Brasília – A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) voltou a
suspender a venda de 246 planos de saúde de 26 operadoras, como punição por
descumprimento da legislação. A medida foi tomada depois de o presidente do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, suspender liminares
concedidas a favor das operadoras e decidir pela manutenção do sistema da ANS
usado para avaliar os planos de saúde, baseado em reclamações de consumidores.
A medida não afeta clientes que usam atualmente os planos punidos.
A determinação do STJ, comunicada
hoje à ANS, sobrepõe-se a liminares dos tribunais regionais federais (TRF) da
2ª Região (no Rio de Janeiro) e da 3ª Região (em São Paulo), que questionaram o
sistema de avaliação da agência reguladora e determinaram a suspensão da
punição aplicada às operadoras. As liminares foram concedidas pelos tribunais à
Federação Nacional de Saúde Complementar (FenaSaúde) e à Associação Brasileira
de Medicina de Grupo (Abramge).
Para o presidente do STJ, as
liminares anteriores violam o princípio da presunção de legitimidade dos atos
administrativos trazendo "risco de grave lesão à ordem pública e à saúde
de uma imensa coletividade".
Ele acrescentou que não cabe ao
Judiciário estabelecer a forma como devem ser executadas as normas que
regulamentam a atividade da agência. “Desta forma, tenho que as decisões
impugnadas alteraram aspectos de procedimentos internos da agência que,
certamente, nasceram para proteger com maior eficácia o consumidor em
importante aspecto da vida, qual seja, a saúde”, disse Fischer, em nota.
No dia 20 de agosto, a agência
determinou a suspensão da venda de 212 planos de saúde de 21 operadoras por
três meses. A determinação ocorreu porque as operadoras descumpriram prazos de
atendimento para consultas, exames e cirurgias e também por negativa de
procedimentos da cobertura obrigatória, após o sexto ciclo de monitoramento da
ANS. Somaram-se à lista de planos com venda suspensa, mais 34 planos de cinco
operadoras que já tinham sido punidas em processo de avaliação anterior. Com
isso, 246 planos estavam impedidos de ser vendidos pelas operadoras.
No mesmo dia do anúncio da
punição, a FenaSaúde ingressou com ação judicial alegando que identificou
“equívocos no processo de monitoramento dos prazos de atendimento aos
beneficiários de planos”. Ainda no dia 20 de agosto, o TRF da 2ª Região deferiu
liminar determinando revisão das reclamações usadas pela ANS para avaliar a
proibição da venda de cada plano. Portanto, até ontem (8) a punição não estava
valendo.
Mesmo com a nova decisão do STJ,
o diretor-presidente da ANS, André Longo, anunciou hoje (9), em nota, que a
agência reguladora vai criar um Grupo Técnico do Monitoramento da Garantia de
Atendimento, com o objetivo de aprimorar permanentemente a metodologia de avaliação.
O novo grupo será constituído de imediato, com representantes de cada entidade
representativa das operadoras de planos de saúde, de defesa dos consumidores e
com técnicos da agência.
O resultado do sexto ciclo de
monitoramento, que agora é retomado, refere-se à avaliação que ocorreu entre 19
de março e 18 de junho de 2013. Das 553 operadoras com pelo menos uma
reclamação sobre o não cumprimento dos prazos máximos para atendimento ou
de negativa de cobertura registrada
nesses três meses, 523 são médico-hospitalares e 30 voltadas exclusivamente à
assistência odontológica. A ANS alerta os consumidores a não contratar os
planos punidos e denunciar se receberem ofertas.
Agência Brasil
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