![]() |
Imagem: Domingos Sávio |
Antes de decidirem parar
atividades, profissionais realizaram passeata pelas principais vias do Centro
Policiais e bombeiros militares
decidiram entrar em greve por tempo indeterminado em todo o Estado na tarde
desta terça-feira (13). A decisão foi tomada em conjunto por uma multidão de
profissionais da classe do lado de fora do Palácio do Campo das Princesas após
reunião com os secretários da Casa Militar, coronel Mário Cavalcanti, e da Casa
Civil, Luciano Vásquez. As lideranças do movimento disseram que, apesar de os
gestores terem se comprometido a levar as reclamações das categorias ao
governador João Lyra Neto, nenhum prazo ficou acertado.
Nesta quarta-feira (14), às 10h,
no mesmo local, os militares farão uma nova assembleia. Na ocasião, será
definido se, durante a paralisação, eles ficarão aquartelados ou acampados em
frente à sede do Governo estadual como forma de pressionar uma análise mais
criteriosa das reivindicações. Por ora, no entanto, já foi decidido que as
rondas policiais, o policiamento a pé e de moto, bem como serviços do Batalhão
de Choque e dos grupamentos da Ronda Ostensiva com o Apoio de Motocicletas
(Rocam) serão interrompidos. Não devem ser afetados os atendimentos do Hospital
da Polícia Militar e as ocorrências de flagrante.
O policial militar Joel da Harpa,
um dos líderes da mobilização, explicou que as categorias têm o direito de
começar a paralisação já nesta terça-feira porque os profissionais já estão em
estado de greve há duas semanas. "Por isso, não precisamos esperar as 72
horas que a lei determina. E essa já foi a segunda reunião que tivemos com o
Governo. Todos já estavam cientes dessa possibilidade", afirmou.
O secretário da Casa Civil,
Luciano Vásquez, por sua vez, disse que todos os pontos reivindicados pelas
categorias e pactuados anteriormente estão sendo rigorosamente cumpridos pelo
Estado. Um dos aspectos se refere a um aumento de 14,55% na folha de pagamento
do próximo mês. Os militares, porém, pedem um incremento de 50% no salário de
tenentes e soldados e de 30% no de oficiais. "Não estamos em falta com
nada. O acordo firmado para o período 2012-2015 está sendo cumprido",
defendeu o secretário, garantindo que a ordem pública será mantida durante a
paralisação.
Antes de votarem a favor da
greve, policiais e bombeiros militares de todo o Estado realizaram uma passeata
pelas principais ruas e avenidas do Centro do Recife. Mesmo sob chuva, o
movimento foi crescendo consideravelmente ao longo das horas. A caminhada
começou na Praça do Derby, pouco depois das 14h30, e seguiu pela avenida Conde
da Boa Vista, que ficou interditada no sentido Centro. Agentes da Companhia de
Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) acompanharam a mobilização.
Entre os principais pontos
presentes na pauta de reivindicações, além da aprovação de subsídio salarial
com início previsto para janeiro de 2015, constam a implantação de um plano de
cargos e carreira com base em tempo de serviço (com o militar sendo promovido
automaticamente por tempo de serviço) e a reestruturação do Centro
Médico-Hospitalar (CMH) dos bombeiros e policiais militares.
De acordo com o Governo do
Estado, esses pontos são novos e serão analisados por uma comissão
multissetorial, que envolve as secretarias de Administração, de Defesa Social,
de Planejamento e Gestão e da Fazenda, além dos comandos da Polícia Militar e
do Corpo de Bombeiros.
Transtornos
Pedestres e passageiros de ônibus
tiveram dificuldades para chegar ou sair do Centro do Recife por conta do ato,
que envolveu milhares de policiais e bombeiros. A operadora de telemarketing
Luanny Mendonça foi somente uma entre tantas pessoas que estavam à espera de
ônibus que não conseguiam chegar até as paradas. "Acho que eles
(manifestantes) têm razão nas queixas que fazem, mas não deveriam fazer o
protesto dessa forma, atrapalhando quem não tem nada a ver. Eles deveriam ir
direto ao ponto que eles querem, que é chegar ao Palácio (do Campo das
Princesas), sem interditar o trânsito", reclamou, durante a passagem dos
manifestantes pela avenida Conde da Boa Vista.
Já a vendedora Silvana Souza
temia pela segurança no caminho para casa. "Moro na Mangabeira (Zona Norte
da Capital) e, em alguns horários, já é bastante perigoso. Imagina se os
policiais entrarem em greve? Só espero que a população não seja a que mais
sofra com tudo isso", opinou.
Boatos
Após a decisão da greve dos
policiais e bombeiros, boatos sobre possíveis arrastões já proliferam nas redes
sociais. Pelo Twitter, Facebook e mensagens no WhatsApp, informações dão conta
de movimentações de bandidos principalmente na avenida Conde da Boa Vista, no
bairro do Pina e em Boa Viagem. Entretanto, nenhuma delas é confirmada. De
acordo com fontes do Governo, não foram registradas ações criminosas em grupo
na noite desta terça-feira.
Folha PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário