Votações prosseguem nesta quarta (13) na Capela Sistina, no
Vaticano.
Cardeais escolhem o sucessor de Bento XVI no comando da
Igreja Católica.
Os cardeais reunidos no conclave na Capela Sistina, no
Vaticano, não conseguiram escolher o novo Papa na primeira votação, realizada
nesta terça-feira (12).
A fumaça preta se ergueu da chaminé da Capela Sistina, onde
ocorre a reunião secreta dos cardeais, às 19h41 locais (15h41 de Brasília),
segundo o Vaticano, durante vários minutos, indicando que nenhum participante
obteve a maioria de dois terços dos votos necessária para eleger o novo
pontífice.
O público que estava na Praça de São Pedro, sob chuva e
frio, e que esperava a fumaça branca e os sinos que indicariam a escolha de um
novo Papa recebeu a fumaça preta produzida pela queima dos votos dos cardeais
com decepção. Logo depois, a praça ficou vazia.
Com o fim da primeira votação, os cardeais seguem confinados
na Casa de Santa Marta, e o conclave para eleger o sucessor de Bento XVI
continua nesta quarta-feira, com duas votações pela manhã e outras duas à
tarde, ou até que um dos participantes obtenha os 77 votos necessários ou mais
para ser escolhido o novo Papa.
A eleição do novo pontífice ocorre após a surpreendente
renúncia do agora Papa Emérito Bento XVI, anunciada em 11 de fevereiro e
efetivada em 28 de fevereiro, e que criou uma situação praticamente inédita
para a Igreja moderna, em que dois pontífices, um atuante e outro
"aposentado", devem coabitar o Vaticano, a poucos metros um do outro.
O alemão Josef Ratzinger deixou o cargo após oito anos de um
pontificado marcado por crises e divisões internas.

O cardeal brasileiro Dom Odilo Pedro Scherer é citado, pela
imprensa e por analistas, como um dos cotados para ser o novo Papa, ao lado do
italiano Angelo Scola, mas a previsão é de a eleição difícil, sem favorito
absoluto.
Cardeais ouvidos pela agência Reuters nesta terça afirmaram
que a decisão poderia levar cerca de 5 dias.
Segundo informou o padre Federico Lombardi, porta-voz do
Vaticano, pouco depois de fecharem as portas da capela, os cardeais que
entraram na Capela Sistina para eleger o novo Papa estão "em muito boa
forma".
Missa Pro Eligendo Pontifice
Mais cedo, Dom Angelo Sodano, cardeal decano da Igreja
Católica, apelou pela "colaboração" e pela "unidade" dentro
da Igreja, durante a missa Pro Eligendo Pontifice, que precedeu o conclave.
Todos os cardeais presentes em Roma, eleitores ou não, participaram
na cerimônia, uma das mais intensas dos últimos anos. Eles entraram na Basílica
de São Pedro com semblante sério e concentrado.
Sodano exortou os cardeais a "colaborar para edificar a
unidade da Igreja" e "cooperar com o sucessor de Pedro".
"Estamos convocados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível
de tal unidade eclesiástica', afirmou o influente cardeal.
"Eu os exorto a se comportarem de maneira digna, com
toda humildade, mansidão e paciência, suportando-se reciprocamente com amor,
tentando conservar a unidade do espírito por meio do vínculo da paz",
disse Sodano, em referência à carta de São Paulo aos Efésios.
Ao ser citado pelo cardeal decano, o Papa Emérito Bento XVI,
que está repousando na residência papal de verão em Castel Gandolfo, foi
bastante aplaudido.
Sodano afirmou que o pontificado de Bento XVI foi
"luminoso" e expressou a gratidão dos cardeais ao Papa Emérito,
pedindo a Deus que dê "outro bom pastor à sua Santa Igreja".
"Queremos agradecer ao Pai que está nos Céus pela amorosa assistência que
sempre reserva a sua Santa Igreja e em particular pelo luminoso pontificado que
nos concedeu com a vida e as obras do 265º sucessor de Pedro, o amado e
venerado pontífice Bento XVI, ao qual neste momento renovamos toda a nossa gratidão",
disse.
No sermão, o cardeal também citou os Papas João Paulo II e
Paulo VI, alem de lembrar o trabalho importante da Igreja nos últimos anos, que
tem impacto não apenas entre os fieis, mas em diferentes culturas.
“Oremos para que o próximo Papa possa continuar esse
incessante trabalho de nível mundial”, afirmou.
Cardeais concentrados
A missa atraiu principalmente pessoas ligadas à Igreja, como
seminaristas, padres e freiras, e também fiéis. Dentro da Basílica, todos
estavam muito atentos às orações e respeitosos aos ritos.
O máximo de conversa ouvida durante a missa foi a tradução
das palavras para outros idiomas entre pessoas próximas – a missa foi celebrada
basicamente em latim e italiano, com a primeira leitura em inglês e a segunda
em espanhol-, além de orações dos fieis em cinco outros idiomas, incluindo o
português.
Para conseguir um lugar sentado – especialmente perto do
altar, onde ficaram os cardeais – foi preciso acordar cedo.
Às 9h, uma hora antes do início da missa, todos os lugares
sentados já estavam ocupados. Muitas pessoas ficaram em pé nas laterais. Pouco
antes do inicio da missa, o rosário foi rezado em latim.
Na entrada dos cardeais, nem mesmo os religiosos tiveram
cerimônia – centenas de câmeras fotográficas e celulares foram levantados para
registrar imagens dos homens que irão eleger o próximo pontífice a partir desta
tarde. Quase todos os cardeais entraram concentrados, com semblante sério.
Alguns, entretanto, se destacavam – foi o caso do brasileiro
Dom João Braz de Aviz, que entrou e saiu muito sorridente, visivelmente
emocionado, olhando os fieis nos olhos e cumprimentando-os com o olhar.
O norte-americano Timothy Dolan, arcebispo de Nova York
,também era só sorrisos na entrada e na saída dos cardeais – ele chegou ate a
arriscar acenos para os fiéis.
Fonte: G1
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