O Ministério Público Federal deve
denunciar nesta quinta-feira (11) construtoras investigadas na sétima fase da
Operação Lava-Jato. Conforme antecipou o Correio, executivos de pelo menos
cinco empreiteiras, as próprias empresas e o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa. As empresas a serem denunciadas serão Camargo
Corrêa, OAS, Engevix, Galvão Engenharia e Mendes Júnior, segundo o procurador
da força-tarefa da Lava-Jato Carlos Fernando dos Santos Lima. Os investigados
serão denunciados por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. É
possível, porém, que a denúncia ainda inclua os 11 executivos ainda presos pela
Polícia Federal. Acusações de cartel e fraude em licitações devem ficar para
outra denúncia.
Ontem, o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, recebeu a delação premiada do doleiro Alberto
Youssef. Ela contém acusações contra políticos com foro privilegiado, como
deputados e senadores. O procurador deverá separar as suspeitas dos
parlamentares daquelas que serão investigadas pela força-tarefa em Curitiba.
Hoje, ele irá à capital
paranaense. Pela manhã, tem uma reunião com os membros da Procuradoria da
República no Paraná para tratar de assuntos gerais. Depois, Janot se encontra
com a força-tarefa, composta de nove procuradores de várias partes do país que
investigam a Lava-Jato com outros analistas. É esperado um anúncio conjunto da
denúncia ou da atual fase das investigações.
Entenda o caso
Deflagrada no dia 17 de março de
2014, a operação Lava-Jato da Polícia Federal apura um grande esquema de
lavagem e desvio de dinheiro em obras e transações da Petrobras que tem como
figura central o doleiro Alberto Youssef e envolve grandes empreiteiras e
políticos. Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto
Costa foram alvo das primeiras prisões decorrentes da investigação, que já
conta com sete fases.
Em abril, o nome do então
vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), figurou na lista
de suspeitos de atuar de modo a favorecer os negócios ilícitos de Youssef com o
governo. Em 28 de maio, foi instaurada no Congresso Nacional a CPI da
Petrobras, com participação de deputados e senadores, para identificar os
parlamentares que teriam utilizado sua influência para facilitar a atuação de Youssef.
Entre agosto e setembro, tanto o
doleiro quanto Paulo Roberto Costa assinaram acordo de delação premiada com o
Ministério Público, em que revelaram detalhes do esquema em troca do alívio de
suas penas pelos crimes cometidos. Em seus primeiros depoimentos, Costa apontou
12 senadores, 49 deputados federais e pelo menos um governador, o pernambucano
Eduardo Campos (PSB), entre os que receberam dinheiro desviado da Petrobras.
Ele revelou que havia um esquema de pagamento de propina em obras da estatal, incluindo
a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Em uma nova etapa da Lava-Jato,
diretores de grandes companhias como Camargo Corrêa, Engevix, OAS e Odebrecht
foram presos. Os contratos da Petrobras com as 10 empresas envolvidas no
esquema chegam ao valor de R$ 59 milhões. Embora os partidos da base aliada
tenham sido os primeiros apontados como beneficiados pelo esquema, as
investigações chegaram a nomes da oposição, como o falecido Sérgio Guerra
(PSDB), acusado de receber propina para esvaziar uma CPI que teria se formado
para investigar a Petrobras em 2009, quando o tucano era senador por Pernambuco
e presidente nacional de seu partido.
O juiz federal do Paraná Sérgio
Moro é o resposável pelas ações penais decorrentes da operação Lava-Jato que
envolvem civis e empresas. Com foro privilegiado, os políticos apontados devem
ter seus casos julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Diario de Pernambuco
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