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Até 2013, havia entre 400 e 500
casos documentados da síndrome no mundo, mas número pode ser maior
"Imagine a si mesmo nessa
situação: é o enterro do seu pai e você está ajoelhado ao lado do caixão, se
despedindo para sempre dele. De repente, tem nove orgasmos. Bem aí, com a
família toda de pé atrás de você."
Esse é um dia na vida de Dale
Decker, um americano de 37 anos que sofre da síndrome da excitação sexual
persistente, conhecida pela sigla em inglês PSAS.
Ele desenvolveu o transtorno em
2012, quando feriu uma vértebra em uma pequena queda.
Em uma entrevista ao canal de
internet Bancroft TV, Decker afirmou que a síndrome o faz ter cerca de cem
orgasmos por dia em situações importunas, como em público, no trabalho ou em
frente aos filhos.
"Não há nada de prazeroso
nisso porque apesar de se sentir fisicamente bem, você fica mal pelo que está
acontecendo", disse ele.
"A tal ponto que você não
quer ter um orgasmo nunca mais."
Mais conhecida em mulheres
O caso de Decker expõe uma
síndrome que até agora só era atribuída a mulheres.
"Não conheço nenhum caso
documentado do transtorno em homens", disse à BBC em espanhol Francisca
Molero, vice-presidente da Federação Espanhola de Associações de Sexologia e
autora de um estudo sobre o tema.
"Mas isso não quer dizer que
não os afete, pois há uma lacuna de conhecimento sobre a conexão entre o
cérebro e a resposta genital", afirmou.
"O caso de Dale Decker se
encontra dentro das probabilidades e tem uma interpretação teórica clara",
disse.
Segundo ela, as ereções
espontâneas nos homens "existiram sempre e nunca foram vistas como algo
negativo, mas como sinal de poder masculino". Já a excitação feminina é
vista como algo a se esconder.
Segundo a especialista, até 2013,
havia entre 400 e 500 casos da síndrome documentados no mundo, mas a incidência
deve ser ainda maior.
Causas ignoradas
A síndrome é descrita como uma
sensação de excitação genital sem um desencadeante sexual prévio, que persiste
por períodos prolongados.
As causas do transtorno não são
conhecidas, mas as investigações apontam para um leque de possibilidades:
fatores neurológicos, vasculares, hormonais ou como efeitos secundários de
medicamentos.
Não tem, portanto, a ver com a
hipersexualidade ou com o aumento extremo da libido ou com orgasmos múltiplos.
A situação não desemboca sempre
em um orgasmo e, mesmo que isso ocorra, a sensação não desaparece, explica a
sexóloga.
Além disso, o fato de a sensação
ser percebida pelo paciente como algo intrusivo, alheio a seu próprio desejo e,
portanto, negativo pode intensificar a resposta.
Molero explica o caso com uma
analogia: "É como quando alguém tem um pensamento desagradável e quer
tirá-lo da cabeça. Quanto mais tenta, mais fixa atenção nele". A consequência é que a culpa se
torna inerente à síndrome, na maioria dos casos.
O tratamento mais eficaz é a
terapia cognitiva-sexual, enfocada em objetivos claros, soluções no presente, e
'tarefas de casa' que auxiliem os pacientes a lograr a mudança desejada.
Da BBC Mundo
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