quarta-feira, 16 de abril de 2014

Reajustes na luz em outros estados são mau presságio

Se depender das últimas decisões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conta de luz dos pernambucanos deverá, realmente, ficar bem mais salgada. No Rio Grande do Norte, abastecido pela Cosern, o reajuste aprovado foi de 11,01%. 

Em Sergipe, de responsabilidade da Energisa Sergipe, o valor chegou a 11,83%. O acréscimo aprovado para a Coelba, na Bahia, atingiu 14,82%. O maior deles, no entanto, foi para o Ceará. A Coelce poderá reajustar sua tarifa em 16,55%. Por aqui, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) solicitou um acréscimo de 18,13%, conforme antecipado pela Folha de Pernambuco. O índice final será divulgado pela Aneel, na próxima terça-feira, e entrará em vigor no dia 29.

Para o reajuste das tarifas, a Aneel considera fatores como o pagamento de encargos setoriais, a atualização do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) dos últimos 12 meses e os custos que a distribuidora teve com o transporte e com a compra de energia. Este último item é o principal argumento da Celpe para a solicitação do seu reajuste. Com uma variação anual de 16,9%, o gasto da concessionária com a compra de energia saltou de R$ 1,7 bilhão para R$ 2,06 bilhões. O montante foi responsável pelo acréscimo de 9,6% no percentual solicitado.

Na opinião do engenheiro membro do Instituto Ilumina Antônio Feijó os altos reajustes são resultados da política adotada pela presidente Dilma Rousseff em 2012, quando a Medida Provisória 579 foi promulgada. O problema, acrescentou Feijó, se agravou com a queda na produção de energia hidrelétrica, que culminou no acionamento das térmicas, mais caras. “Houve a redução da conta, mas sabíamos que aquilo seria artificial e momentâneo. O Brasil adota o modelo mercantil, que privilegia o fato de as empresas ganharem dinheiro, ao invés da prestação de serviço público propriamente dita”, comentou. A tendência é de que os aumentos se estendam, ainda, pelos próximos anos.

A solicitação do reajuste deixou muita gente insatisfeita. “Não existe nenhuma indústria que trabalhe sem energia. A produção de algumas delas, no entanto, demandam ainda mais. Elas se tornarão menos competitivas, visto que o aço importado será mais barato do que o nacional”, criticou o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, Ricardo Essinger.

Para o diretor Executivo da Associação dos Lojistas de Shopping de Pernambuco, Ricardo Galdino, o comércio sofrerá ainda mais, uma vez que o semestre não está sendo bom para o setor. “Não poderemos repassar isto para o consumidor e vamos ter prejuízo”, ressaltou. “Isto pesa nos custos das lojas. Em 2012, Dilma disse que a energia não iria subir. Como agora vai subir 18%?”, questionou o presidente da CDL, Eduardo Catão.

Composição - Os custos gerenciáveis pela Celpe, como manutenção de rede e cobranças de contas, serão responsáveis pelo aumento de 1,93% na tarifa. Os 16,2% restantes são referentes aos custos não gerenciais.


Folha de Pernambuco

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