quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Comissão da Verdade de Pernambuco lança livro e lembra casos de estudantes perseguidos pela ditadura

A Comissão Estadual da Memória e Verdade de Pernambuco promove, nesta quarta-feira (17), às

19h, na Faculdade de Direito do Recife, o lançamento do livro Habeas Corpus perante o Superior Tribunal Militar (1967 a 1968),  da Companhia Editora de Pernambuco - CEPE. O livro é assinado pelo doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e advogado criminalista, Roque de Brito Alves. A cerimônia faz parte da programação de reabertura do semestre letivo de 2014.2, que terá Aula Inaugural proferida pelo coordenador da Comissão, Fernando Coelho, sob o título “A Lei de Anistia: 35 anos depois”.

A solenidade também oferece a exposição “A repressão atinge as Universidades”, com a exibição do Decreto 477/69. Conhecido como o “AI-5 dos estudantes e universidades”, a resolução punia professores, alunos e funcionários, das instituições de ensino, acusados de subversão ao regime. A mostra traz inclusive dossiês de alunos na mira da repressão militar, com documentos encontrados nas secretarias das Universidades Federal, Federal Rural de Pernambuco (UFPE/UFRPE) e Católica (Unicap), além de matérias de jornais da época, fotografias e panfletos.

A obra de Roque de Brito Alves retrata toda a documentação original do autor. Compõe-se de peças com dezessete pedidos de habeas corpus para ex-presos políticos de Recife e Natal, inclusive ex-alunos da Faculdade de Direito do Recife. Impetrados junto ao Superior Tribunal Militar, durante os anos de chumbo da Ditadura (1967- 1968), a coleção de habeas corpus traz também oito Acórdãos proferidos pelo STM. Segundo Roque de Brito Alves, sobre os réus prevaleciam a pecha de “agitadores da ordem político-social, simpatizantes do comunismo, esquerdistas, ativistas, pregadores de ideias de caráter subversivo e agitadores do meio estudantil”.

Dentre os casos analisados pelo livro, consta a história do advogado e jornalista Artur Eduardo de Carvalho. Professor do Serviço de Extensão Cultural da UFPE, o advogado incorporava, a serviço da alfabetização de adultos, a equipe do educador Paulo Freire. Com a instauração do Golpe de 64 e a desarticulação do SEC, Artur Carvalho fora transferido para o Instituto Seccional de Ensino Secundário, no centro do Recife. Lá foi preso e conduzido ao Presídio do Forte das Cinco Pontas, à presença do Major Manoel Paes, a fim de responder ao Inquérito Policial Militar (IPM).

“À época, outros nove professores do SEC também foram detidos. Carvalho permaneceu no cárcere por pouco mais de quatro meses. Fomos acusados pelo major de praticarmos a maior subversão da qual se tem notícia nas universidades brasileiras e de praticarmos marxismo em pílulas. Entretanto, fomos excluídos do processo por justa causa, por absoluta inexistência de indícios de subverção”, recordou Artur Eduardo.


Diario de Pernambuco com informações da Comissão da Verdade de Pernambuco

Nenhum comentário: