sábado, 7 de fevereiro de 2015

OPINIÃO: Não vamos pro jogo, meu filho


Por Thiago Wagner

- Pai, me leva ao jogo?
- Não vai dar, filho.
- Por quê?
- Hoje estou ocupado, filho.

- Mas o senhor sempre está ocupado. Nunca fui para o jogo e o senhor sempre fala feliz quando lembra dos jogos que você foi quando mais jovem. Por que não podemos ir?
- (pai respira fundo). Olha, filho. Vou ser sincero com você. Não o levo para campo porque tenho medo que você goste e passe a ir para todos os jogos. E não posso viver com a angústia de ver você sair para as partidas sem saber se você vai voltar.

É claro que o diálogo acima é mais do que fictício. Mas é muito provável que ele já exista (nem que seja em pensamento) em alguma família. A verdade é que a violência está vencendo, e bem, o duelo com a paz no futebol. Sair de casa, seja para ver uma partida ou não, vem se tornando um ponto de interrogação sobre a nossa própria segurança. Não sabemos se o próximo trem que vamos pegar será o último de nossa história.

O grande problema é que ninguém assume a responsabilidade pelo problema da violência no futebol. Um empurra para fulano, que joga para sicrano, que retorna a situação para o primeiro. Enquanto isso ocorre, a população, que curte ou não futebol, sofre não só com o medo de sofrer algum dano corporal, como também material.

Mais incrível nisso tudo é ver como o problema é antigo. Estou no Blog do Torcedor há pouco mais de três anos e já me cansei de escrever sobre a violência no esporte que aprendi a amar um dia. Só para ir nos casos mais simbólicos, lembro da tragédia de Lucas Lyra e do episódio da privada no Arruda. Pelo visto, as autoridades esperam mais uma em 2015 para aparecerem e anunciar as medidas de sempre como o tão sonhado cadastramento de torcedores e o banimento das organizadas. Ações que até agora nunca resolveram.

Enquanto a solução (a que resolva mesmo) não vem, vamos continuar a escrever (e cobrar) contra a violência no futebol. Além disso, veremos cada vez menos filhos nos estádios. Não sou pai ainda, mas não quero viver a angústia de ver meu filho ou filha sair para um jogo e não saber se ele vai voltar do jeito que saiu.


Blog do torcedor 

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