quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Empreiteiras serão denunciadas pelo MPF

O Ministério Público Federal deve denunciar nesta quinta-feira (11) construtoras investigadas na sétima fase da Operação Lava-Jato. Conforme antecipou o Correio, executivos de pelo menos cinco empreiteiras, as próprias empresas e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. As empresas a serem denunciadas serão Camargo Corrêa, OAS, Engevix, Galvão Engenharia e Mendes Júnior, segundo o procurador da força-tarefa da Lava-Jato Carlos Fernando dos Santos Lima. Os investigados serão denunciados por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. É possível, porém, que a denúncia ainda inclua os 11 executivos ainda presos pela Polícia Federal. Acusações de cartel e fraude em licitações devem ficar para outra denúncia.

Ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recebeu a delação premiada do doleiro Alberto Youssef. Ela contém acusações contra políticos com foro privilegiado, como deputados e senadores. O procurador deverá separar as suspeitas dos parlamentares daquelas que serão investigadas pela força-tarefa em Curitiba.

Hoje, ele irá à capital paranaense. Pela manhã, tem uma reunião com os membros da Procuradoria da República no Paraná para tratar de assuntos gerais. Depois, Janot se encontra com a força-tarefa, composta de nove procuradores de várias partes do país que investigam a Lava-Jato com outros analistas. É esperado um anúncio conjunto da denúncia ou da atual fase das investigações.

Entenda o caso
Deflagrada no dia 17 de março de 2014, a operação Lava-Jato da Polícia Federal apura um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro em obras e transações da Petrobras que tem como figura central o doleiro Alberto Youssef e envolve grandes empreiteiras e políticos. Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa foram alvo das primeiras prisões decorrentes da investigação, que já conta com sete fases.

Em abril, o nome do então vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), figurou na lista de suspeitos de atuar de modo a favorecer os negócios ilícitos de Youssef com o governo. Em 28 de maio, foi instaurada no Congresso Nacional a CPI da Petrobras, com participação de deputados e senadores, para identificar os parlamentares que teriam utilizado sua influência para facilitar a atuação de Youssef.

Entre agosto e setembro, tanto o doleiro quanto Paulo Roberto Costa assinaram acordo de delação premiada com o Ministério Público, em que revelaram detalhes do esquema em troca do alívio de suas penas pelos crimes cometidos. Em seus primeiros depoimentos, Costa apontou 12 senadores, 49 deputados federais e pelo menos um governador, o pernambucano Eduardo Campos (PSB), entre os que receberam dinheiro desviado da Petrobras. Ele revelou que havia um esquema de pagamento de propina em obras da estatal, incluindo a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Em uma nova etapa da Lava-Jato, diretores de grandes companhias como Camargo Corrêa, Engevix, OAS e Odebrecht foram presos. Os contratos da Petrobras com as 10 empresas envolvidas no esquema chegam ao valor de R$ 59 milhões. Embora os partidos da base aliada tenham sido os primeiros apontados como beneficiados pelo esquema, as investigações chegaram a nomes da oposição, como o falecido Sérgio Guerra (PSDB), acusado de receber propina para esvaziar uma CPI que teria se formado para investigar a Petrobras em 2009, quando o tucano era senador por Pernambuco e presidente nacional de seu partido.


O juiz federal do Paraná Sérgio Moro é o resposável pelas ações penais decorrentes da operação Lava-Jato que envolvem civis e empresas. Com foro privilegiado, os políticos apontados devem ter seus casos julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Diario de Pernambuco

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