sábado, 13 de julho de 2013

Família de gêmeos siameses unidos pelo abdômen contam com solidariedade


Fotos: Jedson Nobre/Folha de Pernambuco
A chegada de uma criança sempre vem acompanhada de muitas transformações, mas para uma família da Zona Norte do Recife, estas mudanças foram ainda maiores. As duas novas pequenas vidas geradas pela dona de casa Karine Ramos de Medeiros, de 26 anos, surpreenderam a todos, após a constatação de que se tratava de gêmeos siameses. 

O choque foi ainda maior ao saber que os bebês estavam unidos pelo abdômen. Apesar da felicidade com a chegada dos recém-nascidos, os pais, que já têm outros dois filhos, se mostram bastante preocupados em relação ao futuro. Sem dispor de condições financeiras, o casal morador do Alto Santa Terezinha espera contar com a solidariedade da população.


 “Foi como se o mundo tivesse caído sobre a minha cabeça. Tinha visto casos assim apenas pela televisão e não conseguia acreditar que isto poderia acontecer com meus próprios filhos. O médico tentou me acalmar, mas, aos cinco meses de gestação, eu só conseguia chorar”, desabafa a mãe, enquanto mostra a casa simples, com dois cômodos, localizada em uma escadaria da comunidade. O pequeno Davi e seu irmão Saulo estão ligados pelo fígado e aguardam um procedimento cirúrgico no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), onde nasceram.

O auxiliar de logística, Wilton Carlos da Silva, de 30 anos, pai das crianças, está desempregado e revela que a família enfrenta muitas dificuldades. “Minha única fonte de renda tem sido alguns biscates, que acabo fazendo para conseguir trazer algum dinheiro para casa”, conta. Produtos como fraldas descartáveis, lenços umedecidos, pomadas de assadura e roupas infantis, estão entre as maiores necessidades no momento, mas a alimentação também é um grande desafio para quem precisa suprir seis pessoas. “Os meninos não conseguem mamar e estão tomando um leite muito caro, em torno de R$ 35, uma única lata. Precisamos de praticamente tudo, de mantimentos a produtos de higiene. Toda esta situação me faz perder o sono”, lamenta o genitor.



Com cerca de nove quilos cada, as crianças trazem consigo uma aparência saudável. A pele corada e os cabelos bem escuros chamam a atenção de quem chega para visitá-los. Após passarem cerca de 30 dias na incubadora, os bebês completam, neste sábado (13), dois meses de vida. De acordo com a mãe, uma consulta com um cirurgião já está agendada para a segunda-feira (15), onde ela espera obter os primeiros direcionamentos sobre o tratamento.

“Como toda criança eles dormem muito e acordam na hora errada. Minha dificuldade é maior porque tudo é dobrado. Quando um chora o outro acompanha, e quando Davi suja a fralda, Saulo faz a mesma coisa”, conta Karine. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, não existem dados oficiais sobre partos de siameses em Pernambuco.

Procurado pela reportagem do FolhaPE, o IMIP informou que, até o momento, os exames indicaram apenas o compartilhamento do órgão hepático. Qualquer alteração orgânica só poderá ser verificada na cirurgia para separação anatômica das crianças. Ainda de acordo com o órgão, a equipe médica realizará uma avaliação e marcação de um procedimento para colocar um expansor de pele. Após esse procedimento, estima-se cerca de um mês para que a separação definitiva possa ser realizada.

► Quem quiser ajudá-los com doações pode entrar em contato com a família:

Fones: (81) 8746.8877 / 8320.0659


FolhaPE

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