
estarão conectadas à internet até o fim do ano. ?Hoje temos 400 escolas com
infraestrutura sem fio. Até dezembro conectaremos mais 550?, diz. O cronograma
de implantação segue a mesma lógica da distribuição dos tablets. De início, a
capital e as maiores cidades do litoral receberão os equipamentos e a
infraestrutura de rede.
ENERGIA -
Além de ter que resolver questões como capacitação e a integração entre
professores, alunos e equipamentos, há questões técnicas que complicam ainda
mais a implantação dos tablets híbridos na educação do Estado. Um dos
principais é o fator energético. É que a bateria do computador tem duração de
cinco horas, menos até que a dos netbooks convencionais. No caso de escolas
regulares, a autonomia dos equipamentos pode até ser suficiente na maior parte
do tempo.
Mas e no
caso de escolas com horário integral, como o Ginásio Pernambucano? Ou o que
fazer se o aluno esquecer de dar carga completa no equipamento na noite
anterior à aula? A solução óbvia (ou seja, a inclusão de mais tomadas nas salas
de aula) parece simples, mas requer uma matemática complexa. O impacto dos
tablets na conta de energia das escolas estaduais não foi nem sequer mencionado
no plano dos tablets.
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