Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Infectologia Emílio
Ribas, em São Paulo, mostrou que 26% das mulheres com o vírus HIV sofrem de
depressão. O principal motivo, apontado pelas mulheres, foi a falta de suporte
afetivo de parentes e amigos.
O estudo ouviu 120 mulheres com aids, de 35 a 50 anos de
idade. Do total, 60% disseram ter tido algum quadro de depressão logo após
terem recebido o diagnóstico da doença. “Essa prevalência [de depressão entre
mulheres com HIV] é cerca de duas vezes maior que a encontrada na população em
geral. Isso mostra o quanto a infecção por HIV é um fator associado à depressão
e o quanto essa população é vulnerável, precisando de uma atenção especial para
esse aspecto da saúde mental”, disse a psiquiatra Valéria Mello, autora do
estudo
“O fato de estarem com HIV e o fato de saberem que estão com
HIV já é um fator de estresse muito grande. E tem também o fato de já terem
adoecido. A maioria das mulheres que estava deprimida já tinha ficado doente”,
explicou Valéria.
A maioria das mulheres, de acordo com Valéria, revelou ter
um relacionamento estável. E mais da metade delas afirmou ter sido contaminada
com HIV pelo cônjuge.
Segundo a psiquiatra, que trabalha há mais de dez anos na
área, muitas mulheres com HIV ainda sofrem preconceito, embora o tratamento
tenha avançado. “A parte da saúde mental dessas pessoas é um problema enorme.
Existe ainda muito preconceito, tem o fato das pessoas ainda precisarem tomar
remédios, existem as dificuldades de relacionamento afetivo. São várias
dificuldades que as pessoas que vivem com essa doença vão enfrentando”, disse a
psiquiatra.
Para ajudar as mulheres com a doença, Valéria aconselha
atendimento psicológico nos centros de tratamento das cidades ou que busquem
apoio em organizações não governamentais, onde poderão compartilhar
experiências com quem sofre do mesmo problema.
Entre 1980 e 30 de junho de 2011, foram registrados 212.551
casos de aids no estado de São Paulo, segundo dados do Centro de Referência
DST/Aids de São Paulo. Do total, 67.193 eram em mulheres. De acordo com o
Instituto Emílio Ribas, que oferece apoio psicológico e psiquiátrico para os
pacientes com HIV e aids, só no ano passado, foram feitas 3,8 mil consultas
psiquiátricas e 11,2 mil atendimentos psicológicos no ambulatório da
instituição.
Da Agência Brasil
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