Um estudo divulgado nos Estados
Unidos pelo Centro de Ciência de Interesse Público (CSPI, na sigla em inglês),
nesta terça-feira (26), mostra que as latas do refrigerante Coca-Cola vendidas
no Brasil têm a mais alta concentração da substância 4-metil imidazol (4-MI),
que, em altas quantidades, poderia levar ao câncer.
As latinhas analisadas no país
apresentaram 267 mcg (microgramas) de 4-MI por 355 ml de refrigerante. A
substância é usada na fabricação do corante caramelo. Pelas normas brasileiras,
estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seu uso é
permitido, "desde que o teor de 4-metil imidazol não exceda no mesmo a 200
mg/kg".
(Correção: ao ser publicada, esta
reportagem apresentou a medida mg, miligrama, em vez de mcg, micrograma, ao se
referir às quantias da substância avaliada no estudo. Após alerta de leitores,
o erro foi corrigido às 20h59.)
O valor encontrado nas latinhas
brasileiras está abaixo do limite da Anvisa, mas é o mais alto entre os países
analisados. O Quênia fica em segundo lugar, com 177 mcg de 4-MI por 355 ml,
seguido por Canadá (160 mcg), Emirados Árabes Unidos (155 mcg), México (147
mcg), Reino Unido (145 mcg), Estados Unidos (Washington - 144 mcg), Japão (72
mcg) e China (56 mcg).
A pesquisa foi feita pelo mesmo
instituto de pesquisas que, em março fez o mesmo alerta para a substância em
latinhas de refrigerante encontradas na Califórnia. Depois disso, a Coca-cola
alterou sua fórmula e a taxa de 4-Mi local caiu para 4 mcg por 355 ml.
De acordo com a Coca-Cola, a
quantidade da substância 4-MI presente no corante caramelo utilizado dos
produtos é "absolutamente segura". A empresa afirma que "os
índices do ingrediente apontados em amostra brasileira de Coca-Cola pela recente
pesquisa do CSPI (Center for Science in the Public Interest) estão dentro dos
padrões aprovados pela Anvisa".
A companhia informou que não vai
alterar sua fórmula mundialmente conhecida. "Mudanças no processo de
fabricação de qualquer um dos ingredientes, como o corante caramelo, não tem
potencial para modificar a cor ou o sabor da bebida. Ao longo dos anos já
implementamos outras mudanças no processo de fabricação de ingredientes, no
entanto, sem alterar nossa fórmula secreta", informou a empresa, via nota.
Ainda segundo a Coca-Cola Brasil,
seus produtos são fabricados dentro das normas de segurança e a empresa
continuará a seguir orientações de "evidências científicas sólidas".
Toxicologista explica efeito
Em março, o toxicologista Anthony
Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da
Universidade de São Paulo (Ceatox), explicou ao G1 que a substância se mostrou
tóxica para ratos e camundongos na concentração de 360 mg/kg, que é pouco menos
que o dobro do limite legal no Brasil.
O especialista explicou que o
órgão mais exposto ao câncer nesses animais foi o pulmão. O fígado também ficou
sujeito a diversas alterações, incluindo câncer. Além disso, foram registradas
mudanças neurológicas, como convulsões e excitabilidade.
Do G1, em São Paulo
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