Do G1 PE
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A cada 100 famílias
abordadas, apenas 45 autorizam a doação de órgãos de um parente morto, de
acordo com a Central de Transplantes de Pernambuco. Esses dados mostram que
muita gente ainda resiste em doar órgãos e, às vezes, não lembram que há muitas
pessoas na fila de espera para ter a vida salva. Somente no estado, existem
1889 pessoas cadastradas em listas de espera de transplantes.
De acordo com a
coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Noemy Gomes, é
importante falar sobre o assunto para tranquilizar as famílias. "Existe
uma grande necessidade de manter o corpo íntegro após a morte e há um receio de
que o corpo fique mutilado após doação", conta a coordenadora. Ela explica
que essa deformação não existe e há muito respeito na hora de recompor para o
velório e enterro.
"Quando existe a
retirada da córnea, uma prótese plástica é colocada no local do globo ocular.
Na doação de órgãos, a cirurgia é grande, mas o falecido fica devidamente
fechado e coberto com um curativo e as roupas. No caso da doação de pele, ela é
retirada de áreas que não ficam expostas", afirma Noemy. Também é possível
doar órgãos ainda em vida como os rins e pulmões, que são duplos; fígado,
porque pode se regenerar; e medula óssea.
A força da alegria
Com três anos de idade, o
pequeno Nelsinho precisou de sessões de quimioterapia por mais da metade de sua
vida para vencer a Leucemia Linfoblástica Aguda, um tipo de câncer nas células
brancas do sangue, responsáveis pela defesa do organismo. Ele e a mãe, Madriara
Santos, moram em Caruaru, no Agreste, e viajam 130 quilômetros até o Recife a
cada quinze dias para fazer quimioterapia. Agora, o corpo do garoto não
responde tão bem aos tratamentos e ele precisa de doação de medula óssea.
"Na família, ninguém
foi compatível, nem pai nem mãe. Ele não tem irmãos consanguíneos. A chance de
continuar a vida pode estar na medula dessa pessoa que for doar para o meu
filho", diz Madriara.
Nelsinho, no entanto, não
deixa de ser alegre e brincar o tempo inteiro. O estado de espírito ajuda a mãe
a ter forças para lutar, com ele, pela cura. "Ele é uma criança muito
positiva. Enfrentou problemas muito sérios, tratamentos difíceis, dolorosos
demais. Houve momentos críticos e ele superou", diz Madriara.
Ela conta que, um dia,
ele ficou muito abalado por uma forte sessão de quimioterapia mas logo, logo
abriu o sorriso novamente. "Assim que ele se recuperou, levantou a mão e
comecou a dançar. Ele me dá muita força", afirma.
A médica explica que a situação
dele é muito delicada. "Com a não-resposta e duas recaídas, a quimio hoje
já não oferece a cura. As células doentes do sangue vão se tornando resistentes
à medida que o tempo vai passando e ele vai recebendo remédios", explica a
médica Adriana Morais. A família recebe apoio do Grupo de Ajuda à Criança com
Câncer (GAC), onde atualmente outras 23 pessoas estão à espera da doação de
medula óssea.
O Redome é o cadastro de
candidatos à doação de medula óssea e o Rereme, de cadidatos à recepção. Quando
uma pessoa do Rereme é compatível com outra do Redome, elas são convocadas para
fazer testes mais específicos para confirmar a compatibilidade. No entanto,
muitas pessoas desistem de fazer a doação quando são chamadas ao Hemope para
realizar estes exames precisos. "É muito importante que as pessoas que
estejam cadastradas no Redome saibam por que elas estão ali. São candidatas a
doar para qualquer pessoa, em território nacional ou internacional",
afirma a coordenadora Noemy Gomes.
Quem quiser maiores
informações sobre como se cadastrar para ser doador, a Central de Transplantes
pode tirar dúvidas através do telefone 0800.281.2185. É importante que a pessoa
não desista.
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